
A Dália Alimentos apresentou projeções de um novo ciclo de expansão e fortalecimento depois de superar as dificuldades provocadas pelas enchentes e pela crise das proteínas. Em reunião-almoço na Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), o presidente do conselho administrativo da cooperativa, Gilberto Piccinini, apresentou a estratégia de crescimento que visa manter a solidez financeira e aproveitar oportunidades nos mercados interno e externo.
Piccinini apresentou um panorama da cooperativa e reforçou seu papel econômico e social no Vale do Taquari. Segundo ele, milhares de famílias que dependem diretamente da Dália. “São cerca de 3 mil empregos diretos e toda uma cadeia de operações indiretas”, ressalta.
A cooperativa industrializa carne suína, frango e leite, comercializando seus produtos para 20 países. O faturamento anual gira em torno de R$ 2 bilhões e, conforme Piccinini, um dos pilares que sustentam o negócio é a total transparência aos associados. “Os donos do negócio têm acesso a todas as informações e participam das decisões estratégicas”, reforça.
O presidente do conselho da cooperativa destacou os danos das cheias de maio de 2024, que interromperam as atividades da Dália por quase um mês, atingindo não apenas as unidades industriais, mas também os produtores rurais integrados. “A mobilização regional para reconstruir a empresa após as enchentes mostrou a força da nossa comunidade e dos associados”, considera.
Antes das enchentes, a Dália já havia atravessado a crise mundial das proteínas, que afetou diretamente a cadeia produtiva de suínos e aves. “O pós-pandemia trouxe aumento de custos e indicadores desfavoráveis. Em vez de manter a produção em ritmo alto e gerar prejuízos irreversíveis, decidimos desacelerar, reduzir abates e até abater matrizes para esperar um momento mais favorável”, explica.
A decisão implicou abrir mão de resultados imediatos, mas preservou a saúde financeira da cooperativa. Para Piccinini, os associados mostraram responsabilidade e comprometimento com o futuro da Dália. “Hoje todos reconhecem que foi uma escolha estratégica, com leitura de cenário que evitou danos graves”, acrescenta.
Planos de ampliação
Hoje, o parque industrial da Dália é composto por frigorífico de suínos com capacidade de abate de até 3 mil animais por dia e frigorífico de frangos com capacidade para 55 mil aves por turno. A unidade de leite UHT processa até 500 mil litros diários, enquanto a de leite em pó tem capacidade para 450 mil litros.
Apesar da estrutura moderna, a falta de mão de obra é um dos principais entraves para as projeções de crescimento da cooperativa. “Temos oportunidades abertas na indústria e no campo, mas nem sempre conseguimos preencher. Isso impacta diretamente a produção”, alerta Piccinini.
Futuro
O plano para os próximos anos prevê manutenção da força no mercado interno e expansão das exportações. “Durante as enchentes, vimos o quanto o gaúcho valoriza marcas locais. Mas, o mundo vê o Brasil como um grande fornecedor de proteína animal, e precisamos aproveitar isso”, disse.
A localização geográfica, todavia, impõe desafios logísticos. “Estamos a 1.200 quilômetros de São Paulo, maior mercado consumidor. A reforma tributária pode reduzir a guerra fiscal, mas a logística seguirá como ponto de atenção”, avalia.
A cooperativa também estuda expandir no Rio Grande do Sul e instalar unidade no Centro-Oeste para captação de grãos. “Temos parque industrial moderno e capacidade de crescer sem grandes investimentos adicionais. Vamos avançar com segurança e compromisso regional”, conclui.