Árvore da Solidariedade ilumina e homenageia os heróis anônimos em Estrela

Iniciativa convida a comunidade a registrar em bolinhas Natal os nomes daqueles que estenderam a mão ao próximo durante um dos momentos mais desafiadores do município

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Árvore da Solidariedade ilumina e homenageia os heróis anônimos em Estrela
Prefefeitura trabalha para concluir a decoração até sexta-feira - Crédito: Anderson Lopes

O Natal deste ano em Estrela vai além dos tradicionais enfeites e luzes cintilantes. Em meio à decoração que começa a tomar conta da cidade, uma iniciativa se destaca não pela grandiosidade visual, mas pelo significado humano: a Árvore da Solidariedade.

A ação, idealizada pela Secretaria Municipal de Cultura em parceria com o Fundo Social de Solidariedade, tem um propósito claro: celebrar e tornar visíveis os gestos de bondade dos voluntários anônimos que foram essenciais para a comunidade durante e após a enchente.

A árvore será instalada no prédio da Polar, em frente à Praça Menna Barreto, e se tornará um símbolo de gratidão e resiliência. O conceito é simples, mas poderoso. Cada bolinha que comporá a decoração não será apenas um enfeite, mas um testemunho de uma vida que auxiliou outra.

Por trás de cada nome que será escrito nas bolinhas, há uma história. É o caso da veterinária Fernanda Bonaldo Fett, moradora do Bairro das Indústrias, que viveu experiências marcantes durante a enchente de setembro de 2023. Ela recolhia animais e ajudava vizinhos quando a água subiu de forma surpreendente e avassaladora.

“Tivemos que ser socorridos por barcos. Muitos animais eu consegui colocar em cima de telhados. Ali começou a minha história no resgate. Ela foi bem difícil, porquê, por alguns minutos, a gente teve que decidir entre pular na água ou esperar o resgate”, relata. “Teve uma questão ali de uns 3 minutos que o socorro veio para nós. Eu já estava com um carro cheio de bichos submersos, os eles já estavam no limite”, conta.

Fernanda descreve momentos de extremo perigo, onde a linha entre o desespero e a esperança era tênue: “Eu tinha 3% de bateria e já tava pensando em pular na água. Só não tinha pulado ainda porquê, como os bichos iam vir atrás, me segurei até o último minuto.”

A angústia se estendeu à sua família. Seu filho só soube que ela estava viva um dia e meio depois, ao reconhecê-la em um vídeo que circulava na internet, onde ela aparecia chegando com um barco cheio de animais.

“A experiência é para a vida. Quando você fica perto da morte, começa a ver o mundo de forma diferente. A gente aprende a dar valor para coisas que antes não dava”, reflete. “Natal vem com aquele espírito de renovação e de esperança. Eu acredito muito que Estrela já está mudando… O brilho já está de volta, o olhar das pessoas já está diferente”, aponta ela.

Histórias de vida na Árvore da Solidariedade

A dinâmica é aberta a toda a comunidade. São convidadas a participar pessoas, empresas e entidades que, como Fernanda, de alguma forma ajudaram durante o período difícil, seja no resgate de animais, acolhendo desabrigados, doando itens essenciais ou oferecendo apoio.

Na secretaria, os participantes poderão retirar uma bolinha de EVA, na qual poderão escrever seu nome ou o de alguém que desejam homenagear, junto com uma mensagem de apoio. Essas bolinhas serão penduradas na árvore durante a cerimônia de abertura oficial do Natal, marcada para esta sexta-feira (28/11), a partir das 19h, na Rua Pinheiro Machado.

Valorizando o anonimato e a empatia

A secretária-adjunta de Cultura, Tainá Rodrigues, explicou a motivação por trás do projeto. “A ideia é nós atingirmos os voluntários anônimos. As entidades fizeram muito pela população, mas também temos que valorizar aquela pequena pessoa que nunca apareceu”, destacou.

Ela reforça que a iniciativa é um convite para que a comunidade se contemple e se reconheça na própria história de superação. “As pessoas que estarão aqui nessa bolinha se colocaram com empatia, com resiliência e amor ao próximo. Se não fosse a ajuda de cada um de vocês, tudo isso seria muito mais complicado, porque todos foram atingidos de alguma forma”, refletiu Tainá.

A própria secretária, que também vivenciou os desafios da enchente e se mobilizou para ajudar, planeja pendurar sua bolinha. “Eu com certeza vou colocar o meu nome nessa bolinha, para fazer sentido para todos nós. A gente busca essa valorização das pessoas anônimas”, afirmou.

A Árvore da Solidariedade promete ser mais do que um ponto turístico natalino; será um monumento vivo à generosidade do povo de Estrela. Uma luz que celebra o fato de que, juntos, é possível superar qualquer adversidade, carregando no coração, como bem disse Fernanda, a lição de que “as pessoas unidas conseguem fazer muito mais”.

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