Forças de segurança trabalham para abrir corredor humanitário, diz coronel da Defesa Civil de SP

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Crédito: Reprodução YouTube

Na tarde deste sábado (4/5) o tenente coronel Fabiano Dorneles, o capitão Roberto Farina, da Defesa Civil de SP e o geólogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de SP, Marcelo Gramani concederam entrevista exclusiva à Rádio Popular FM.

Farina apontou que o Rio Grande do Sul está no centro das atenções do país. “Nos solidarizamos com os irmãos gaúchos e estamos muito consternados com o que encontramos aqui”.

Tendo comparecido também na enchente de setembro de 2023, a Defesa Civil de São Paulo tinha como missão, no início, integrar o comando avançado de Lajeado. Porém, ao chegarem em Estrela por volta das 23h30 de quarta-feira (1º/5), a ponte sobre o Rio Taquari entre Estrela e Lajeado estava inacessível. Eles então montaram a base provisória em Estrela.

Foi a Defesa Civil de SP que instalou, a partir de conferência de Gramani, uma medição a partir da régua já utilizada pela Defesa Civil municipal. “Passamos então pelas ruas de Estrela, e havia muita gente dormindo na rua. Fizemos o papel de orientar as pessoas”, disse.

“Quando voltamos para as vistorias e fomos à ponte do Taquari, que estava totalmente submersa, vimos a gravidade em que se coloava a região”, disse Farina. O grande espanto foi descobrir que estavam ilhados pela BR-386. A quantidade de chuva e a proporção dessa tragédia é uma das maiores no Brasil”, comentou.

Farina explica que as forças de segurança trabalham para abrir um corredor de ajuda humanitária. “Conversamos com a Defesa Civil do RS para abrir um centro logístico de auxilio humanitário para as pessoas que vivem deste lado do rio.” Mas não é possível ajudar sem logística, e Farina segue em direção a Caxias do Sul para conferir as condições de trafegabilidade. Se houver acesso até Teutônia, será possível que aeronaves pousem em Caxias e que os suprimentos cheguem até as cidades.

O Estado de São Paulo receberá, além dos quatro agentes já alocados, mais uma equipe, que ficará no comando central na capital. Para o Vale devem vir dois helicópteros, sendo um aeromédico e outro que possui condições de operar em baixa visibilidade.

Dorneles enalteceu os serviços de rádio que, segundo ele, foram fundamentais para a comunicação no estado. Também aos voluntários, que salvaram muitas pessoas. “Se não fosse a ajuda dos barqueiros, por exemplo, a tragédia teria sido muito pior, e falo só de Estrela. Proprietários de Jet Skis, jipeiros, motoqueiros subindo morros tentando ajudar a população… Em Linha Harmonia, um rapaz de moto com um alto faltante informando as pessoas para deixarem suas casas”, citou.

Ele comentou ainda sobre o Hospital Estrela, que foi atingido pelas águas nos dois primeiros andares. Aeronaves da Marinha trouxeram um gerador que, inicialmente, atendeu o setor de Emergência, e agora permite também o funcionamento do setor de hemodiálise.

Outra boa notícia é a vinda de um hospital de campanha para Estrela, que já está sendo construído e deve entrar em operação neste domingo (5/5).

Ele informa que os teutonienses que quiserem doar itens devem procurar a Assistência Social do município. Também pediu encarecidamente à população que evite deslocamentos, uma vez que o Arroio Boa Vista passou por forte elevação e as pontes ainda em pé precisam de avaliação. “Evitem pontilhões. Não queremos aumentar a tragédia.”

O tenente coronel tranquilizou a população quanto aos alimentos. “Alimento para a região não vai faltar. Não precisa estocar, lotar mercados e levar tudo; os acessos estão sendo restabelecidos, pensem nos demais”, alertou.

Para ele, Teutônia hoje é referência no Vale, principalmente em fornecimento de energia e internet. “Para o 40º BPM está sendo essencial. Recebemos policiais de Estrela e região, que vem aqui, tomam banhos quentes e descansam”, disse. A equipe da Defesa Civil de SP está instalada no município.

“Agora que o rio diminuiu a cota, é lógico que diminui a questão dos resgates aqui em Estrela, mas em outros lugares ainda é necessário. Repassamos isso para o comando regional para que eles possam fazer o socorro de forma aérea.”

Gramani, um dos principais geólogos de São Paulo, alertou: “Temos um futuro, e ele é próximo, porque ainda temos previsão de chuva para a próxima semana. Então, todo o cuidado com as pessoas que moram próximo a rios, arroios e córregos. A bacia toda está muito carregada, ainda há água descendo. Ainda que recebamos mais volume – não no mesmo grau de perigo – precisamos de atenção”, sinalizou. Para um futuro mais distante, citou a avaliação dos rios, margens e encostas de morros.

Segundo ele, as áreas nas encostas seguem sendo áreas extremamente perigosas. “A informação de que ficar em casa é seguro depende muito de onde fica a casa. É preciso sair preventivamente, preservando a vida, mas de forma temporária, porque o escorregamento ocorre no período de chuva. Passando o período de chuva, volta, faz a avaliação técnica para garantir a segurança. Mas uma ocupação de encosta e morro sempre será perigosa, mesmo apesar de avaliação”, argumentou.

Ele explicou que relevos acidentados, possuem massa instável que, quando enxarcada, pesa o dobro. “Mesmo sem chuva, será sempre considerada como sucetível.” Apontou ainda que as rachaduras nos solos são a primeira resposta de um possível deslizamento. “Trincas em casas, postes e muros que começam a se inclinar são sinais de escorregamento”, disse. Já caso as rachaduras sejam na vertical, é mais provável que o solo esteja trabalhando devido ao seu enxarcamento.

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