
No futebol e em tantas outras modalidades do esporte local, os olhares quase sempre se voltam para quem aparece em campo: atletas, treinadores, árbitros e dirigentes. Mas, nem tão longe dos holofotes e do apito, existem figuras determinantes que garantem que tudo aconteça. As mulheres que apoiam, organizam e sustentam a estrutura que mantém viva a paixão esportiva.
Foi essa presença – tantas vezes invisível para o público – que ganhou destaque no Bola na Trave do dia 9 de julho. Ancorado pela comunicadora do Grupo Popular, Ketlin Abreu, o programa recebeu seis mulheres que representam milhares de outras que vivem, à sua maneira, o esporte regional. Elas carregam experiências diferentes, mas com pontos em comum: o suporte aos companheiros e o envolvimento constante com a rotina esportiva.
Jane Tavares, esposa do ex-jogador Dito, lembra com carinho de quando o futebol fez parte da rotina familiar de forma tão natural que os filhos cresceram na “beira do gramado”. “Podia até faltar juiz, mas não faltava eu no lado do campo para incentivar. Sempre estive lá. Aprendemos a viver esse ritmo como família. Hoje, meu filho também joga e eu virei oficialmente uma ‘mãe chuteira’”, brinca. Para ela, a chave está no equilíbrio. “O futebol sempre esteve presente, mas nunca foi um obstáculo para estarmos juntos”, acrescenta.
Cláudia Frigo, esposa de Gilberto Frigo, o “Beti”, enaltece o quanto precisou entender formas para lidar com a ausência nos momentos familiares. “Ele começou como jogador, depois virou organizador de campeonatos. Muitas vezes, não estava nas apresentações dos filhos porque estava em jogos. No início era difícil, entendemos que o esporte vai além do campo, ele é uma atividade social. Sempre admirei isso nele, porque ele pensa no próximo. O esporte salva vidas e isso compensa”, aponta.
Para Silvia Welter, esposa de Jair Roberto Welter, o “Pivi”, o maior desafio é encarar o calendário pesado e as exigências que não têm dia e nem hora. “É de segunda a segunda. Quando não está no apito, está na organização. Há fins de semana que quase não nos vemos. Mas, ao mesmo tempo, nos organizamos para dividir outros momentos, e isso também é especial. No fim, o esporte ensina sermos flexíveis”, acrescenta.
Daisa Danzer, casada com o treinador Júlio Danzer, resume a rotina com apenas uma frase. “O jogo termina no domingo, às 18h, e começa de novo no mesmo domingo, às 20h”. Para ela, estar ao lado de um técnico é viver em um ciclo infinito de planejamento, ligações para atletas, reuniões com diretorias e participação nas comunidades por onde o clube passa. “Não há pausa. Mas nos envolvemos porque gostamos. Até a Tainá, nossa filha, cresceu nesse ambiente e hoje fotografa partidas. Isso nos une ainda mais”, considera.
Já Luciana Brune, esposa do jornalista e coordenador de esportes do Grupo Popular, Lucas Leandro Brune, lembra que, no início do relacionamento, estava em praticamente todos os estádios, muitas vezes na parte fotográfica em partidas de campo e futsal. “Com a maternidade, minha presença diminuiu, mas o apoio continuou. Eu sempre soube que não teria namorado aos domingos, mas o esporte faz parte dele, e isso nunca foi um problema. É algo que abracei junto”, afirma.
Ketlin Abreu ressalta que, por muitas vezes, a comunidade não enxerga a vida por trás das pessoas. “Existe uma mulher, os filhos, pais e todo um suporte que é muito necessário. É falado que o esporte é masculino, pois os nomes estão nos bastidores. É a mulherada que vai escutar o desabafo do juiz, do jogador, organizador e que estará ali, no suporte para que possam estar no campo”, avalia.
Entre momentos bons, que vão de uniformes cuidadosamente passados ou viagens para acompanhar jogos, estão os relatos de tensão, quando a paixão pelo resultado invade até a conversa da janta. Em comum, ficou claro que essas mulheres não estão apenas “por trás” do esporte: elas estão dentro dele, no coração da engrenagem que faz tudo girar e funcionar.
São elas que seguram as pontas em casa, ajudam na logística, incentivam, acolhem derrotas e comemoram vitórias. Transformam a paixão pelo jogo em um modo de viver, onde amor, dedicação e resiliência caminham lado a lado.
O que só reforça a ideia de que sem essas mulheres, muito do que acontece nos gramados, quadras e ginásios da região simplesmente não existiria. Elas são apenas uma parcela das diversas personagens reais que colaboram com as comunidades da região. E ainda preparam surpresas bacanas para seus maridos, como a Luciana, que no dia dos pais (10/8), levou o filho Luan até a cabine para a emoção do narrador Lucas.