A Universidade do Vale do Taquari (Univates) divulgou na quinta (09/04) a notícia de que recebeu a doação de R$ 150 mil da Metalúrgica Hassmann, de Imigrante, para a compra de kits de testes para detectar o coronavírus. Desse valor, R$ 50 mil serão para a compra de testes rápidos a serem repassados diretamente à Secretaria de Saúde do município de Imigrante. No mesmo dia, a Secretaria de Saúde de Imigrante já recebeu o primeiro kit de teste rápido para Coronavírus.
O prefeito Celso Kaplan agradece aos empresários e destaca a importância desta ação: “isso dá uma tranquilidade aos munícipes e também nos permite fazer um controle maior diante de casos que possam vir a surgir”, ressaltou.
Um dos diretores da Metalúrgica Hassmann, Carlos Hassmann, foi quem teve a ideia de auxiliar a comunidade através de doações. Prontamente teve a anuência de Peter Hassmann e também da mãe dos irmãos, cofundadora da empresa, Elka Hassmann. A partir de então se pensou no que seria mais essencial neste momento. Sobre a iniciativa, Carlos destaca que foi tocado por uma fala do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, quando este pediu apoio da iniciativa privada. “Estamos em um momento em que é nossa obrigação participar e ajudar como pudermos. Sabemos das dificuldades do governo, e o poder público não tem como enfrentar este momento sozinho. Como somos do Vale do Taquari e temos uma boa situação financeira, além de estarmos preocupados com nossos funcionários e com as pessoas da região, resolvemos tomar essa iniciativa”, explicou.
Ela destaca que a saúde não pode aguardar a burocracia que o poder público enfrenta. “Até mesmo no privado tivemos dificuldades e não conseguimos comprar os testes diretamente. Por isso, buscamos a Univates, que tem protagonizado um trabalho muito importante na região”, acrescentou. O empresário, que foi o primeiro prefeito do Município de Imigrante, critica o sistema. “As prefeituras são o elo mais fraco. A maior parte da arrecadação vai para a União e sobra uma migalha para o município. E a arrecadação vai cair para todos. Temos que deixar divergências políticas e ideológicas de lado e nos unirmos pelo bem de todos”, aconselha.
Sobre a economia
Sobre os negócios, Hassmann enxerga reflexos que são impossíveis de medir neste momento, mas que vão não apenas acabar com o resultado de 2020, mas impactar 2021 e provavelmente 2022. “Acredito que levaremos em torno de 3 a 4 anos para reconstruir toda economia e voltar ao estágio até então. O pior de tudo é que ninguém sabe como todos vamos voltar depois desta crise”, afirma.
No entanto, o empresário passa segurança à família de colaboradores da Metalúrgica Hassmann e ao município e descarta demissões como medida para encarar a crise. “Não é nosso perfil demitir na crise, temos um compromisso com as pessoas que têm compromisso conosco. Somos uma grande família e temos que validar isso neste momento porque nossos colaboradores também têm seus compromissos”, reforça.
A empresa fechou parcialmente a fábrica em 23 de março, e no dia 27 a indústria parou as atividades. Nesta segunda-feira (13/04) parte da equipe retornará às atividades. A empresa está tomando o máximo de medidas de precaução. “Estamos seguindo todas as recomendações do Ministério da Saúde. Teremos um momento de orientação aos colaboradores por profissionais da saúde sobre os cuidados a serem tomados e que devem ser estendidos às famílias”, explicou. A empresa adquiriu duas mil máscaras, que serão de uso obrigatório na empresa. Também adaptou a estrutura para que a higienização seja reforçada, com disponibilização de álcool gel e itens necessários para ampliar a segurança.
“Um mundo mais solidário”
Para o diretor da Metalúrgica Hassmann, a esperança é que a iniciativa da doação motive mais pessoas. Carlos observa que o mundo está mais solidário. “Vemos muitas iniciativas, pessoas doando seu tempo e seu trabalho, confeccionando e doando máscaras, pessoas servindo marmitas para profissionais que precisam atuar, voluntários indo ao mercado para idosos, pessoas tocando música. Tomara que não percamos este espírito quando tudo isso passar”, ressalta Carlos.
Olhar também sobre a comunidade regional
Os outros R$ 100 mil serão destinados para a compra de testes PCR, iguais aos utilizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen), que serão realizados pelo Laboratório de Análises Clínicas Univates (LAC). Estes testes, mais complexos do que os testes rápidos, serão distribuídos ao Hospital Bruno Born, de Lajeado, e ao Hospital Estrela, de Estrela. “O Hospital de Estrela é referência para a nossa comunidade de Imigrante e o Hospital de Lajeado dá suporte a toda região”, justificou Hassmann.
Mais detalhes da entrevista com o empresário Carlos Hassmann você confere na edição da Folha Popular da próxima terça-feira.