Em 31 de janeiro foi firmado o contrato que transformará o Convento Betânia São Francisco, de Imigrante, em um lar para idosos. Conforme os novos mantenedores, a readequação do espaço já começou. O contrato foi assinado entre os sócios Max Gomes e Sabrina Hinnig e a instituição Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, representada pela Irmã Iriete Ignez Lorenzzetti. O momento contou com a presença do prefeito da cidade, Germano Stevens e da secretária de Saúde e Assistência Social, Jóice Cristina Horst.
Segundo Stevens, o lar para idosos é uma demanda muito importante para Imigrante. “Outro serviço que estamos intermediando com o município é que o lar possa ser também um lugar de recreação para os idosos, onde possam passar o dia e, à noite, retornar aos seus lares” destacou.
A expectativa, conforme a Irmã Iriete, é que a casa seja referência para a comunidade local. Para a religiosa, a transformação dos espaços reflete um bem maior para todas as pessoas. A estrutura continuará sendo propriedade das irmãs, contudo, a parceria trará benefícios àqueles que necessitam, no caso a população idosa da cidade.
“Para nós é uma alegria poder ter servido neste espaço durante esses anos e nós podemos agora deixar o prédio a serviço da comunidade. Continuaremos com a importante tarefa de atender a população que precisa. Seja como creche para os idosos, seja como permanência ali. Então é sempre bom sabermos que podemos continuar servindo, mesmo que agora nos ausentemos”, conta Iriete.
A Casa Betânia São Francisco, localizada ao lado da Igreja São João Batista, no Bairro Daltro Filho, transformou a vida dos imigrantenses, tanto por ser um patrimônio voltado ao espiritual, quanto por ser centro de formação. Fundada em 1949, por lá já passaram inúmeras pessoas, como a imigrantense Edí Fassini. A professora lembra da sua trajetória enquanto aluna do Jardim à 5ª série. Para ela, o Betânia São Francisco, além de uma construção, carrega o patrimônio imaterial que a religião e a fé transmitem. Ela lembra do destaque que os alunos da instituição tinham em relação à outras escolas da região e, por isso considera a casa tão importante a todos cidadãos de Imigrante.
“A saída das irmãs de Daltro Filho nos deixa até consternados enquanto comunidade. A minha alfabetização foi com as irmãs. Pessoas da minha geração, um pouco mais e um pouco menos, tiveram presença muito forte de convívio das irmãs em Daltro Filho, e não só como comunidade- igreja ou comunidade-escola. Mas também como organização comunitária. Nós tivemos a graça de ter um enraizamento cultural, espiritual e de comunidade, de doação, que só as freiras e os padres conseguem passar.”, relata Edí.
A fala da professora enfatiza a grandeza do patrimônio imaterial que o lugar tem para os moradores da cidade, sobretudo da localidade de Daltro Filho. Entretanto, a reconfiguração do espaço já reconhecido pelo trabalho das irmãs pesa na opinião de alguns moradores. É o caso de uma fonte que não quis revelar o nome.
“Não acredito que essa proposta vai realmente se configurar em um grande ganho. Para se transformar em um lar de idosos, do jeito que as normativas atuais exigem, o prédio tem que passar por transformações estruturais gigantescas. Não é apenas a parte arquitetônica, elétrica e sanitária. Além disso, os lares de idosos normalmente são ocupados por famílias que não moram na comunidade. Já conversei com proprietários destas casas e é isso que me disseram – quando a família coloca o idoso num lar para morar, ela prefere que o mesmo não fique tão próximo”, lamenta. A fonte aponta que não se posiciona contra ou a favor, mas sim que se baseia na visão racional da realidade. “Dificilmente aquela casa servirá para lar de idosos de quem mora na comunidade”, finaliza.