Na manhã desta quarta-feira (12/6), o programa Espaço Aberto abordou a violência contra a pessoa idosa. Em preparação ao Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho, a conversa recebeu Clari Clarice Pesseto, assistente social do CREAS, e Ana Cândida Jordani Barth, presidente do Conselho Municipal do Idoso e extensionista da Emater.
Durante o programa, as convidadas enfatizaram a importância da data como instrumento de mobilização social e reforço aos direitos da população idosa. O Estatuto do Idoso, como lembrou Clarice, é claro: toda forma de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão contra pessoas com mais de 60 anos é crime e deve ser combatida com prioridade absoluta.
“O CREAS atua justamente nas situações de violação de direitos. Muitas vezes, somos procurados por familiares que não sabem como lidar com um idoso em situação de vulnerabilidade. Nosso papel é orientar, fazer mediações e encaminhamentos, sempre respeitando a prioridade que a lei dá à família como responsável inicial pelos cuidados”, explicou Clarice.
Ana Cândida reforçou o trabalho do Conselho Municipal do Idoso, que atua em parceria com entidades e lares de acolhimento. “Não estamos aqui para fiscalizar, mas para apoiar. Quando fazemos visitas, oferecemos suporte técnico e orientação. Recebemos denúncias e buscamos assegurar que os lares estejam em condições adequadas, mesmo quando a violência acontece por desconhecimento ou negligência não intencional”, afirmou.
Violência silenciosa
Embora a agressão física seja a forma mais visível de violência, existem outras tão ou mais prejudiciais. A violência psicológica, por exemplo, pode ser identificada por mudanças comportamentais como isolamento, medo, depressão ou mesmo controle excessivo por parte de cuidadores. Já a violência financeira, comum e difícil de detectar, muitas vezes envolve o uso indevido da aposentadoria do idoso por parte de familiares.
“Às vezes o idoso já não tem mais condições de gerir seus próprios recursos, mas se recusa a aceitar isso. É um processo delicado. Orientamos que a família busque um laudo médico e, se necessário, inicie um pedido de curatela legal para garantir a proteção da pessoa idosa”, relatou Clarice.
Crise no cuidado
A mudança nos papéis sociais também impacta nas estruturas familiares “Vivemos uma crise do cuidado”, disse Ana. “A figura da cuidadora, geralmente uma mulher que ficava em casa, deixou de existir como padrão. Hoje todos trabalham fora e o cuidado com idosos, muitas vezes, é terceirizado. Isso pode gerar negligência, não por maldade, mas por desinformação ou falta de suporte.”
Ambas reforçaram que a conscientização é uma tarefa coletiva. Além de familiares e cuidadores, toda a comunidade tem papel fundamental na proteção da pessoa idosa. “Precisamos estar atentos aos sinais, desde odores e desnutrição até expressões de medo e solidão. É nosso dever garantir que todos envelheçam com dignidade”, finalizou Clarice.
A programação do mês Violeta continua com atividades e ações informativas em Teutônia. No dia 24 de junho haverá a Conferência Municipal da Assistência Social, às 13h, no Auditório do Sindicato dos Calçadistas. Denúncias podem ser feitas anonimamente ao CREAS (98577 0324), ao Conselho Municipal do Idoso, Disque 100, Direitos Humanos (190) e delegacia de Polícia Civil (3762-2955).
Confira a entrevista na íntegra: