Moradores de Canabarro e autoridades se mobilizam novamente em busca de solução ao mau cheiro

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Cerca de 50 moradores participaram do encontro nessa segunda-feira - Crédito: Camille Lenz da Silva

Moradores do Loteamento Coxilha, no Bairro Canabarro, em Teutônia, realizaram reunião emergencial com vereadores da cidade para buscar soluções para o forte odor que emana quase diariamente pelas ruas da região e tem afetado diretamente a qualidade de vida da comunidade local. O encontro ocorreu nessa segunda-feira (19/5) na sede da Associação dos Moradores e envolveu cerca de 50 pessoas.

Todos afirmam que o cheiro é proveniente de uma empresa de farmoquímicos instalada nas redondezas. O odor é tão intenso que causa desconforto significativo, incluindo dor de cabeça, ânsia de vômito e dificuldade para comer e dormir, afetando a qualidade de vida dos moradores. O mau cheiro é persistente e já faz alguns colocarem suas propriedades à venda e buscarem outro local na cidade para morar.

O diretor da Emef Professor Teobaldo Closs, Jayme Quint Neto de Marco, também esteve na reunião. Segundo ele, mais de 700 alunos e 77 funcionários são afetados pelo mau cheiro frequente. “As crianças sequer fazem a refeição do jeito adequado, os professores têm ânsia de vômito e não conseguem dar aula. Indiretamente, mais de 2.500 famílias confiam na gente para fazermos um bom processo pedagógico, mas não tem como educar assim”, desabafou.

O atual presidente da Associação dos Moradores, Rosenilson Amaral, confessa que morar no bairro está insuportável. “O odor não tem hora, pode ser de madrugada, pode ser pela manhã, as crianças acordam dizendo que estão se sentindo mal, tem gente querendo se mudar”, situa.

Amaral cita que o grupo não quer que a empresa saia do local onde está. “Mas, sim, que nos ajude, porque, até o momento, ninguém nos procurou para arrumar uma solução para o problema”, diz.

A mobilização da comunidade foi acompanhada presencialmente pelos vereadores Moisés Bageston Cardozo “Cavalinho”, Neide Jaqueline Schwarz e Nerci Engelmann.

Cavalinho conta que esteve recentemente na empresa. “Quando cheguei, o odor não era tanto, mas, entrando nas salas onde é preparada a famosa mucosa, tive ânsia de vômito. O cheiro é muito forte, é insuportável. No entanto, eles [empresa] mostraram a documentação de que estava tudo em dia”, citou.

O vereador reforça que irá se debruçar sobre o problema com os demais colegas para buscar soluções. Na reunião, todos concordaram em conversar com o promotor de Justiça nesta terça-feira para entender quais os próximos passos. “Nosso objetivo é conseguir uma audiência com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam)”, apontou.

O órgão estadual é o detentor da licença de operação da empresa. Já a fiscalização das condições sanitárias e garantia de qualidade são de responsabilidade do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Promotoria

Estiveram presentes no encontro com o promotor Paulo Adair Manjabosco os três vereadores, o ex-presidente da Associação de Moradores, João Arquimedes Abreu, e o advogado Reginaldo Moraes, que esteve na reunião na noite anterior e se colocou a disposição para auxiliar os moradores.

Eles apresentaram ao promotor o histórico da situação. Localizada no Bairro Canabarro, na ERS-128 (Via Láctea), a fábrica em questão foi fundada em agosto de 2017 e iniciou suas atividades no ano seguinte. A presença de mau cheiro começou em julho de 2020, com agravamento a partir de outubro daquele ano. Depois de muita luta, suspensão de atividades e fiscalizações, o mau cheiro reduziu.

No entanto, a partir de outubro de 2024, o forte odor voltou a incomodar a população, “o que demonstra que a empresa não está cumprindo integralmente as determinações judiciais”, aponta o grupo.

O promotor leu parte da sentença da ação civil pública movida pelo Ministério Pú blico e orientou o grupo a organizar novamente um abaixo-assinado para reforçar as queixas populares. Também se comprometeu a solicitar os relatórios atualizados junto à Patram e a acompanhar de perto o caso, para garantir que a empresa cumpra as normas ambientais e opere sem causar prejuízos à comunidade.

Cavalinho cita que o promotor pediu pelos relatos dos moradores, como queixas de saúde em postos ou no hospital, e também da comunidade escolar. “Ele quer todos os relatos, porque na liminar de outubro passado, a empresa acordou em fazer melhorias para reduzir o cheiro, e alguma providência será tomada”, diz.

Conforme já combinado previamente na reunião de segunda-feira, os moradores coletam assinaturas, inclusive de outros loteamentos, para endossar o pedido por providências.

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