Primeiro dia destaca energia, legislação e economia

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Público acompanhou três palestras na parte da manhã/Crédito da foto: Simone Rockenbach/Divulgação

Dispostos a melhorar a gestão, os processos produtivos e vender mais, cerca de 200 pessoas participam da Jornada do Sorvete 2017. O evento está na 18ª edição e ocorreu ontem (6/07) e hoje (7/07) no Weiand Hotel, em Lajeado. Durante a manhã de quinta-feira

houve apresentação de três palestras e a parte da tarde foi reservada à feira de negócios, da qual participam 32 expositores de vários estados brasileiros e do exterior. “Foi um dia muito produtivo. As explanações dos palestrantes geraram muitas perguntas e interação, o que demonstra que os temas foram oportunos e aprovados. Em relação aos fornecedores aqui presentes, só temos a comemorar. Enquanto que a Fispal de São Paulo, que é uma grande feira nacional, diminuiu sua estrutura neste ano, nós tivemos lista de espera”, avaliou o presidente da Associação Gaúcha das Indústrias de Gelados Comestíveis (Agagel). Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura de Lajeado, Douglas Sandri, o evento é um orgulho para a cidade, que tem por característica receber pessoas para morar ou fazer negócios. “A Jornada já faz parte da história de Lajeado, é importante para município e o setor”.

Energia Solar

A programação foi aberta com a palestra Energia Solar Fotovoltaica- Utilidade, Desafios e Resultados, na qual o sócio- proprietário da Inove Energias Renováveis, Alex Chagas, compartilhou sua experiência com a instalação e uso de recursos naturais para a geração de energia. Segundo ele, desde 2012 está regulamentado no país o sistema de compensação de energia, através do qual se instala geradores, como painéis solares fotovoltaicos, que fornecem corrente elétrica para casas ou fábricas e cuja produção excedente é direcionada para a rede da concessionária, gerando créditos que também podem ser encaminhados para outras unidades. “De consumidor se passa a ser produtor de energia”, explicou. Citando o case de uma vinícola que por meio da energia solar produz 100% do seu consumo, Chagas relatou que, em maio de 2017, existiam no Brasil 10,4 mil sistemas conectados que beneficiaram 11,6 mil unidades, mas lamentou que apenas 2,2% delas correspondiam a indústrias. Ele ainda garantiu que os sistemas fotovoltaicos são resistentes e passam por certificação, podendo ser financiados por variadas linhas de crédito. Quanto ao custo de instalação, ele esclareceu: “O investimento é equivalente a aproximadamente quatro anos de fatura”, lembrando que o processo envolve estudo de viabilidade, com avaliação de consumo e potencial de geração.

Economia

Para abordar as Perspectivas Econômicas de Curto e Médios Prazos, o consultor empresarial Ademar Schardong, que atuou junto ao Sistema Sicredi e hoje preside o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Rio Grande do Sul, apontou os possíveis rumos do país e sugeriu estratégias para diminuir os riscos nas empresas. Para contextualizar o cenário atual, ele mencionou que o Brasil possui um modelo de Estado provedor, com um déficit anual de R$ 140 bilhões, cujo mercado registra 13 milhões de desempregados, no qual a economia é a terceira mais fechada do mundo e onde se investe mais em educação de terceiro grau do que no ensino fundamental. No Rio Grande do Sul os números também preocupam, já que o Estado tem hoje uma dívida de R$ 110 bilhões e projeções indicam que até o final de 2018 se acumule um déficit de mais R$ 8,8 bilhões. “A solução passa pela política, não tem outra saída. Se a sociedade não se envolver, não tem solução”, alertou.

Ao descrever as perspectivas, ele antecipou que a inflação deve ficar em torno de 3,5% e a taxa de juros próxima a 8% ao mês. O câmbio, apesar da volatilidade provocada por fatores internos e externos, deve fechar 2017 em R$ 3,24, valor positivo para o turismo e consumo interno, mas que afeta a importação de insumos e equipamentos. Quanto ao crescimento da produção, a estimativa não é animadora e varia de 0 a 1% ao ano. “Não vai ser tão ruim quanto foi no ano passado ou está sendo agora. Mas não esperem do crescimento econômico a solução para os problemas no curto prazo”, preveniu. Falando sobre tendências, ele atentou para a qualidade como diferencial competitivo, que deve estar alinhada ao uso de tecnologias e a uma gestão financeira focada no melhor fluxo de caixa. Para finalizar, Schardong aconselhou: “Não esqueçam da política e administrem as empresas de vocês com a razão e com o coração”.

Legislação trabalhista

A advogada Cândice Roberta Rigotti fechou as palestras do primeiro dia com o tema “A Observância das Normas Trabalhistas como Forma de Proteção dos Empresários”, salientando que apesar de a legislação normalmente favorecer o trabalhador, ela deve ser vista como uma forma de defender a relação como um todo, inclusive o empregador. De acordo com ela, o Brasil possui uma forte cultura de judicialização do trabalho e 98% das ações reclamatórias do mundo estão no país, onde os contratos são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pela Constituição Federal e por Normas Regulamentadoras (NR’s) do Ministério do Trabalho. Para evitar processos jurídicos após o desligamento, Cândice sugeriu alguns cuidados, como o controle da jornada e da doação de benefícios habituais que podem ser reclamados como parte integrante do salário. Deve haver atenção especial com o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e com a aplicação das NR’s, em especial as que tratam da Cipa, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), Programa dePrevenção de Riscos Ambientais (PPRA), insalubridade, ergonomia e condições sanitárias e de conforto no local de trabalho. No momento da demissão, há que se considerar o período de aviso prévio e as instabilidades provisórias, as quais só podem ser desligadas por justa causa. “Quanto mais documentos puder se formalizar para evitar que se fique em dúvida, melhor”, reiterou. Cândice ainda falou sobre terceirização e trabalho temporário, levantando também alguns pontos referentes à Reforma Trabalhista.

Trinta e dois expositores apostam em prospecção e negócios/Crédito da foto: Simone Rockenbach/Divulgação

Negócios

Entre os 32 expositores está a paulista Ataforma, atuante no Brasil e com exportações para mais de 50 países. A empresa é uma grande fabricante de formas para picolés e aposta no potencial do evento e dos fabricantes. “Há uns anos atrás, só se conheciam duas ou três marcas, que praticamente dominavam o mercado. Hoje são inúmeras já fortalecidas e que comandam as vendas por regiões de atuação”, afirmou o gerente comercial Claudemir Filho. Para ele, a empresa que tem 33 anos cresceu e ajudou a alavancar o mercado de picolés pela ampla e diversificada oferta de formas. “Pequenas e médias empresas podem oferecer um leque grande de opções e sem altos investimentos”. A Ataforma tem 63 formatos de formas a pronta-entrega, dos mais tradicionais a outros que imitam lápis, guarda-chuva e bombom.

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