
A CIC Teutônia sediou, na tarde desta terça-feira (8/7), a terceira edição do Fórum Coopop. Promovido pelo Grupo Popular, o evento reuniu lideranças empresariais, representantes de cooperativas, associações e instituições da região para discutir o impacto do cooperativismo e do associativismo no desenvolvimento das comunidades, tema central desta edição.
A programação reforçou o papel estratégico desses modelos colaborativos no fortalecimento do ambiente econômico e social. A edição deste ano apresentou uma proposta renovada, com duas palestras e dois cases inspiradores, refletindo a evolução contínua do Fórum Coopop.
Em fala que deu início aos painéis, o diretor do Grupo Popular, Lucas Leandro Brune, ressaltou a estrutura do evento, construída com base nas sugestões recebidas na avaliação do ano anterior. Reforçou ainda o apoio do conselho do Coopop, formado por representantes das organizações mantenedoras do programa. “Estamos em permanente transformação e queremos ouvir cada vez mais quem faz parte deste movimento”, destacou Brune.
Entre as autoridades presentes no Fórum estiveram o prefeito de Teutônia, Renato Airton Altmann, a reitora da Univates, Evania Schneider e o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e prefeito de Sério, Sidinei Moisés de Freitas.
Inteligência Artificial
Professor de Tecnologia da Informação da Univates e consultor em Inteligência Artificial (IA) aplicada aos negócios, Édson Ahlert apresentou a primeira palestra do Fórum Coopop. Segundo ele, as novas ferramentas digitais têm um potencial transformador ainda subestimado por grande parte das pessoas, mas capaz de gerar impactos reais e profundos.
“A IA auxilia desde o desenvolvimento de novas ideias, com sessões de brainstorming, até estratégias de divulgação de marcas e produtos. É possível criar um vídeo com um simples prompt e alcançar resultados impressionantes com pouca interação”, destacou. Conforme o especialista, a tecnologia tem o poder de revolucionar o mercado de trabalho em diversas frentes, inclusive no universo das cooperativas e associações.
Embora reconheça que o tema demanda atenção e espaço para o contraditório, Ahlert acredita que o principal efeito da IA, neste momento, é positivo. Ressalta que as ferramentas provêm da otimização do tempo, elevação da qualidade e estímulo à criatividade. “Coisas que antes levariam horas ou dias para serem feitas, hoje podem ser entregues em minutos com mais qualidade. As ferramentas de IA ampliam nossas capacidades e trazem benefícios concretos”, completou.

Édson Ahlert abordou a Inteligência Artificial na primeira palestra do evento / Crédito: Thiago Maurique
Exemplos associativos
Entre as duas palestras principais do 3º Fórum Coopop, dois cases ilustraram o impacto das associações no desenvolvimento regional. A Associação de Pequenas e Médias Empresas (Apeme), sediada em Garibaldi, foi representada pela presidente, Rosana Debiasi, e pela diretora-executiva, Caroline Vieira dos Santos. Elas apresentaram a trajetória da entidade, que há quase 30 anos apoia o empreendedorismo local, com foco especial em pequenos negócios e profissionais liberais.
De acordo com as dirigentes, a Apeme surgiu da percepção de que outras entidades empresariais da época priorizavam as grandes empresas, deixando de lado a realidade dos pequenos e médios negócios. Atualmente, reúne 1.016 associados de diversos setores, como comércio, serviços e indústria. A associação oferece estrutura física com auditório, salas de reunião e espaço de atendimento, permitindo que os associados utilizem a sede para atividades profissionais, inclusive como escritório.

Rosana Debiasi e Caroline Vieira dos Santos apresentaram case da Apeme / Crédito: Thiago Maurique
O segundo case da tarde evidenciou o trabalho da Associação Pró-Desenvolvimento de Languiru (APDL). Com apresentação do presidente da entidade, Rudimar Landmeier, e do coordenador administrativo, Darlan Mallmann, o painel abordou os desafios enfrentados na implementação de um sistema eficiente e sustentável de saneamento básico. A iniciativa, que ganhou força a partir da regulamentação da Lei de Saneamento, vem sendo conduzida com foco em gestão eficiente, economia para o consumidor e impacto ambiental positivo.
Landmeier ressaltou que o compromisso da APDL com o saneamento foi fortalecido após a adesão ao Comitê Taquari-Antas, que trata da preservação da água na região. A meta de modernização foi fixada em 2020 e deve ser concluída em cerca de 8 anos.
O dirigente foi enfático ao criticar a falta de prioridade histórica do poder público para com o tema. “Agora, a lei veio como uma lâmina: quem não se adequar, será cortado”, afirmou. Para ele, as soluções construídas hoje por associações e cooperativas serão fundamentais para as próximas gerações: “O valor que se paga agora é investimento”, concluiu.

