A relação entre mães e filhos é cheia de diferentes tipos de emoção. O companheirismo, muitas vezes, extrapola os limites familiares e parte para a vida profissional. É o caso de Janete Reckziegel Horn (56) e Marcela Horn (21). Há 6 anos, além da relação de mãe e filha, dividem também o escritório da empresa da família.
Janete é natural de Paverama. Ela conta que seu pai sempre gostou de construir e desenhar projetos e dois de seus sete irmãos cursaram engenharia civil. “Quando comecei o curso, nem sabia o que era arquitetura. Não tinha outra opção, e logo quando comecei já gostei. Não tive dúvida”, recorda.
Ela terminou o curso em 5 anos e meio, mas ainda no ensino médio trabalhou com seus irmãos. “O pai sempre incentivou estudar, mas tínhamos que nos virar sozinhos”.
Após formada, Janete continuou trabalhando com seus irmãos por algum tempo. Em 1990, abriu seu próprio negócio: RH Construdecor – Acabamentos e Decoração.
Ainda no ensino médio, Marcela começou a ajudar na empresa da família. Em 2017, trabalhava meio turno. Quando se formou no colégio, em 2019, decidiu seguir os passos da mãe. Hoje já está no quarto ano de faculdade. “A mãe conta histórias de quando estava grávida e que ia visitar obras comigo na barriga. Depois que nasci, eu dormia no escritório enquanto ela trabalhava”, relembra.
No entanto, Arquitetura não era a primeira opção de curso de Marcela. “Eu sempre falava em biomedicina. Um dia fui trabalhar em um laboratório e voltei apavorada, não era aquilo que queria e ali foi o momento que decidi fazer Arquitetura de vez. A mãe nunca me pressionou, sempre me deixou livre para escolher”, destaca.
O dia a dia
Elas destacam que suas personalidades são parecidas e que se entendem muito bem. “É muito tranquilo, tanto em família como no trabalho. A Marcela é muito responsável, não preciso ficar cobrando. Funciona bem, tem que ter diálogo”, conta Janete.
Há anos atuando como arquiteta, Janete relata que um de seus objetivos é mostrar a importância da arquitetura na vida da sociedade. “Tu não projeta a casa pra ti, mas sim pra outra pessoa. Por mais que tu tem a ideia de fazer diferente, quem vai morar na casa é a pessoa, cada um tem seu lado, seus costumes e isso deve ser respeitado. Tu entra na intimidade da pessoa e em seu sonho, seja um investimento grande ou pequeno”, explica. A empresa também conta com mais uma arquiteta, Kássia Drüss (27), que segundo Janete, é filha do coração.
Atualmente, a mãe atua mais na parte administrativa e no atendimento ao cliente. “Em projetos trabalhamos juntas, cada uma expondo sua ideia. Tentamos montar mais que uma opção e deixamos livre para eles escolherem”, ressaltam.
Laços familiares e negócios
Além de Marcela, Janete tem mais um filho, Mathias Horn (27). Ela conta que ele tentou trabalhar na empresa da família “mas viu que não era pra ele”, brinca a mãe. Mathias é formado em Engenharia de Software e possuí três empreendimentos.
O marido de Janete e pai de Mathias e Marcela, Bráulio Selomar Horn (58), também atua na empresa. “Não tem como não levar o serviço para casa, mas conversamos de forma leve e tranquila”, ressalta Janete.
A decisão de ficar e tocar a empresa da família
Na época de escolher onde estudaria, Marcela também passou no vestibular em uma faculdade em Erechim, mas optou por fazer o curso mais perto de sua casa para conseguir trabalhar na empresa da família.
Para o futuro, a jovem projeta seguir tocando os negócios. “Não sei se sozinha, mas procurar parcerias, pois na arquitetura é difícil tu realizar um projeto só com a tua ideia. Gosto dessa área residencial”, relata.
Janete destaca sua felicidade em saber que Marcela dará sequência em seu trabalho. “É muito gratificante. Ter os filhos bem e encaminhados na vida, sem preocupação, é muito bom. Eu desejo que todas as mães possam ter essa relação boa com seus filhos”, conta Janete emocionada.
“A criação que recebemos em casa reflete no trabalho. A tua personalidade quem forma são teus pais, irmãos. E mãe é sinônimo de exemplo e devem se sentir especiais”, deseja Marcela.
Janete se emociona ao lembrar de sua falecida mãe. “Antigamente as coisas eram diferentes, talvez ela tinha muitos sonhos que não pôde realizar. Hoje temos mais liberdade para conquistar nossos objetivos. Se hoje pudesse estar com ela ainda, falaria mais coisas. Quem ainda tem sua mãe, valorize, abrace, converse, depois faz falta”, cita emocionada.