Para os gaúchos, setembro é o mês mais aguardado no ano. São 30 dias em que Rio Grande do Sul se mobiliza para cultivar a cultura e preservar o que é da terra, da tradição, do nativismo.
Teutônia, apesar da forte presença da cultura germânica, também celebra o tradicionalismo com uma programação organizada pelos CTGs e piquetes da cidade. Além disso, há 8 anos a cidade une os piquetes e CTGs no Acampamento Farroupilha com inúmeras atividades, desde danças, músicas, compartilhamento do tradicional churrasco, a oficinas com crianças e torneios. E o mais importante, estar perto da Chama Crioula, que carrega o sentimento de todo um povo.
Chegada da Chama Crioula
Mesmo que as atividades dos piquetes tenham começado nos últimos dias de agosto, é a chegada da Chama Crioula que abre, oficialmente, a Semana Farroupilha. A chama, que representa a força do povo que tem no Rio Grande do Sul não somente o estado, mas sim a tradição, foi carregada ao acampamento por Carlos Henrique Dahmer, acompanhado do grupo do Piquete Galpão do Henrique. O acendimento ocorreu no sábado (14/9).
Mais conhecido como Henrique, Dahmer demostra o orgulho e a honra em ter percorrido 578 km na cavalgada de 16 dias até Alegrete para buscar a centelha oficial. Desde 2019, participa da jornada junto de outros companheiros.
“Me sinto honrado de poder ter feito esse trajeto, foi uma cavalgada para a qual eu me preparei desde o ano passado. Preparei meus animais, o psicológico, porque é uma época de chuva e de frio, mas essa aí teve um agravante, que foi o minuano. O vento minuano, como falam lá na fronteira, quando ele sopra, sopra mesmo, então esse foi um desafio à parte, que a gente não conseguia mensurar o tamanho”, detalha Dahmer.
“Talvez nessa vida eu não tenha um prazer tão grande em cima do cavalo como foi trazer a chama de Alegrete para Teutônia”
Carlos Henrique Dahmer – Cavalariano
Neste ano cavalgada foi mais especial, devido à incerteza de se haveria ou não a distribuição da chama, tendo em vista o desastre climático de maio. Percorrer grande parte do Rio Grande do Sul e ver de perto o impacto das cheias foi uma experiência intensa e de grande troca com os demais representantes de outras regiões. Estar com os amigos conquistados ao longo dos anos de cavalgada, compartilhar o sentimento de amor pela terra riograndense é o que move Dahmer.
“Sou um cara apaixonado pela tradição e, apesar de tudo que aconteceu, poder fazer uma cavalgada crioula, falta palavras para dizer, bem sinceramente, mas é um privilégio que poucos tiveram, e eu sou um cara realizado por ser um dos poucos que fez essa quilometragem no Vale do Taquari”, enfatiza. Em 2025, o desafio será menor em quilometragem, mas não em importância. A Chama Crioula será distribuída em Caxias do Sul.
Após a cerimônia e execução dos hinos do Brasil, Rio Grande do Sul e de Teutônia, foi aberta a programação oficial do 8º Acampamento Farroupilha, que segue até o próximo fim de semana com atividades no Pavilhão Multiuso do Centro Administrativo.
Fortalecimento cultural
Atração principal do sábado, pela primeira vez Os Fagundes realizaram um show em Teutônia. Porém, Neto Fagundes já acompanhou o tio, Nico Fagundes, em gravação do programa Galpão Crioulo na cidade. O momento foi marcante para os irmãos Neto, Ernesto e Paulinho Fagundes e os irmãos de estrada, Rafa Marques e Matheus Kleber.
“Tio Nico sempre disse que a nossa cultura gauchesca só se consolida realmente com a entrada da cultura germânica. Ela tinha muita força europeia através da questão portuguesa, das danças, a cultura espanhola, dos indígenas, os negros e os argentinos uruguaios ali da fronteira. É com a chegada da cultura germânica para consolidar tudo isso que as nossas raízes e as nossas origens são fortalecidas”, explica Neto.
Confira a programação: