Previsão de estiagem já preocupa o setor agrícola

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A cultura do milho é uma das que já enfrenta dificuldades com os solos / Crédito: Ariana de Oliveira

Os dias mais secos e quentes já são sentidos por todos e apontam a tendência da estação neste ano. O verão 2025 no Vale do Taquari será marcado por chuvas irregulares, especialmente neste mês de em janeiro, com a estiagem nos primeiros 15 dias, sentido sobretudo pelos produtores rurais. É o que alerta a meteorologista Maria Angélica Cardoso, do Núcleo de Informações Hidrometeorológicas (NIH) da Univates. Em entrevista à Rádio Popular, ela detalhou as previsões climáticas para os próximos meses, destacando a influência do La Niña e a necessidade de atenção dos agricultores. “A precipitação vai ser baixa no Vale nos primeiros 20 dias de janeiro. Depois, em fevereiro, os modelos apontam para chuva mais próxima da média. Talvez até um pouquinho acima”, explica Maria Angélica.

A irregularidade das chuvas se concentrará principalmente em março, com precipitação abaixo da média histórica. Apesar da previsão de estiagem, Maria Angélica descarta a ocorrência de seca severa ou prolongada, principalmente em janeiro. Para os agricultores, a recomendação é ficar atento à necessidade de irrigação, principalmente nos primeiros 20 dias do ano.

Fetag, Emater e STRs já manifestam preocupação

Na semana passada, representantes das coordenadorias das 23 regionais e a diretoria da

Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) realizaram reunião para avaliar o cenário da agricultura até o momento.

O vice-presidente da Fetag, Eugênio Zanetti, aponta o um cenário desolador em muitas regiões gaúchas. Porém, Litoral, Serra, Região Sinosserra, Campos de Cima da Serra, Alto Uruguai e Camaquã apresentam até o momento uma situação mais tranquila.

No entanto, outras regiões já são castigadas com a estiagem. “Principalmente toda aquela metade Norte, de Passo Fundo, Carazinho, Alto Jacuí, indo pro lado da fronteira e Missões, fronteira noroeste, Santa Rosa e Três Passos, tá bem crítica a situação”, alerta.

Zanetti menciona a preocupação com a previsão. “Se chovesse agora ainda dava pra recuperar muita coisa. O problema é que as previsões não são boas e os relatos é que em muitos lugares as perdas são irreversíveis”, disse.

Se chovesse agora ainda dava pra recuperar muita coisa”

Eugênio ZanettiVice-presidente da Fetag-RS.

A orientação da Federação é que os sindicatos dos municípios, diante da situação particular de cada um, decretem situação de emergência. Em conversa entre as instituições com o Ministro da Agricultura, Paulo da Teixeira, a preocupação com a estiagem foi alertada e seguirão nas tratativas até a configuração do estado de emergência no agro.

A expectativa é que os olhares dos governos estadual e federal voltem-se para a solução da situação dos produtores rurais, buscando medidas para socorrer os agricultores que vem de situação de ciclos de estiagens e enchentes.

O gerente regional da Emater/RS-Ascar de Lajeado, Cristiano Laste, esclarece que no período de 6 a 12 de janeiro, as condições meteorológicas apresentaram temperaturas médias com padrões semelhantes ao período anterior, com precipitações de chuva abaixo da média para o período.

Porém, os pluviômetros do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) na região e do NIH, da Univates, não registraram precipitação nesta semana.

As condições apresentadas neste período mantêm os padrões para a época. Observaram-se em pontos bem localizados, algumas pancadas de chuva. “De forma geral, o quadro climático segue ainda favorável ao setor agropecuário, com alguns pontos de atenção e acompanhamento dos próximos dias, podendo apresentar deficiência de umidade na maturação e final dos ciclos de algumas culturas”, esclarece.

O coordenador regional dos STRs do Vale do Taquari, Marcos Antônio Hinrichsen, e o presidente do STR de Estrela, Rogério Heemann, acompanham a situação com preocupação. “Referente à questão da estiagem, nós tivemos chuvas normais até 31 de dezembro, dentro da normalidade, o que permitiu uma boa colheita inicial”, afirma Rogério.

No entanto, a falta de chuva nas últimas semanas, combinada com o calor intenso e o vento, tem prejudicado as plantações. “Só que agora a preocupação vem a seguinte, estamos há 15 dias sem chuva, com o excesso de calor e o vento – as plantas queimaram e o solo secou”, relata Heemann.

A falta de umidade no solo ameaça principalmente o milho plantado mais tarde, que está entrando em fase de desenvolvimento. A soja também sofre com a escassez de água, especialmente as plantações mais recentes. A situação também preocupa quem já plantou o milho safrinha após a colheita da silagem em dezembro. A expectativa é de que a chuva prevista para o fim de semana possa amenizar a situação, mas alguns agricultores já temem perdas na produção.

La niña menos intenso

Maria Angélica também destaca que o La Niña, fenômeno climático que impacta as chuvas no Rio Grande do Sul, terá curta duração em 2025, com previsão de término no outono. “É nessa estação que passamos para neutralidade climática”, projeta. A especialista explica que o La Niña se caracteriza por diminuir a chuva na região e trazer frentes frias mais oceânicas, o que resulta em dias quentes e secos após a passagem da frente fria.

Embora as temperaturas médias fiquem acima do normal em janeiro e fevereiro, Cardoso tranquiliza a população afirmando que não há previsão de ondas de calor intensas e prolongadas, como as que ocorreram em 2022 e 2023. “Pode ter umas duas ondas de calor, mas elas vão ser de curta duração”, afirma.

A previsão para o segundo trimestre – abril, maio e junho – indica neutralidade climática, com chuvas dentro da média histórica. “E pelo menos até o inverno se se mantenha essa essa neutralidade climática”, conclui.

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