Centros mais movimentados e esvaziamento do interior. Essa é a realidade sobre os municípios do G7 apontada pelos dados mais recentes do Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o estudo, entre 2010 e 2022, a região ganhou 8.286 moradores na área urbana, enquanto perdeu 1.717 residentes na área rural. No total, houve um acréscimo de 6.572 habitantes, o que corresponde a um crescimento populacional de 13,34%.
Até o Censo de 2010, o interior abrigava 15.238 moradores, número que caiu para 13.497 em 2022 – uma redução de 11,43%. O professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates, Augusto Alves, lembra que o êxodo rural é um fenômeno antigo, iniciado na Inglaterra no século 18, com a Revolução Industrial. No Brasil, especialmente no Vale do Taquari, o movimento migratório começou na década de 1960.
“Esse deslocamento ainda ocorre, embora de forma menos intensa. Por um lado, é negativo, porque a continuidade das propriedades rurais é interrompida. Por outro, a gente sabe que a cidade atrai mais pela qualidade de vida. No meio rural, não há férias; o trabalho é constante, uma lida diária”, analisa Alves.
Conforme Augusto, cada município enfrenta os impactos desse processo de maneira diferente, dependendo do ritmo de crescimento, do tamanho do território e da população. Entre as consequências estão o abandono de propriedades rurais, que se tornam obsoletas e acabam sendo tomadas pela vegetação, e a expansão urbana, com o surgimento de novos bairros e edificações.
Crescimento no interior e na cidade
Fazenda Vilanova foi o único município do G7 a registrar aumento populacional, tanto nas áreas urbanas quanto rurais, com um acréscimo geral de 16%. O professor Augusto destaca a influência da proximidade com a BR-386 e o menor custo dos terrenos em comparação com cidades maiores, como Lajeado.
O prefeito da cidade, Amarildo Luís da Silva, atribui o crescimento à melhoria nos serviços de saúde, educação e geração de emprego e renda. “As pessoas passam por Fazenda Vilanova ou visitam parentes e percebem que há oportunidades. Foi um conjunto de fatores que impulsionou esse crescimento”, afirma. Ele também ressalta avanços na saúde, como melhorias no atendimento, distribuição de medicamentos e exames custeados pelo Município.
Por outro lado, Paverama registrou redução populacional, com 66 moradores a menos em 12 anos. Colinas teve uma variação modesta, de 1,1%. Westfália, por sua vez, foi o município com maior crescimento urbano, atribuído pela Administração Municipal “à qualidade de vida oferecida, com destaque para a excelência em educação, saúde e oportunidades profissionais”.
Teutônia, a segunda maior cidade do Vale do Taquari, também apresentou crescimento significativo. Um estudo específico sobre o município foi publicado em 20 de novembro e pode ser acessado pelo QR Code da matéria.
Análise dos dados pós-enchente
O Censo 2022 estava originalmente previsto para 2020, mas foi adiado devido à pandemia e, posteriormente, a questões orçamentárias. A coleta começou em agosto de 2022 e foi concluída em março de 2023. A divulgação dos dados por áreas urbanas, rurais e bairros foi a etapa final da análise.
Desde setembro de 2023, a região tem enfrentado mudanças demográficas significativas devido à enchente, com bairros esvaziados e cidades não atingidas recebendo novos moradores. “Infelizmente, só será possível comparar esses dados no próximo Censo Demográfico, em 2030”, explica Paulo Ricardo Hamester, coordenador do Censo do IBGE em Lajeado. Por ora, o IBGE trabalha com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, que atualiza dados em nível nacional, mas não abrange todos os municípios.
| Variável – População residente (Pessoas) | |||||||||
| Município | 2022 | 2010 | Variação | ||||||
| Total | Urbana | Rural | Total | Urbana | Rural | Total | Urbana | Rural | |
| Colinas (RS) | 2.423 | 1.093 | 1.330 | 2.420 | 1.105 | 1.315 | 0,1% | -1,1% | 1,1% |
| Fazenda Vilanova (RS) | 4.291 | 2.459 | 1.832 | 3.697 | 2.013 | 1.684 | 16,1% | 22,2% | 8,8% |
| Imigrante (RS) | 3.080 | 1.761 | 1.319 | 3.023 | 1.499 | 1.524 | 1,9% | 17,5% | -13,5% |
| Paverama (RS) | 7.978 | 4.614 | 3.364 | 8.044 | 4.098 | 3.946 | -0,8% | 12,6% | -14,7% |
| Poço das Antas (RS) | 2.171 | 1.197 | 974 | 2.017 | 861 | 1.156 | 7,6% | 39,0% | -15,7% |
| Teutônia (RS) | 32.797 | 29.487 | 3.310 | 27.272 | 23.322 | 3.950 | 20,3% | 26,4% | -16,2% |
| Westfália (RS) | 3.098 | 1.703 | 1.395 | 2.793 | 1.130 | 1.663 | 10,9% | 50,7% | -16,1% |
