Aumento no registro de violência doméstica pode refletir maior confiança na Justiça, explica delegada regional da Polícia Civil 

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Se uma mulher fizer este sinal, saiba que ela está precisando de ajuda / Crédito: Ariana de Oliveira

Em entrevista ao Rádio Notícias Folha Popular desta segunda-feira (10/3),  Shana Luft Hartz, delegada regional da Polícia Civil, abordou os índices de violência na região comentando sobre a redução de notificações de ameaças em Teutônia e o aumento em outros municípios como Poço das Antas e Colinas. Segundo a delegada, apesar de qualquer registro de violência ser negativo, um aumento nesses dados não significa necessariamente um crescimento da violência em si. 

“Este dado não é tão negativo  quanto a gente pensa. Claro, qualquer registro de violência ele é negativo, com certeza para toda a sociedade, mas também reflete uma maior percepção da confiança nos meios de segurança também e também na questão de se sentirem à vontade em relação à justiça”, destaca a delegada.

Preconceito social ainda dificulta as denúncias de violência contra a mulher 

A delegada também destacou que, excluindo os casos de feminicídio, muitos crimes envolvendo mulheres, como lesão corporal, crimes contra a honra, assédio e perturbação, ainda sofrem com o preconceito social, o que dificulta o registro de ocorrências. “As mulheres têm constrangimento de registrar ocorrência, de buscar a ajuda da polícia. As mulheres muitas vezes têm receio de um julgamento que vai ser feito”. Esse medo faz com que a violência permaneça escondida por muitos anos. 

“A gente tem uma estatística que mostra que a mulher procura buscar ajuda depois de sofrer essa violência em torno de 10 anos de uma forma calada”.

Registrar a violência é fundamental 

Shana ressaltou que o aumento do número de registros pode indicar que mulheres estão se sentindo mais empoderadas para buscar ajuda. “Esse aumento do número de registros não quer dizer que está aumentando o índice desta ocorrência.  Muitas vezes é o aumento da capacidade da mulher de procurar ajuda”. Ela enfatizou a importância da vítima narrar o que está acontecendo, pois isso modula toda a questão de estrutura da segurança pública, de modulação de mecanismos de proteção para a mulher.

Violência online contra mulheres também requer atenção e denúncia 

A delegada chamou a atenção para a violência online, como o stalking e o envio de mensagens indesejáveis pelas redes sociais. “Isso também ocorre muito frequentemente com as mulheres que são incomodadas por pessoas que ficam stalkeando, que ficam seguindo, mandando mensagens indesejáveis. Então isso também tem que ser frisado”. Ela encorajou as mulheres que se sentem perturbadas a procurar ajuda e registrar ocorrência para que a polícia possa intervir.

Estrutura policial e atendimento a mulheres no Vale do Taquari

O Vale do Taquari possui 19 delegacias, sendo uma delas especializada no atendimento à mulher, localizada em Lajeado. No entanto, ela esclareceu que todas as delegacias de polícia onde não há uma elegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam), como é o caso aqui de Lajeado, tem atribuição também para violência contra as mulheres. Além disso, ela mencionou a delegacia online como um recurso importante para quem se sente constrangido em procurar ajuda presencialmente.

Violência contra às mulheres é sazonal 

A delegada observou que os índices de violência doméstica tendem a crescer nos meses de verão no Rio Grande do Sul, devido a fatores sociais como maior presença nas ruas e aumento do consumo de álcool. Ela também destacou um aumento significativo nos pedidos de medidas protetivas em âmbito estadual, o que demonstra que as mulheres estão pedindo mais ajuda, se sentindo mais empoderadas a ir atrás dos seus direitos e a pedir ajuda. 

Combate à violência vem da mudança cultural 

A sociedade está passando por uma “época de mudança de cultura” em relação à violência doméstica, algo importante para homens, mulheres e futuras gerações. Ela afirmou que “a violência doméstica, agressão contra a mulher, ela não é mais admitida e ela não pode ser admitida”.

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