A cada dia, a tecnologia está mais inserida na vida das pessoas. Seja para facilitar situações do cotidiano ou para aumentar o conforto. Mas, apesar de todos os benefícios trazidos, é importante ter atenção para evitar acidentes com a rede elétrica.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), entre 2020 e 2021, foram contabilizados 1.579 casos envolvendo situações como choques elétricos e incêndios. No ano anterior, foram 1.505.
Conforme o engenheiro eletricista de Teutônia, Rainer Büneker, as chances de choque podem ser reduzidas com a instalação de um dispositivo diferencial residual (DR) na rede elétrica das residências. O aparelho é capaz de detectar fugas de corrente elétrica em circuitos defeituosos, desligando imediatamente o sistema, preservando a vida do usuário e evitando danos estruturais.
“O uso do DR é obrigatório desde 1997, conforme a NBR 5410, em circuitos que atendem cargas sujeitas à umidade, como banheiros, garagens, áreas de serviço, cozinhas e varandas. Embora a legislação tenha quase 25 anos, infelizmente, a utilização do dispositivo ainda é baixa no Brasil. Esse equipamento, que não encarece a obra, poderia evitar diversos acidentes elétricos e salvar muitas vidas”, explica.
Conforme o engenheiro, uma falha à terra é causada entre a terra e o condutor em funcionamento que pode provocar um curto-circuito no sistema elétrico. Por outro lado, uma corrente de fuga é quando a corrente viaja através de um condutor indesejado. “Pode causar interrupções e aumento da tensão em percursos condutores. A proteção contra ambos é muito importante”.
Büneker informa que o DR desliga automaticamente assim que a sensibilidade nominal é excedida. Também oferecem proteção contra flutuações de tensão. “As flutuações podem ocorrer quando são utilizados dispositivos ou equipamentos que requerem uma carga mais elevada. O DR filtra essa carga, atuando como uma medida de proteção”.
Ts, benjamins e extensões
Dispositivos muito populares nas residências brasileiras, mas que as pessoas devem evitar, são Ts, benjamins e extensões, utilizados para a conexão simultânea de vários aparelhos. Essa prática é perigosa e pode provocar sobrecarga de energia e curtos-circuitos em redes não preparadas para suportar a carga elétrica demandada, causando incêndios e até acidentes fatais.
“Eles não têm dispositivos de segurança e, caso haja sobrecarga, eles podem derreter e causar incêndios. Caso haja a necessidade de ligar vários equipamentos em uma mesma tomada, o ideal é a utilização de um filtro de linha que possui um fusível operante, que não tenha sofrido alterações. Em caso de sobrecarga de energia, o DR desligará automaticamente”, afirma.
Aterramento evita choques e perda de aparelhos eletrônicos
Segundo o engenheiro, o aterramento é o caminho natural e seguro para a circulação de correntes de fuga e descargas atmosféricas. Na ausência desse sistema, aumenta o risco de uma pessoa sofrer choque elétrico ou ter os aparelhos queimados. “Todo equipamento com carcaça metálica, industrial ou doméstico, pode sofrer uma falha e perder o isolamento. Neste caso, a carcaça metálica, uma vez energizada, ocasiona o choque”, atenta.
Projeto elétrico
Büneker alerta que as “gambiarras” colocam em risco a segurança das instalações elétricas. De acordo com o especialista, é importante que aparelhos com maior potência, como ar-condicionado, chuveiro elétrico e micro-ondas tenham circuito próprio, para evitar acidentes. Ainda, é importante também dimensionar as tomadas corretas para cada tipo de aparelho, pois alguns precisam desses pontos de conexão com suporte para maior amperagem, como as fritadeiras elétricas.
“As casas precisam ter um projeto elétrico, o que facilita a manutenção e até a avaliação para o acréscimo de novas cargas. Qualquer serviço elétrico deve ser feito por profissionais qualificados ou capacitados, para que não haja esse tipo de problema”, complementa.