Moradores e motoristas criticam faixas elevadas e preferência no “Trevo Alemão” na Rota do Sol

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Na intercessão entre a RSC-453 e a João Fell, placas de “pare” interrompem fluxo da rodovia para dar preferência à conversão / Crédito: Thiago Maurique

As recentes alterações na RSC-453 (Rota do Sol), no trecho urbano de Estrela, continuam gerando controvérsias entre motoristas, moradores da região e autoridades responsáveis. A instalação de faixas elevada na altura do Bairro Boa União e preferência aos veículos que convergem para ou da Avenida João Fell, e que, portanto, interrompe o fluxo da rodovia, provocam duras críticas sobre a efetividade das intervenções.

Motoristas e moradores afirmam que as intervenções aumentaram os congestionamentos, dificultaram o tráfego e ainda foram responsáveis por mais de 10 colisões nos últimos dias. Uma das principais reclamações é a falta de sinalização adequada para alertar os condutores sobre a faixa elevada com antecedência, que surpreende motoristas e provoca freadas bruscas.

A caminhoneira Juliana Prates (40), que trabalha há 6 anos no transporte de cargas, afirma que as mudanças não trouxeram melhorias. Para ela, as intervenções não ajudaram em nada, uma vez que não há espaço de manobra suficiente para quem quer ingressar na João Fell do sentido Teutônia – Estrela. “Da forma como ficou, o caminhão que eu dirijo não faria a curva sem arrancar as placas de ‘pare’. Precisa invadir a pista ao lado para fazer a conversão. Os maiores têm ainda mais dificuldade”, relata.

Morador do Bairro Pinheiros, Gabriel Heberle (26) relata que a faixa elevada aumentou os engarrafamentos nos horários de pico. “Ontem levei 10 minutos para atravessar a Boa União. Com a lombada reduzindo a velocidade, acumula ainda mais trânsito e não há via alternativa. Já era ruim, mas ficou pior”, aponta.

Moradora do Bairro Boa União há mais de 20 anos, Fabiane de Almeida Pinto (39) afirma que a travessia de pedestres se tornou ainda mais perigosa. “Sempre foi ruim, mas agora tem muito mais risco de acidentes que podem atingir quem estiver por perto”, alerta.


Faixas elevadas em frente ao Posto Charrua visam reduzir a velocidade do tráfico e facilitar a travessia de pedestres do Bairro Boa União / Crédito: Thiago Maurique

Ela também critica a placa de “pare” no trevo. “Nunca vi isso de uma conversão à esquerda ser preferencial. Na autoescola ensinam que a rodovia é que deve ser preferencial. Quantas colisões precisam acontecer para mudarem de ideia?”, questiona.

Há quem veja pontos positivos. Também morador do Bairro Boa União, Cleiton dos Santos (27) acredita que a medida pode beneficiar os pedestres. “O fluxo é muito pesado, de veículos em alta velocidade. O que precisa é o pessoal se acostumar a dar preferência ao pedestre”, pondera.

Justificativas

De acordo com o presidente da EGR, Luis Fernando Vanacôr, o objetivo das intervenções foi de aumentar a segurança viária e reduzir o número de acidentes graves. Segundo ele, as alterações na rodovia foram executadas pela EGR com base em estudo elaborado pela empresa, e tiveram a anuência do Município.

Vanacôr afirma que o trevo elevado e a redistribuição do tráfego visam dar mais fluidez ao trânsito e preservar a integridade de pedestres e motoristas. “As decisões são baseadas em critérios técnicos, definidos por engenheiros especializados em tráfego e segurança. O trecho da Boa União registrava alto índice de acidentes e as intervenções buscam justamente corrigir essas situações”, afirmou Vanacôr.

O coordenador de Trânsito de Estrela, Airton Lehnen, mais conhecido por Tuti, afirma que o desvio pela João Fell deve, com o tempo, aliviar o tráfego de veículos pesados na área urbana. “O trânsito pesado, com caminhões de sete ou nove eixos, deve seguir pela João Fell até a BR-386, desafogando a Boa União. No sentido interior – capital, o acesso pelo trevo da Languiru também ajuda a aliviar a Avenida Rio Branco”, explica.

Tuti reconhece que há resistência por parte de motoristas, mas afirma que o problema central é o desrespeito às sinalizações. Segundo ele, há excessos por parte dos condutores, que não observam as placas de velocidade e muitos não querem se adaptar às mudanças. “As decisões foram tomadas por engenheiros que conhecem a via, e a função do trânsito é orientar para que as normas sejam respeitadas”, aponta.

Trecho em avaliação

Conforme Vanacôr, a EGR ainda avalia a efetividade das mudanças para definir se serão definitivas. Segundo ele, o volume de veículos que já utiliza a João Fell demonstra que há um potencial de diminuição do tráfego no Bairro Boa União. “Não podemos abandonar uma ideia apenas porque ocorreram alguns acidentes”, alega.

Segundo ele, caso seja necessário, novos ajustes podem ser realizados no trecho. “Poderemos ajustar a configuração com um semáforo, por exemplo. Mas o ‘pare’ dá mais autonomia ao motorista para avaliar o movimento e seguir em segurança”, afirma. Se, após o período de avaliação, o ganho for pequeno, Vanacôr não descarta uma inversão de prioridade, de forma a favorecer o sentido Estrela – Garibaldi.
“Tudo precisa ser feito com medidas rápidas, eficientes e sem custos altos que inviabilizem ajustes futuros”, aponta. Enquanto isso não ocorre, o presidente da EGR pede que os motoristas respeitem a sinalização nesse período de adaptação, para que os resultados possam ser devidamente avaliados.

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