
O 1º Simpósio de Governança Clínica, promovido pelo Hospital Ouro Branco (HOB), reuniu profissionais da saúde, gestores, autoridades locais e especialistas para debater os desafios e os benefícios da implantação da governança clínica em hospitais, uma prática já consolidada em países como Reino Unido e Austrália, mas ainda em estágio embrionário no Brasil.
“Esse simpósio é uma ação pioneira do nosso hospital. É o primeiro que realizamos e, em Teutônia, a governança clínica ainda é muito pouco desenvolvida e discutida. Muitas pessoas nem sabem direito do que se trata”, diz o diretor-executivo do HOB, José Paulinho Brand.
O objetivo vai além da troca de experiências entre gestores e profissionais. Também cumpre função educativa por ampliar a compreensão sobre os impactos na rotina hospitalar. “Governança clínica é olhar para processos, condutas, protocolos e rotinas. É acompanhar toda a jornada do paciente no hospital, do início ao fim. E isso gera mais segurança, mais qualidade e um melhor desfecho clínico”, detalha.
Além da melhoria da qualidade assistencial, Brand ressalta que a governança clínica também traz ganhos financeiros e estruturais para os hospitais, tornando-os mais organizados, confiáveis e atrativos para os profissionais de saúde. “O hospital continua sendo uma empresa e precisa de governança. Hospitais com governança clínica são comparáveis a instituições com certificações de qualidade. Médicos, enfermeiros, farmacêuticos preferem trabalhar em locais com governança e segurança”, expôs.
A expectativa é que o evento sirva como ‘semente’ para futuras edições em outras cidades e regiões. “Esse primeiro simpósio teve apoio do Executivo, do Legislativo, de empresas patrocinadoras. É o primeiro de muitos que queremos fazer. Que esse evento seja uma semente que brote e gere muitos frutos daqui pra frente”, comenta Brand.
Governança clínica
É um modelo de gestão que visa garantir qualidade, segurança e eficiência na assistência à saúde por meio da padronização de protocolos, monitoramento de indicadores e gestão de riscos. Sua implantação busca colocar o paciente no centro do cuidado, promovendo desfechos clínicos melhores e o uso mais racional dos recursos disponíveis.
De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul, o estado possui cerca de 340 hospitais, dos quais apenas uma pequena fração adota alguma forma estruturada de governança clínica. No Brasil, o cenário não é muito diferente: estima-se que menos de 10% dos hospitais brasileiros tenham programas consolidados de governança clínica implementados.
Mudança de paradigma
O simpósio também trouxe à tona a crescente complexidade do setor da saúde, impulsionada pelo envelhecimento da população, pelo surgimento de novas tecnologias e pelo aumento contínuo dos custos. Nesse cenário, a governança clínica aparece como uma resposta estratégica e necessária. “Precisamos garantir o melhor cuidado possível para o maior número de pacientes”, comentou um dos palestrantes do evento.
A adoção de protocolos padronizados de segurança e qualidade ajuda a lidar com os recursos finitos da saúde pública e suplementar, otimizando o atendimento. “O recurso que eu dou para o paciente A talvez o paciente B também precise. Governança é garantir que esses recursos sejam usados com inteligência, com base em dados e evidências.”
Inteligência Artificial
Outro ponto debatido no simpósio foi o papel emergente da inteligência artificial (IA) na área da saúde. Quando bem gerida, a IA pode se tornar uma grande aliada da governança clínica, ajudando a aplicar protocolos, prever riscos e acelerar a tomada de decisões baseadas em dados. “A inteligência artificial também precisa de governança, mas é uma ferramenta que trará muita agilidade para a entrega dos cuidados, protocolos e qualidade aos pacientes”, destacou o especialista.
Com o uso da IA, hospitais podem monitorar dados em tempo real, identificar padrões clínicos e promover cuidados mais personalizados e eficazes – sempre respeitando as diretrizes éticas e de segurança.