Guias elaborados por pesquisadores da Univates auxiliam comunidade a identificar espécies presentes nas margens de cursos d’água da região 

Material digital focado em plantas pode ser acessado gratuitamente 

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Crédito: Divulgação

Universidade do Vale do Taquari – Univates, por meio de pesquisadores vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec), ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Gestão Sustentáveis (PPGTECG) e ao Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), está lançando duas cartilhas para auxiliar a comunidade do Vale do Taquari a identificar espécies de plantas nativas e invasoras presentes nas margens de rios e arroios da região. 

Os materiais têm apoio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema-RS), com financiamento da CEEE Distribuição – Grupo Equatorial de Energia, e fazem parte do projeto de pesquisa “Estudo de metodologias de restauração da cobertura vegetal das margens de rios e arroios da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari”, desenvolvido na Univates. O projeto de pesquisa, os estudos derivados dele e a produção das cartilhas são coordenados pela professora da Univates Elisete Maria de Freitas. 

O objetivo dos documentos é divulgar o conhecimento científico, oriundo de atividades de pesquisa realizadas na Universidade, sobre espécies de plantas e técnicas necessárias para a adequada proteção das margens de rios e arroios no Vale do Taquari, como é o caso do Rio Taquari. Disponibilizados no formato digital, os guias constituem uma estratégia de transferência de conhecimento científico para simplificar e divulgar informações técnicas de forma acessível e prática para produtores rurais, técnicos da área ambiental e prefeituras municipais.

Produzidos por especialistas e pesquisadores e levando em consideração a realidade local, os documentos consolidam informações atualizadas e contextualizadas para identificação de plantas nativas e exóticas invasoras, com foco na restauração de áreas degradadas em margens de rios e arroios. Nas cartilhas são apresentadas imagens das espécies para auxiliar na identificação com nome científico, família, nome popular, ambientes suscetíveis à invasão, meios de dispersão, impactos e medidas preventivas (no caso das espécies invasoras). No caso das espécies nativas, a cartilha inclui o modo de produção de mudas.

Clique aqui para conferir o “Guia ilustrado de plantas exóticas invasoras nas margens de rios e arroios da Bacia Hidrográfica do rio Taquari”, com 15 espécies, e aqui para conferir o “Guia ilustrado de espécies vegetais nativas de florestas ribeirinhas da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari”, que apresenta 17 espécies.

Assinam o primeiro guia os pesquisadores Elisete Maria de Freitas, Augusto Pretto Chemin, Carla Roberta Orlandi e Marcos Vinicius Vizioli Klaus. O segundo tem autoria de Carla Roberta Orlandi, Augusto Pretto Chemin, Marcos Vinicius Vizioli Klaus, Mathias Hofstätter, Diego Brandão de Brito e Elisete Maria de Freitas. 

Produção de conhecimento e aplicação local

Segundo a coordenadora da iniciativa, professora Elisete Maria de Freitas, “a elaboração dos documentos já estava prevista quando o projeto foi apresentado para a equipe da Sema-RS, com o intuito de auxiliar na identificação das espécies plantas que devem ser usadas na restauração das áreas degradadas em margens de rios na nossa região”. 

A docente diz que a correta identificação das espécies é essencial para o sucesso dos projetos de recuperação dessas áreas quando degradadas, pois nem todas as plantas sobrevivem à presença constante de água ou às inundações e enchentes. “Ou seja, existem espécies que não são eficientes na contenção dos processos erosivos nas margens de rios. Então, o guia serve para que as pessoas (proprietários de terras e técnicos das áreas ambientais) tenham como se orientar na escolha das espécies. Além disso, deve orientar a coleta de sementes por parte de viveiristas, já que é rara a existência de mudas de espécies nativas de beira de rios e arroios”, detalha. 

“Outra motivação para a elaboração dos guias é a necessidade de controlar a presença de espécies exóticas invasoras, já que são muito prejudiciais aos ecossistemas. Nesse sentido, os guias apresentam as espécies invasoras mais comuns para facilitar a sua identificação e, assim, evitar que elas sejam utilizadas erroneamente em plantios, ou orientar para que sejam removidas quando presentes nas áreas, pois impedem o desenvolvimento das plantas nativas”, explica Elisete. “Elaborar o guia visa a promover a aplicação do conhecimento desenvolvido. De nada serve desenvolver conhecimento e não divulgá-lo para que tenha aplicação regional”. 

Para entender 

As matas ciliares dos rios na Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas eram, antes das duas inundações em 2023, reduzidas a estreitas faixas e se mostraram insuficientes para a proteção das margens. A falta delas, como percebido desde setembro de 2023, acarreta problemas tanto ambientais quanto econômicos, já que desempenham papel fundamental na contenção dos processos erosivos e na atuação como filtros naturais para impedir a entrada de substâncias indesejadas nos cursos d’água, além de outros serviços ambientais como o fornecimento de alimentos e refúgio para os animais.

Os produtores rurais têm um papel nesse sentido. Em paralelo aos movimentos de pesquisa que a Universidade propõe, existe a Lei de Proteção da Vegetação Nativa (nº 12.651), de 2012, que exige que os proprietários restaurem áreas de cobertura vegetal de suas propriedades. “O projeto também vai envolver produtores rurais. Dessa forma, precisamos pensar em métodos de restauração que não sejam caros, já que, no longo prazo, os produtores terão que comprar mudas e manejá-las em suas propriedades”, esclarece a pesquisadora Elisete. 

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