Rafael Amaro: “A arbitragem me ensinou sobre entrega, responsabilidade e respeito”

Um dos principais árbitros brasileiros no futsal participou do programa Bola na Trave

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Rafael Amaro tem crescido a cada na arbitragem - Crédito: Divulgação

Gratidão, disciplina e profissionalismo são palavras que definem a trajetória de Rafael Amaro na arbitragem esportiva. Reconhecido nas quadras do futsal gaúcho e brasileiro, Amaro carrega não apenas um apito e um par de cartões, mas um legado construído com humildade, estudo e respeito pelo esporte. 

O árbitro, natural de Gravataí, é hoje uma referência nas grandes competições estaduais e nacionais. Sua história com a arbitragem começou ainda na escola, quando ele preferia apitar os jogos dos colegas em vez de jogar. A veia de liderança e senso de responsabilidade já estavam ali.

Mas o pontapé oficial veio em 1999, em Cachoeirinha, quando, por acaso – ou, até mesmo, destino – assumiu o apito em jogos de horários em um ginásio da cidade. “O proprietário perguntou se eu conhecia alguém para apitar, e eu, num ato de coragem, disse que apitaria”, lembra.

Daquele momento em diante, com a conciliação de estudos em Educação Física e aulas de futsal, Rafael começou a trilhar um caminho duplo: apitava jogos amadores à noite e, em paralelo, buscava formação. Em 2004, concluiu o curso da Federação Gaúcha de Futebol de Salão. No ano seguinte, formou-se também pela Federação Catarinense, no campo.

A escolha pelo futsal

Mesmo com atuações no campo e na quadra, foi no futsal que Amaro encontrou sua vocação. A partir de 2012, passou a integrar o quadro nacional da Confederação Brasileira de Futsal e, naquele mesmo ano, estreou na Liga Nacional de Futsal (LNF), a mais importante competição da modalidade no país. Fez jogos por todo o Brasil e chegou ao ápice em 2021, com participação na final da LNF entre Magnus (Sorocaba, São Paulo) e Cascavel (Paraná).

Com o rompimento político entre a Liga Nacional e a Confederação, Amaro optou por seguir na LNF e passou a integrar a Liga Gaúcha de Futsal, na qual também se consolidou como um dos árbitros mais requisitados.

Referências

Entre os nomes que marcaram a caminhada, Amaro é grato a figuras como o professor João Carlos Dias, seu “padrinho na arbitragem”, e a Jair Roberto Welter “Pivi”, organizador e formador de árbitros no Vale do Taquari. “A gratidão é a lembrança do coração”, define, ao destacar a confiança e o acolhimento que sente ao ser chamado para jogos organizados pelo grupo da Pivi Arbitragem. “Não é só a questão financeira. É saber que você é bem tratado, reconhecido, respeitado. E isso faz toda a diferença para a tomada de decisão”, ressalta.

Ele reforça a importância de estar presente também em jogos “comuns”, não apenas nas decisões. “Fui eu que me ofereci para o Pivi. Afirmei que queria vir apitar na região, não apenas nas decisões de campeonatos. Quero vivenciar, fazer parte”, revela.

Hoje, Amaro é nome certo em finais da Supercopa, Série A e importantes competições regionais. É comum vê-lo escalado com nomes de alto nível das empresas de arbitragem.

O árbitro prefere não usar a palavra “ídolo”, mas lembra com carinho dos que o ajudaram no caminho. “Referência é diferente de ídolo. A gente precisa construir nossa própria história, mas sou grato por quem me estende a mão. João Carlos deu minha primeira calça branca de arbitragem. Isso não se esquece”, enaltece.

Profissionalismo e exigências

Mesmo sem ser reconhecida oficialmente como profissão, a arbitragem exige cada vez mais preparo técnico, físico e psicológico. “Temos que agir como profissionais. Se queremos estar nas grandes partidas, precisamos treinar, estudar, nos cuidar como tal”, enfatiza. Formado em Educação Física pela Ulbra e pós-graduado em Futebol e Futsal pela PUCRS, Amaro também comanda uma escolinha esportiva em Gravataí, onde ensina os valores que aprendeu com o esporte.

Ainda, Amaro é conhecido por sua organização. Tem uniformes separados para cada tipo de competição, leva sempre dois pares de cartões, dois apitos, roupas reservas e segue um ritual de verificação minuciosa pré-jogo. “Já esqueci o apito uma vez, em uma final de Cachoeira do Sul, e nunca mais repeti esse erro. A ansiedade prega peças, mas a experiência ensina”, recorda.

Ele também evita pensar em aposentadoria – prefere falar no legado. “Hoje sou eu, amanhã será outro. Mas, enquanto eu puder fazer parte disso, quero fazer bem-feito, e é isso que eu tento passar aos mais jovens”, almeja.

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