Trabalho da APDL foi apresentado pelo presidente da entidade, Rudimar Landmeier, e o coordenador administrativo, Darlan Mallmann / Crédito: Thiago Maurique
Impacto econômico, social e ambiental
A palestra de encerramento do 3º Fórum Coopop foi apresentada por Paulo Cesar Soares, especialista em gestão e relações intercooperativas na Casa Cooperativa. Segundo ele, mais do que uma alternativa de negócio, o cooperativismo responde à demanda por valores e princípios em uma sociedade marcada pelo individualismo. “Vivemos um tempo em que as pessoas clamam por propósito, por união, e o cooperativismo entrega exatamente isso. Ele gera impacto econômico, social e ambiental positivo”, afirmou.
Soares ressaltou o reconhecimento internacional do movimento, lembrando que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025, pela segunda vez, como o Ano Internacional das Cooperativas. Ao longo de sua fala, fez um resgate histórico das origens do cooperativismo, ressaltando os desafios enfrentados pelos pioneiros. “Muitas vezes, achamos que nossos tempos são difíceis, mas os que vieram antes enfrentaram escassez, falta de estrutura e, mesmo assim, criaram algo grandioso. Essa história precisa ser lembrada”, disse.
O palestrante chamou a atenção para a urgência de fomentar iniciativas cooperativas em meio ao cenário atual de intolerância e fragmentação social. Para ele, há um risco de que ações coletivas sejam mal interpretadas ou politizadas. “Cooperativismo não é bandeira política, é incentivo ao empreendedorismo, à inclusão e à sustentabilidade. Está alinhado com os pilares do ESG e com o que o mundo precisa agora”, completou.

Palestra de Paulo Cesar Soares encerrou as atividades do 3º Fórum Coopop / Crédito: Thiago Maurique
Painel Coopop antecipou o debate
No Dia Internacional do Cooperativismo, o Grupo Popular de Comunicação realizou mais uma edição do Painel Coopop. O evento transmitido ao vivo na manhã de sábado (5/7) pela Rádio Popular reuniu lideranças de diferentes ramos do cooperativismo para discutir os impactos do setor na transformação das comunidades.
Com apresentação de Lucas Leandro Brune, o debate teve participação do presidente da Sicredi Ouro Branco RS/MG, Neori Ernani Abel, do vice-presidente da Certel, Daniel Luis Sechi, do presidente da Valelog, Adelar Steffler, do presidente do Conselho de Administração da Dália Alimentos, Gilberto Piccinini e do presidente da Fuvates, Carlos Cyrne.
Na abertura das discussões, Abel destacou o simbolismo da data e a visibilidade internacional do modelo cooperativo. Ele ressaltou o reconhecimento por parte da ONU como um modelo socioeconômico que transforma a realidade das comunidades nas quais está presente. “As cooperativas constroem um mundo melhor porque atuam com responsabilidade social, econômica e ambiental”, afirmou.
Sechi apresentou os investimentos da Certel no setor de energia e os benefícios provocados pelos aportes nas comunidades nas quais a cooperativa atua. Segundo ele, nos últimos anos, cerca de R$ 9 milhões foram investidos somente na energia trifásica em propriedades rurais. “Isso garante produtividade e incentiva o jovem a permanecer no campo”, destacou.
À frente da Valelog, Adelar Steffler defendeu as iniciativas de comunicação que destacam o impacto real das cooperativas nas comunidades. Cita como exemplo a escola de motoristas criada em 2020 pela cooperativa de transportes, que, além de qualificar os profissionais do setor, também serve de base para novas iniciativas. “Tudo o que temos ao nosso redor passou por um caminhão. Formamos motoristas, oferecemos bases de descanso e compartilhamos estruturas com outras cooperativas”, disse.
Gilberto Piccinini destacou as ações de inclusão da Dália, que vão desde a base até o mercado internacional. Segundo ele, além de iniciativas voltadas para jovens, mulheres e lideranças locais, a cooperativa também aposta nas exportações como ferramenta de qualificação. “Exportar exige padrões mais elevados, o que eleva também a qualidade no mercado interno”, alertou.
Carlos Cyrne trouxe uma reflexão sobre o papel da academia no incentivo ao modelo cooperativo. Lembra que as cooperativas não são como empresas que fecham a porta e vão embora na crise, devido ao compromisso com o território nos quais estão inseridas.
O professor também defendeu o ensino do cooperativismo nas universidades, lembrando que muitas lideranças foram formadas na Univates. “Reduzir desigualdades começa com educação. Esse é um papel que a universidade também assume com seriedade”, concluiu.