
A 22ª edição do Musik – und Theaterfestival (Festival de Música e Teatro, em alemão) ocorreu na manhã desta sexta-feira (11/7) na Casa da Oase, em Westfália. Cerca 144 alunos oriundos de oito escolas do Vale do Taquari se apresentaram.
A coordenadora da Associação Riograndense de Professores de Alemão (Arpa), professora Angelita Lohmann, aborda a importância dos eventos culturais para o ensino da Língua Alemã. Relembra que, há 22 anos, os vales do Taquari e Rio Pardo iniciaram um festival de música e teatro que se tornou um marco na região. “Já realizamos três edições anuais do festival: uma na região dos Vales, outra na região central, em Porto Alegre, e outra na região Norte, em Cerro Largo”, afirmou.
O festival tem se consolidado como uma importante ferramenta para incentivar jovens a continuar aprendendo alemão e, ao mesmo tempo, celebrar a diversidade dos dialetos falados na região. “Eles podem apresentar tanto o alemão que aprendem na escola quanto os dialetos locais. Isso cria uma verdadeira ‘colcha de retalhos’ de variedades linguísticas”, disse Angelita.
O evento envolve cidades como Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Forquetinha, Arroio do Meio, Teutônia e Westfália. A diversidade de dialetos e a mistura de idiomas traz a sensação de pertencimento e valorização cultural para os estudantes.

Angelita Lohmann é coordenadora da Associação de Professores de Alemão do estado / Crédito: Anderson Lopes
Cidade modelo em professores de Alemão
A presidente nacional da Associação Brasileira de Professores de Alemão (BraDLV), Gisela Spindler, compartilha a visão sobre o atual cenário do ensino da Língua Alemã no país, especialmente, no Rio Grande do Sul. Gisela, que há 2 anos se aposentou da docência, continua dedicada ao fomento do ensino da língua nas escolas brasileiras, incentivando a formação de novos professores e valorizando a cultura que preserva o Alemão.
A presidente explicou o papel fundamental da BraDLV, que congrega oito associações regionais espalhadas pelo país e organiza atividades para promover o ensino e a difusão do idioma. Ela abordou a relação emocional dos falantes da Língua Alemã, seja em sua forma padrão ou nos diferentes dialetos. Para ela, a língua é mais do que uma ferramenta de comunicação, é uma manifestação de afeto e identidade.
“Quando falamos o dialeto ou alemão padrão, há uma diferença de emoção e afeto. O dialeto, para mim, é algo que vem de dentro, uma explosão de sentimentos. Embora eu fale o alemão que meus antepassados, os alemães russos, trouxeram da Rússia, meu marido fala um dialeto diferente. Cada forma de expressão tem sua beleza e seu valor”, explicou.
Em relação ao município de Westfália, a presidente demonstrou entusiasmo com o retorno da Língua Alemã às escolas municipais, reforçado nos últimos anos. “Estamos vendo um movimento de retomada. Introduzimos a língua nas escolas e trabalhamos para garantir que mais professores sejam formados para dar continuidade ao ensino”, explica.

Presidente da associação nacional, Gisela Spindler, veio a Westfália / Crédito: Anderson Lopes
O papel das autoridades locais
O secretário de Educação de Westfália, Gustavo Sieben, aborda a importância dos eventos culturais. “A nossa cidade tem uma cultura de colonização alemã e muitas famílias aqui ainda falam alemão, especialmente no interior, onde é comum o uso do ‘Sapato de Pau’, o dialeto Plattdeutsch”, explica.
Ele também ressalta que o município toma várias iniciativas para preservar essa rica herança cultural. “Esse evento é uma forma de mostrar à comunidade que valorizamos e respeitamos o legado deixado pelos nossos antepassados e que a cultura germânica é um pilar fundamental da nossa região”, aponta.
O prefeito César Juliano Bloemker destaca o papel crucial da Língua Alemã e da cultura germânica na construção da identidade local. “Estamos muito orgulhosos de sediar mais esse evento de teatro e música em alemão. Nosso município tem origem e estamos formando professores para dar continuidade a isso nas séries iniciais”, confirma.