A situação da dengue segue se agravando em todo o Rio Grande do Sul. A doença causa cada vez mais preocupação, também, no Vale do Taquari. Lajeado, cidade que mais sofre com os casos, confirmou a primeira morte pela doença na quarta-feira (27/4). É a primeira confirmada também na região.
A vítima é um adolescente de 13 anos que faleceu no dia 17 de abril. A confirmação foi feita pela Secretaria Estadual de Saúde apenas no dia 27, após resultado do exame sorológico.
O adolescente apresentou os primeiros sintomas no dia 10 de abril e no dia 11 de abril foi atendido na UPA. No dia 16 de abril, ele buscou atendimento no hospital e foi internado. No hospital, foi coletado teste sorológico. O adolescente morreu na madrugada do domingo (17/4), no hospital.
Lajeado tem outros três óbitos com suspeita de terem sido causados por dengue em avaliação pelo Estado aguardando confirmação da causa. Lajeado, tem, até o momento, 1.838 casos confirmados da doença e outros 546 casos aguardando análise.
Devido à situação, Lajeado decretou emergência na terça-feira (26/4). A medida tem validade de 180 dias. A partir do decreto, fica dispensada licitação para aquisição de bens e serviços destinados à debelação da situação e a realização de visitas a imóveis públicos e particulares para eliminação do mosquito e de seus criadouros em área identificada como potencial possuidora de focos transmissores.
Outra mudança é referente ao ingresso forçado em imóveis públicos e particulares, nos casos de situação de abandono, negativa de acesso ou ausência de pessoa que possa permitir o acesso de agente público, regularmente designado e identificado, quando se mostre essencial para a contenção das doenças.
G7 também tem casos
Embora a situação mais complicada seja a de Lajeado, toda região está em alerta. A dengue tem sido também uma preocupação entre os municípios do G7 (Teutônia, Westfália, Poço das Antas, Imigrante, Paverama, Colinas e Fazenda Vilanova).
Destes, o município com maior número de casos é Colinas. São 165 casos desde o início do surto, em março. Todos são casos autóctones, ou seja, a doença foi contraída no próprio município. Há ainda três casos suspeitos em investigação.
Em Teutônia são 28 casos confirmados, sendo 10 autóctones, e 18 importados. Porém, há 120 casos suspeitos em avaliação. A Vigilância Sanitária divulgou os locais em que foram encontrados focos do mosquito transmissor em quatro bairros e no interior. Os locais foram encontrados após verificação de casos. Os locais são: Bairro Canabarro, na Rua Carlos Arnt e Rua Germano Gausmann; no Bairro Alesgut na Rua Major Bandeira; no Bairro Languiru, na Rua Guilherme Brust e Rua Waldemar Dreyer; no Bairro Teutônia na Rua Ernesto Henrique Ahlert; e no interior em Linha Pontes Filho.
Em Paverama, há apenas um caso confirmado, e trata-se de um caso importado. “A pessoa trabalhava no Bairro Jardim do Cedro, em Lajeado”, explica o secretário de Saúde, Ederson da Rocha. Outros 11 casos suspeitos estão sob investigação.
Em Fazenda Vilanova, até o momento, são sete casos confirmados, sendo um ativo. Há ainda 15 casos sob investigação. São casos sem gravidade, que testaram negativo nos testes rápidos na UBS, mas que aguardam o laudo do Laboratório Central do Estado (Lacen).
Em Imigrante são dois casos confirmados, ambos importados, e um sob investigação.
Mais de 250 casos em Estrela
Em Estrela já são registrados 256 casos de dengue. Destes, 130 são autóctones e 26 importados. Ainda, 45 casos estão sob análise. Não há registro de mortes suspeitas da doença. O bairro com mais casos registrados é do das Indústrias, com 46 confirmados. Em seguida aparece o Bairro Imigrantes, com 32 casos, e o Boa União, com 31 casos. Os bairros Nova Morada e dos Estados são os com menos casos, com apenas um cada. No interior são 21 casos. Todos os outros bairros apresentam casos, variando apenas a quantidade.
Ações de combate e prevenção
Para combater o mosquito e prevenir a doença, os municípios realizam e preparam ações. Em Colinas está sendo feita varredura em todos os domicílios para orientar a eliminação de criadouros de mosquitos, além da conscientização em escolas, posto de saúde e redes sociais. Também é realizada a aplicação de fumacê nas ruas do centro.
Em Teutônia os agentes de endemias visitam aos locais onde foram encontrados focos.
