Municípios contabilizam prejuízos pós-vendaval

No Vale do Taquari foram registrados muitos incidentes, principalmente nas regiões de Teutônia, Estrela e Lajeado.

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Grande parte das árvores caídas era de grande porte / Crédito: Divulgação

O temporal que atingiu o Estado na noite de terça-feira (16/1) deixou muitas casas destelhadas, galpões destruídos e vias interditadas devido à queda de árvores. No Vale do Taquari foram registrados muitos incidentes, principalmente nas regiões de Teutônia, Estrela e Lajeado. A cidade que canta e encanta registrou ventos de mais de 160 quilômetros por hora naquela noite, o que deixou inclusive algumas pessoas desabrigadas, como é o caso de Verno Kleinhans, morador de Boa Vista e de Sandra Tiggemann, em Linha Catarina.

Por sorte, o homem não se encontrava na casa no momento. Segundo ela, foram vividos momentos de pânico e terror durante a passagem do vendaval. “Foi tudo muito rápido, o vento veio e levantou as telhas. Como a corrente de ar estava dentro de casa, não se conseguia segurar mais as janelas e tudo começou a abrir. Tivemos problemas não só na residência, mas também nos aviários, queda de muro, perdas de telhas nos galpões. Espero nunca mais passar por isso”, compartilha. No local, outra residência próxima, de propriedade de Darci Schaeffer, também foi destelhada.

Danos

Em Teutônia, a Via Láctea registrou inúmeras árvores caídas e sujeira carregada pelos fortes ventos. Foi registrado destelhamento de cerca de 80 casas, em diferentes localidades, além de quedas de árvores e interrupção do fornecimento de energia elétrica. No Centro Administrativo, ocorreu queda de telhas nos prédios da Prefeitura e da Câmara de Vereadores.

A Secretaria de Saúde foi a mais afetada, com inúmeros equipamentos eletrônicos danificados. Os bairros Languiru, Alesgut, Boa Vista e o interior foram os mais atingidos. No Bairro Languiru, o prédio da loja Companhia Sapatos teve a fachada atingida pelas fortes rajadas de vento. Cerca de 40 propriedades rurais foram atingidas e mais de 3 mil metros quadrados de lonas distribuídas.

O Hospital Ouro Branco enfrentou destelhamento, atingido a ala da cozinha e do serviço de nutrição. Ainda, um problema que é recorrente quando chove é o declive da Urgência e Emergência – muita água entrou no setor, molhando móveis. O prejuízo da casa de saúde foi estimado em R$ 9 mil.

Em Imigrante não houve grandes estragos, conforme aponta o prefeito Germano Stevens. Foram apontados quedas de barreiras em estradas e telhados de residências levados pelo vento. Foram distribuídos 311 metros quadrados de lona.

Em Westfália houve registro de lavouras atingidas e de interrupção do fornecimento de energia elétrica. A energia na cidade foi completamente restabelecida na tarde desta quinta-feira (18/1). Cerca de três casas ficaram destelhadas, além de galpões e lavouras de milho afetadas. Apesar disso, segundo a Prefeitura, não foi necessário distribuir lonas. O Município auxiliou com serviços de máquina para a remoção de materiais nas propriedades. A cidade registrou danos em todas as localidades.

Em Colinas, o balanço preliminar dos prejuízos indica que nove residências sofreram destelhamentos. A Sociedade Cultural e Esportiva de Linha Ano Bom também foi afetada. Além das casas, foram afetados aviários, chiqueiros, empresas e empreendimento turísticos. A localidade mais afetada, segundo a Prefeitura, foi a Linha Ano Bom.

Fazenda Vilanova não teve situações graves registradas. Porém, houve quedas de árvores e o município ficou sem energia elétrica e sem sinal de telefonia móvel por cerca de 30 horas.

Em Paverama houve ventos de mais de 110 km/h, resultando em árvores caídas sobre a rede elétrica, diversas estradas danificadas e casas destelhadas. O fenômeno climático, deixou praticamente todo o município sem energia e fornecimento de água, sinal de celular e internet. A falta de energia elétrica persistiu até o meio-dia de quinta-feira, deixando o município sem comunicação. Muitas das árvores foram arrancadas pela raiz, bloqueando estradas e causando transtornos a motoristas e pedestres. A Estrada Geral foi a que sofreu mais com os estragos, com danos em toda a sua extensão.

Em Poço das Antas foram distribuídos cerca de 800 metros quadrados de lona. Pelo menos 80 casas e galpões sofreram algum tipo de dano. Os problemas maiores foram registrados nas linhas Fritzenberg e Goelzenberg, que sofrem com a falta de água. Há ao menos 20 postes danificados, e a prefeita Vânia Brackmann acredita que o retorno deve demorar. Produções estão sendo mantidas por geradores.

Em Lajeado, foram mais de 350 casas destelhadas e 4 mil metros de lonas distribuídas. Os bairros mais afetados foram o Santo Antônio, Nações, Olarias, Conventos e Centenário. Já em Estrela, 574 famílias tiveram suas casas danificadas. Um prédio residencial, localizado na Rua João Lino Braun, no Bairro Boa União, sofreu diversas avarias e os moradores precisaram deixar o local.

O prefeitos de Teutônia, Estrela, Poço das Antas e Colinas decretaram situação de emergência.

O que ocorreu

A meteorologista da MetSul, Estael Sias, explica que o fenômeno vivenciado no Estado envolveu a formação de uma extensa linha de instabilidade gerada por uma baixa pressão atmosférica, que começou a se formar entre a Cordilheira dos Andes, no Chile, e recebeu alimentação de ar muito quente vindo do Paraguai.

“Esse contraste da temperatura em níveis médios da atmosfera formou essa extensa linha de temporais que começou no Oeste gaúcho e se deslocou até a parte central do Estado. Em muitos pontos, os acumulados de precipitação foram altos e muito concentrados em poucas horas, provocando alagamentos em diversos municípios”, cita. Ela descarta ter se tratado de um tornado ou microexplosão.

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