Plantas alimentícias não convencionais pautam encontro dos grupos de saúde comunitária de Teutônia

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Palestrantes abordaram a utilização das plantas alimentícias não convencionais/Crédito da foto: Édson Luís Schaeffer/Divulgação

Picão-preto, serralha, dente-de-leão, beldroega, entre inúmeras outras plantas, podem parecer meras ervas daninhas. Mas, para muitas pessoas elas fazem parte do dia a dia na cozinha, no preparo de alimentos, por suas inúmeras propriedades nutricionais. E foram justamente as plantas alimentícias não convencionais (PANCS) a temática deste ano do tradicional encontro anual dos Grupos de Saúde Comunitária, que ocorreu na tarde desta quinta-feira, dia 9 de agosto, na sede do Sínodo Vale do Taquari, no Centro Administrativo.

Participantes dos 16 grupos que recebem assistência técnica do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa) puderam conhecer mais sobre o tema na palestra que integrou a programação do encontro. Na oportunidade, a engenheira agrônoma, professora da Uergs Santa Cruz do Sul e doutora em Horticultura, Fernanda Ludwing, e a gastrônoma e mestre em Desenvolvimento Regional, Ana Cláudia Guske, palestraram sobre “Plantas alimentícias não convencionais (PANCS): identificação, nutrição e gastronomia”.

Conforme Fernanda, muitas plantas normalmente chamadas de mato ou inço possuem potenciais como alimento, como o picão-preto, a serralha, o dente-de-leão e a beldroega, esta rica em ômega 3. Já outras cultivares podem ser melhor aproveitadas. Ela cita, como exemplo, a bananeira, onde normalmente se consome somente a banana madura. “Mas existe o coração da bananeira que pode ser utilizado, bem como a própria medula do caule e a banana verde. Todas essas plantas têm valor nutricional muito grande e que complementam a nossa alimentação”, afirmou.

Fernanda ainda acrescentou que várias pesquisas já mostram o valor nutricional das PANCS, bem como a sua utilização indo ao encontro da agroecologia. “Na agroecologia se busca uma variedade maior de plantas e o equilibro do ecossistema. Muitas dessas são espontâneas e que vão se desenvolvendo por alguma razão, seja para ajudar no desenvolvimento de outras plantas, seja para melhorar a estrutura do solo. Então, porque não aproveitá-las?”, questionou.

Ela ainda citou, como exemplo, uma horta em que as PANCS começam a se desenvolver. “Elas surgem como uma opção de aproveitamento. O produtor pode ter uma opção a mais de produção ao invés de ir lá e eliminar elas. O que precisa mesmo é que as pessoas tenham conhecimento do potencial dessas plantas. Elas não demandam de muitos cuidados e são de fácil cultivo. Qualquer um pode ter em sua casa. Claro, é preciso saber quais plantas podem ser utilizadas”, frisou.

Feira orgânica

Durante o encontro ainda, houve o lançamento da Feira Orgânica, com produtos da Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas (Ecovale), que recebe acompanhamento técnico do Capa. Nesta feira, serão comercializados diversos produtos orgânicos e integrais, como farinhas, cereais, feijão, arroz, erva-mate, vinagre, óleos, biscoitos, café, entre inúmeros outros.

A feira ocorrerá toda a segunda quinta-feira do mês, na sede do Sínodo Vale do Taquari, das 13h30min às 16h30min. As próximas feiras ocorrerão nos dia 13 de setembro, 11 de outubro e 8 de novembro.

Saúde comunitária: fomento à qualidade de vida

O prefeito de Teutônia, Jonatan Brönstrup, lembrou que o Capa oportuniza o aprendizado com as pessoas experientes, na busca por melhor qualidade de vida. “Hoje, nosso dia a dia está cada vez mais corrido, fazendo com que não tenhamos mais tempo para prepararmos o próprio alimento e acabamos optando por alimentações rápidas. Estamos aqui para continuar aprendendo com as pessoas mais experientes, fazendo uso de produtos que tornam a nossa vida mais saudável. Investir neste tipo de serviço agora nos faz economizar lá na frente em saúde, no que se refere à cura de doenças relacionadas à má alimentação”, frisou.

A vice-prefeita de Westfália, Evanete Inez Horst Grave, enalteceu o resgate de tradições que o Capa propicia aos grupos de saúde comunitária. “Que trabalho riquíssimo está sendo resgatado. Estão todos de parabéns por se permitirem a aprender sempre nestes grupos, ainda mais num tema que está tão em alta, que são as PANCS”, frisou.

O pastor sinodal, Gilciney Tetzner, destacou que a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) mostra, através do Capa, que não se preocupa somente com a saúde espiritual, mas, também, com a alimentação da população. “Alimentação saudável é, sim, assunto de igreja. E vocês se tornam protagonistas através de singelos gestos que beneficiam o coletivo. Obrigado pelo tempo que vocês se dedicam a estes aprendizados”, sublinhou.

A coordenadora do Capa, Melissa Lenz, lembrou que o trabalho com os grupos de saúde comunitária surgiu em 2003. “Percebemos uma demanda do público do Vale do Taquari de se trabalha a questão da saúde preventiva, da segurança alimentar, de valorizar a cultura alimentar regional e de fazer o resgate dos saberes antigos. O objetivo principal deste projeto é melhorar a qualidade de vida das famílias envolvidas. Estamos tendo inúmeros resultados, que aparecem nas conversas, como cura de algumas doenças, melhora da digestão, entre outros”, ressaltou.

O Capa trabalha, atualmente com 16 grupos de Saúde Comunitária, sendo 10 em Teutônia, quatro em Westfália, um em Paverama e um em Cruzeiro do Sul. Em Teutônia, a Administração Municipal possui contrato com o Capa, que presta assessoria técnica agroecológica aos seguintes grupos: Linha Germano, Linha São Jacó, Linha Clara, Linha Catarina, Pontes Filho, Linha Wink, Bairro Canabarro, Bairro Languiru e Bairro Teutônia, além dos Agentes Comunitários de Saúde, que acabam ampliando o alcance da proposta.

 

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