A equipe verifica o raio nas proximidades das residências dos casos em análise. Considerando que hoje há 120 casos em análise e que cada raio de 150 metros possui 100 residências, os agentes precisariam visitar 11.200 residências, o que inviabiliza a ação. Em função disso, para chegar ao máximo de residência, os agentes de endemias estão realizando visitas conjuntas com os agentes comunitários de saúde para unir forças. Além disso, o município está inicia processo para contratação emergencial de mais agentes de endemias.
Porém, o Município afirma que este trabalho não será suficiente para o tamanho do problema que está se criando. Assim, afirma que é preciso uma mobilização geral, de toda a população, contribuindo e fazendo sua parte ao promover a limpeza de seus pátios e evitar acúmulo de água parada.
Para tentar conter o surto em Estrela, e combater o mosquito transmissor, os agentes de endemias realizam visitas em um raio de até 300 metros da residência de casos positivos. São realizadas vistorias e coleta de amostras, e também a eliminação de criadouros. Os moradores também são orientados quanto aos cuidados de limpeza e uso de métodos de prevenção, como o repelente.
São realizados ainda mutirões de limpeza, ações de conscientização nas escolas, e reuniões do Comitê Municipal de Combate ao Mosquito Aedes.
Em Paverama, o secretário explica que em locais onde há suspeitos ou confirmados é feita uma vistoria em torno da residência do paciente, de até 150 metros. “O nome do trabalho é PVE, Pesquisa Vetorial Especial. Também estamos promovendo mutirões de limpeza nos bairros. Este trabalho é coordenado pela agente de endemias com apoio das agentes de saúde”, complementa.
Imigrante realiza visitas em massa, por meio das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), visitas de inspeção aos cemitérios e outros pontos estratégicos, além de trabalhos de conscientização nas escolas.
Fazenda Vilanova tem realizado levantamentos de índices conforme orientações, em residências de pessoas que positivam e feito varredura em um raio de 150 metros. Ainda são feitos trabalhos de orientação com distribuição de material informativo, orientação direta com agentes de saúde e de endemias e atividades no ambiente escolar.
Municípios sem casos confirmados
Entre os municípios do G7, dois não têm casos de dengue confirmados: Poço das Antas e Westfália. Em Poço, já foram feitos testes que descartaram casos suspeitos. Em Westfália, foram realizados nove testes em casos suspeitos, mas todos negativaram. O Município adquiriu testes rápidos que são aplicados na Unidade Básica de Saúde (UBS) quando necessário.
Para continuar sem casos, os municípios realizam diversas ações de prevenção. Em Poço das Antas, a verificação das armadilhas de mosquitos é feita de oito em oito dias, e dos pontos estratégicos de 14 em 14 dias. O Município realiza ainda o Levantamento de Índice (LI) e do LIRAa-LIA. Trabalhos de conscientização com distribuição de material informativo, publicações em meios digitais e trabalho em escolas também são realizados.
Em Westfália, as atividades de combate ao mosquito são realizadas pela Agente de Combate a Endemias e Agentes Comunitárias de Saúde.
São visitas quinzenais aos pontos estratégicos: cemitérios, borracharia, floricultura e pátio do Parque de Máquinas. São realizadas também visitas domiciliares com o objetivo de orientar as pessoas e eliminar possíveis focos. É realizado, a cada três meses, o Levantamento de Índice Amostral (LIA), que tem como objetivo orientar as pessoas, coletar amostras, eliminar focos e verificar o nível de infestação no município. As Agentes Comunitárias de Saúde fazem a orientação os munícipes.
Nas últimas semanas, como forma de intensificar as ações preventivas e de conscientização, foram realizadas palestras em todas as escolas municipais.
Alerta máximo
O Rio Grande do Sul já tem 12 mortes confirmados em decorrência da dengue neste ano. É o maior volume já registrado na série histórica. O número de casos contraídos dentro do Estado (chamados de autóctones) também é o maior em um ano: são mais de 12 mil casos até o momento. No ano passado, ao todo, o Rio Grande do Sul registrou 11 óbitos pela doença. Em 2020, foram seis. Os números fizeram o Governo colocar o estado em alerta máximo contra a doença.
Sintomas da dengue
A dengue é uma doença febril, transmitida pelo mosquito aedes aegypti. O principal sintoma é a febre alta (acima de 38°) abrupta. Geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele. Também podem acontecer erupções e coceira na pele. A maioria das pessoas se recupera da doença, mas uma parte pode evoluir para casos graves e até mesmo óbito. Os sinais de alarme são assim chamados por sinalizarem o extravasamento de plasma e/ou hemorragias que podem levar o paciente a choque grave e óbito. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Fonte: Secretaria Estadual de Saúde