Cultivo de trigo se torna opção para mais de 100 famílias em Estrela

Cultura de inverno ajuda na correção e preservação do solo; preço do grão está em alta frente ao milho, tornando-se um bom negócio para a diversificação das propriedades rurais

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Área plantada pela família Kich compreende 143 hectares para o trigo, parte deles em Novo Paraíso (foto); na lavoura, já é possível ver a brotação do trigo / Crédito da foto: Rodrigo Nascimento / Divulgação

Preparar a terra e semear o trigo durante a entrada do inverno tem sido uma realidade para mais de 100 famílias nas propriedades rurais de Estrela. No último ano, a área plantada com o grão mais que dobrou, alcançando a marca dos 600 hectares e transformando-se em uma nova fonte de renda para os agricultores.

O produtor Rafael Kich, de Linha Novo Paraíso, mantém há alguns anos 143 hectares plantados com trigo, em duas áreas de terra. Uma na propriedade da família e outra em Linha Wink. Segundo ele, a família percebeu que o plantio da cultura seria uma alternativa positiva à vida no campo. “Mesmo que o trigo produzido seja de baixa qualidade, por conta da produtividade ou da qualidade do grão no fim do processo, ele já deu lucro, pois a palha que fica sobre o solo enriquece para o próximo plantio”, explica.

Kich destaca que, após a colheita do trigo, a matéria orgânica que fica sobre a plantação eleva a qualidade do solo, fazendo com que o plantio de outras culturas – como a soja por exemplo, que é utilizada na rotação do trigo pela família – sejam beneficiadas. “Especialmente nestes últimos anos de estiagem, a palha ajuda a manter a umidade e facilita o plantio da nova safra”, diz.

O produtor revela ainda que a palhada do trigo deixa para trás proteínas ao solo, tanto no que se refere ao material orgânico, quanto da adubagem. “Para iniciar o plantio da soja, por exemplo, nem sempre é necessário aplicar adubo e defensivo agrícola, no primeiro momento. Isso se traduz em economia e melhor utilização do solo”, recomenda.

O secretário municipal de Agricultura, Douglas Sulzbach, avalia como positivo o movimento dos produtores rurais de Estrela. Segundo ele, o produtor despertou para a possibilidade do trigo tornar-se uma fonte de renda e uma atividade consorciada com outras, como o caso da produção de leite, criação de frangos ou suínos.

“Estamos falando de uma alternativa de renda e diversidade para a nossa produção. Entre 2020 e 2021, a área plantada mais que dobrou, fazendo com que hoje mais de 100 famílias estejam envolvidas com o trigo, cultivando uma área de aproximadamente 600 hectares”, conta.

Sulzbach justifica que a própria expectativa de colheita da safra do trigo – plantada no fim de maio e colhida entre outubro e novembro – anima toda a cadeia produtiva no Estado. “Estamos falando de um grão cuja produção do Rio Grande do Sul ainda não é autossuficiente. Por isso, o investimento neste plantio, especialmente com a valorização do produto, pode ser uma boa escolha para nossos agricultores”, avalia.

Item valorizado no mercado

O engenheiro agrônomo Álvaro Trierweiler, chefe do escritório Municipal da Emater/RS-Ascar em Estrela, pontua que na balança comercial das commodities o preço do trigo está mais elevado do que o milho – o que segundo ele é uma espécie de inversão de papéis.

Neste sentido, quem planta trigo pode, neste momento, ter um bom rendimento financeiro. “Além de uma ótima opção de correção e conservação de solo, o trigo é indicado para a rotação de culturas. Ele reduz os problemas com insetos e plantas, minimizando a quantidade de herbicidas em uma lavoura”, complementa.

Trierweiler conta ainda que no rol de benefícios do cultivo de trigo há uma novidade entre os produtores. Trata-se do uso do produto como composição de silagem para os animais. “Quando a qualidade e o pH não estão ajustados à produção de farinha, por exemplo, o uso do trigo pode ser direcionado para a silagem, isto é uma novidade entre os agricultores”, complementa o chefe do escritório da Emater/RS-Ascar em Estrela.

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