
Antônio Juarez da Silva encerra, neste mês, um dos ciclos mais marcantes da entidade e de sua trajetória profissional. À frente da gestão executiva desde 2005, ele participou ativamente do crescimento da entidade centenária e uma das principais referências do associativismo gaúcho.
Nesta semana, Juarez participou da sua última reunião da diretoria da entidade, quando agradeceu pela confiança do atual presidente da Acil, Joni Zagonel, e do candidato à sucessão, Eduardo Gravina. Ele também estendeu agradecimento a todos os presidentes com quem teve a oportunidade de trabalhar: Nilson Gemelli, José Inácio Lenz, Otto Blaas Filho, Valmor Scapini, Ronaldo Zarpellon, Alex Schmitt, Miguel Arenhart, Aline Eggers Bagatini, Cristian Bergesch e Graciela Ethel Black.
“São lideranças especiais, que muito já se doaram e ainda se doam em prol do desenvolvimento econômico e social”, afirmou.
Em entrevista exclusiva ao Grupo Popular, Juarez revisita sua trajetória e compartilha os próximos passos.
Grupo Popular – Quem era o Juarez antes da Acil?
Antônio Juarez da Silva – Sou jornalista, administrador e alguém que sempre buscou o melhor da vida, para mim, para minha família e para todos que me cercam. Trabalhei em muitas empresas e em diferentes áreas. Atuei como operário executivo na indústria petrolífera. Foram quase 4 anos em plataformas de petróleo da Petrobras, na Bacia de Campos, em Macaé (RJ). Depois fui estudar Jornalismo, me formei, fiz especialização em Marketing e mestrado em Administração de Empresas. Sempre busquei muito conhecimento e sua aplicação, para ter um diferencial profissional.
Grupo Popular – Como começa a tua trajetória na entidade?
Juarez – Depois de trabalhar em outras regiões do Brasil, inclusive em Teutônia, na Calçados Blip, vim para Lajeado. Em 2005, iniciei na Acil. Nunca imaginei que ficaria tanto tempo. Meu antecessor disse que eu iria me aposentar aqui, por ser um lugar muito bom de trabalhar. Na época não acreditei, mas acabou se confirmando. Entre as características do associativismo estão as conexões e relações que a gente estabelece com a comunidade, com o mercado e com o meio empresarial. São essas relações que eu levo como o maior legado desses 20 anos.
Grupo Popular – O que o associativismo representa para você?
Juarez – Sem dúvida, o associativismo é um dos principais valores que sustentam uma sociedade organizada. Existe um ditado que diz que uma andorinha não faz verão, e o ser humano sozinho também não tem força. É através da vida em comunidade e do associativismo que a humanidade conquistou todo o progresso ao longo dos séculos. Depois vem o cooperativismo, que já tem uma conotação econômica, mas que carrega em sua essência o associativismo. Quanto mais uma sociedade atua de forma associativista, mais progressista ela será em termos de desenvolvimento econômico e social. O associativismo do Vale do Taquari é forte, tanto pela atuação individual de cada entidade quanto pela força coletiva e sinérgica entre elas. Essa união tornou o Vale uma referência no associativismo gaúcho.
Grupo Popular – Porque você se tornou uma grande referência para empresários da região?
Juarez – Soulow profile. Não gosto de aparecer. Mas, ao longo dos anos, entendi que precisava estar mais presente, não por mim, mas pela entidade. A Associação precisa ter um papel ativo na comunidade. Muitas vezes, quando não podia contar com a diretoria, eu precisava assumir essa representação de forma visível, mas discreta. Acredito que essa imagem foi construída principalmente pela empatia, por me colocar no lugar do outro e tentar ajudar. Muitas pessoas procuravam a entidade em busca de orientação, conselhos e informações. Foram centenas de conversas para ajudar a delinear rumos de vida e de negócios. A maturidade que adquiri ao longo dessa caminhada me permitiu ajudar muita gente. Essa comoção em torno da minha saída me emociona muito.
Grupo Popular – Qual a relevância da relação de parceria entre as entidades empresariais da região?
Juarez – Essa relação é extremamente positiva, satisfatória e produtiva. Cada entidade tem sua importância no contexto do seu município. Também é importante destacar a CIC-VT, fundada em 23 de junho de 2005. Eu entrei em 18 de abril de 2005 na Acil, junto com o Oreno Ardêmio Heineck, uma liderança que admiro muito. Em junho daquele ano, estivemos juntos, criando a CIC Vale do Taquari, que hoje é uma referência em âmbito estadual.
Grupo Popular – Quais são os teus próximos passos?
Juarez – No mesmo momento em que anunciei minha saída, já surgiram algumas oportunidades, mas declinei por enquanto. Estou tranquilo, deixando o tempo fluir. Quero me dedicar mais ao trabalho voluntário. Já faço parte do movimento Pró-Mata Ciliar, coordenado pela professora Elisete Freitas, da Univates. Temos ido às margens dos rios Taquari e Forqueta para plantar árvores. Precisamos de milhares, talvez milhões de árvores que foram perdidas nas enchentes. É algo muito bonito para fazer para os próximos anos. Também quero me dedicar mais à espiritualidade. Nesta fase da vida, o maior legado que posso construir é o fortalecimento espiritual.

