8 anos sem Schardong

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Schardong, acompanhado das filhas Carline e Cristiane e da esposa Tânia / Crédito: Arquivo Pessoal

O dia 12 de outubro tem um peso especial para Tânia Schardong. A data marca o falecimento do marido, Valdir Inácio Schardong, jornalista e sócio-fundador do Grupo Popular. Em 2016, ele não resistiu às complicações de um câncer na medula e faleceu aos 60 anos. Na comunidade, é lembrado pelo profissionalismo e dedicação. Em casa, as memórias são afetuosas e eternas.

Tânia e Schardong tiveram duas filhas, Carline e Cristiane, e um relacionamento de mais de 30 anos. Eles se conheceram na Cooperativa Languiru, onde trabalhavam. “A primeira vez que nos vimos, eu estava me deslocando no trabalho, e ele, gentilmente, abriu a porta para eu passar. Não era comum esse tipo de gentileza. Fiquei encantada com a atitude. Foi amor à primeira vista de ambos”, relembra Tânia.

A seriedade e o comprometimento sempre marcaram a personalidade de Schardong, natural de Arroio do Meio. Tânia também destaca respeito, empatia, carinho e espiritualidade. A descoberta da doença foi um golpe duro que a família enfrentou de mãos dadas.

Conforme Tânia, Schardong fazia exames regularmente. Apesar de uma alimentação saudável, um hemograma de rotina indicou anemia, o que chamou a atenção. “Ele já vinha sentindo muitas dores na coluna que irradiavam para as pernas. Achamos melhor consultar uma hematologista e, após exames mais aprofundados, descobrimos o mieloma múltiplo”, conta Tânia.

Abalados com o diagnóstico, a família começou uma rotina de consultas médicas, exames e a adaptação a uma nova realidade. Durante seis anos, Schardong lutou contra a doença, até falecer na madrugada de 12 de outubro, no Hospital Bruno Born, em Lajeado.

A vida no jornalismo

Os colegas de Schardong no Grupo Popular não esquecem os ensinamentos e a convivência com ele. Para Silvio Brune, o compromisso, a seriedade e o talento eram marcantes. “Ele tinha valores bem definidos. Sempre foi imparcial, um exemplo de jornalista, e tinha uma credibilidade extraordinária”, comenta.

Schardong produziu programas de rádio para a Cooperativa Languiru e outras emissoras da região, além de ter fundado, junto com o jornalista Deolí Gräff, a Folha de Teutônia – atual Folha Popular. Em 1988, Brune recebeu a concessão de uma rádio, implantada no ano seguinte. “Isso exigia estruturação de uma programação, e precisávamos de alguém com conhecimento, que era ele. Juntamos o jornal dele com a rádio, e fizemos a fusão”, relembra Brune.

Mesmo doente, Schardong nunca abriu mão do trabalho. Para Brune, a luta do amigo contra o câncer foi marcada por resiliência.


Silvio Brune guarda na mesa de trabalho o presente que ganhou do amigo, quando visitou a França / Crédito: Júlia Amaral

“O microfone é como uma comida”

A força de vontade de Schardong também é lembrada por Arno von Mühlen, conhecido como Famil, sócio, amigo e responsável pela parte técnica da rádio. Ele guarda com carinho as lições aprendidas ao lado do colega, como nas transmissões de bailes e jogos. “O que ele sabia, ele ensinava. Não guardava nada só para si. Isso também eu aprendi com ele”, comenta Famil.

Schardong transformou o trabalho com rádio. “A postura do microfone foi o fato mais marcante que ele me ensinou. Porque o microfone, ele disse pra mim, isso é uma comida. E tu tá devorando ela. Então, tu não pode ficar falando para os lados. Tem que falar reto em cima dele. Mexe só os olhos pros lados”, lembra.

Reconhecido por programas com boa programação de bandinhas e sertanejo raiz, Famil lembra que muito do repertório foi influenciado pelo colega, que conhecia o público do interior e as preferências musicais.

Legados

A lista de legados deixados por Schardong é extensa. No entanto, Tânia destaca um ponto crucial: “Estamos no Outubro Rosa e logo chegaremos no Novembro Azul. A maior lição que ele nos deixou foi cuidar do nosso corpo, da nossa saúde mental e de nossas condutas. Isso é o que deixamos de legado”, reflete Tânia.

Valdir Inácio Schardong, o jornalista que ajudou a moldar a comunicação em Teutônia e região, será lembrado com carinho e respeito por todos que o conheceram. Jornalista, inspirou e deixou legados também na sequência. Lucas Leandro Brune, o atual diretor da área, lembra das boas provocações de Schardong: “Lucas! Já pensaste em estudar jornalismo? E depois de formado: tu precisas vir mais para o rádio”, relembra.

Valdir Schardong recebeu o título de cidadão teutoniense no dia 20 de dezembro de 2007.

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