CAPEF comemora 30 anos em encontro e destaca a importância da preservação da história familiar

Famílias lançam livros, coral se apresenta e autoridades refletem sobre o papel da memória na construção do futuro

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Encontro reuniu dezenas de famílias no auditório do Sicredi
Encontro reuniu dezenas de famílias no auditório do Sicredi

Neste sábado à tarde (23/8), o auditório do Sicredi, em Teutônia, foi palco de um evento emocionante e repleto de significado: os 30 anos do CAPEF – Centro de Apoio a Pesquisas e Encontros Familiares. Na ocasião, ocorreu o lançamento dos 4 livros com a história e genealogia de 8 famílias, encorajando e contagiando as famílias a registrarem a sua história. O evento reuniu dezenas de famílias dedicadas à pesquisa genealógica, muitas das quais lançaram e expuseram seus próprios livros com histórias familiares, no saguão de entrada do local.

O CAPEF, fundado em 20 de agosto de 1995, é uma entidade sem fins lucrativos, aberta a pessoas de qualquer origem étnica interessadas em promover encontros familiares ou pesquisar suas raízes. Com sede na Casa de Cultura Werno Lohmann, a organização se tornou referência no incentivo à preservação da memória e identidade familiar.

No auditório, o público assistiu à apresentação do Coral Municipal Infantojuvenil, que encantou os presentes. Em seguida, o pastor Márcio Frank conduziu uma reflexão espiritual, ressaltando a importância de conhecer a história para não repetir os erros do passado. Ele destacou que “o estudo da genealogia não é apenas uma curiosidade, mas um compromisso com a verdade e com as gerações futuras”.

Também participaram do evento autoridades locais, como o prefeito Renato Altmann, o vice-prefeito Evandro Biondo e o presidente da Câmara de Vereadores, Lucas Wermann. Além dos prefeitos Marcelo Schroer, de Colinas, Germano Stevens, de Imigrante e prefeito Juliano Bloemker e vice Simone, de Westfalia. Todos enalteceram o papel do CAPEF na valorização da memória comunitária e familiar, fortalecendo os laços sociais e culturais de Teutônia e região.

De acordo com o vice-presidente do Capef, Rudimar Landmeier, o evento confirmou a entidade com um elo forte entre o passado, presente e futuro da vida e das histórias das famílias representadas. “Os objetivos estabelecidos na criação do CAPEF em 20 de agosto de 1995, estão sendo plenamente atingidos. Com a presença de um ótimo público ligado à genealogia, familiares e autoridades se mostrou a sua pujança como entidade cultural. Cabe o registro e agradecimento ao Sicredi Ouro Branco pela cedência de seu belo auditório, as autoridades com a presença de prefeitos, vereadores, secretários, pessoas ligadas a cultura e ao tão seleto público que se fez presente, além da belíssima apresentação do Coral Infanto Juvenil do Município de Teutônia, que nos enche de orgulho e esperança.”

Vozes que contam histórias

Um dos momentos mais marcantes foi o depoimento de Dona Nair Teresa Dupant, 86 anos, descendente de imigrantes alemães que chegaram ao Brasil por volta de 1850. Ela compartilhou sua jornada pessoal de redescoberta da história familiar, que começou aos 70 anos, quando passou a escrever sobre suas origens.

“Eu lia livros desse tipo e pensava: por que não escrever sobre a minha própria família?”, contou. Desde então, já publicou três livros e um volume adicional voltado ao público jovem. Ela acredita que o papel é o melhor lugar para registrar as memórias: “Hoje os jovens só vivem no celular, mas a história tem que ser escrita no papel, senão se perde”.

Dona Nair também relembrou as dificuldades da infância, como o transporte escolar precário, o frio enfrentado a pé nas manhãs de inverno e os gestos de solidariedade entre vizinhos. “Muitos jovens nem imaginam o quanto a vida era diferente, e como a gente dava valor às pequenas coisas”, refletiu.

Projeto futuro e o valor da memória oral

Durante o encontro, os participantes também debateram novos projetos, como a criação de um livro sobre a matriz católica de Paverama — um resgate da história da igreja local que promete ampliar ainda mais o acervo histórico produzido pelo grupo.

Guido Lang, colunista do jornal Folha Popular e um dos apoiadores do evento, reforçou a importância de registrar a história oral das comunidades. “Muitas dessas narrativas só existem faladas, e meu papel como historiador é justamente transformar essas experiências em textos que fiquem para sempre”, disse. Lang atua como uma ponte entre as vozes do passado e as páginas do presente, ajudando a eternizar a cultura e os legados familiares.

Um encontro de gerações

Mais do que um evento cultural, o encontro do CAPEF foi um verdadeiro elo entre gerações. Avós, pais e filhos reunidos em torno de histórias que moldam identidades e que, uma vez registradas, tornam-se patrimônio coletivo. A entidade segue com sua missão de apoiar quem busca entender de onde veio para saber melhor para onde vai.

O CAPEF continuará promovendo encontros e publicações, mantendo viva a chama da memória. E como bem disse Dona Nair, “quem escreve sua história garante que ela não será esquecida”.

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