Com o fim do fenômeno El Niño, o clima no Vale do Taquari entra em um período de neutralidade. Isso significa que o Oceano Pacífico Equatorial não apresenta anomalias significativas de temperatura, nem para aquecimento nem para resfriamento, o que afasta, ao menos por ora, a influência de eventos extremos como os registrados em 2023 e 2024.
De acordo com a meteorologista Maria Angélica Cardoso, do Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates, essa neutralidade climática não garante estabilidade total, mas deve trazer certa regularidade às condições do tempo durante o mês de junho.
Chuvas mais bem distribuídas
Os modelos meteorológicos indicam que o mês deve apresentar precipitação dentro ou ligeiramente acima da média. Diferentemente de maio, quando a chuva se concentrou em um único episódio de grande volume, em junho os acumulados tendem a ser mais distribuídos ao longo das semanas.
Ainda assim, a meteorologista alerta para a possibilidade de temporais isolados, comuns na transição entre massas de ar frio e quente, especialmente com a formação de frentes frias e ciclones. Segundo ela, não há indicativo de eventos extremos como enchentes, mas é preciso atenção: “Os leitos dos rios ainda estão alterados desde a enchente de maio. Chuvas com volumes que antes não causavam impactos agora podem provocar correntes mais fortes.”
Frio ganha força e traz geadas
Com a chegada do inverno no dia 20 de junho, às 23h42, o mês já começa com o avanço de massas de ar frio. Segundo Maria Angélica, os termômetros devem registrar temperaturas próximas à média do mês, 15,3 °C, com máximas de 20,1 °C e mínimas de 11,6 °C. Alguns dias podem ser mais agradáveis, chegando a 25 °C ou 26 °C, mas o frio será predominante.
Três entradas de ar polar estão previstas para o mês: uma no início, outra em torno do dia 11, e mais uma no final de junho. “A expectativa é de pelo menos dois episódios de geada, principalmente nas áreas mais elevadas do Vale”, afirma a meteorologista.
Comparativo com junho do ano passado
Em junho de 2024, ainda sob influência do El Niño, a região teve chuvas muito acima da média, 98 mm a mais que o normal. As temperaturas também foram mais altas, com uma média de 18,1 °C e sensação de abafamento, o que contrastava com os impactos ainda recentes das enchentes.
Neste ano, a expectativa é diferente. “O mês de junho de 2025 deve ser mais frio e mais distribuído em termos de precipitação. As mínimas serão mais baixas, embora sem frio extremo prolongado”, compara Maria Angélica.
E o que esperar do inverno?
Com a permanência do cenário de neutralidade climática, o inverno deve seguir sem grandes anomalias. A previsão indica chuvas próximas à média e temperaturas dentro do esperado para a estação. Uma eventual formação do fenômeno La Niña só deve ser observada no final da primavera, mas ainda é incerta.
Agosto, tradicionalmente, já apresenta temperaturas mais elevadas e deve puxar para cima a média do trimestre de inverno. “Estamos em um momento de transição importante. A população pode se preparar para um inverno dentro da normalidade, com frio regular, geadas e algumas oscilações típicas da estação”, resume a meteorologista.