Fazenda Vilanova pressiona Estado para ampliar Ensino Médio

Secretaria Municipal improvisa para atender demanda crescente de estudantes

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Área cedida pelo município ao Estado - Crédito: Divulgação Fazenda Vilanova

O município de Fazenda Vilanova vive um paradoxo educacional. De um lado, a promessa oficial da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de ampliar a estrutura da Escola Estadual de Ensino Médio e incluir cursos técnicos. De outro, a realidade de salas improvisadas, ausência de biblioteca e banheiros próprios, e professores disputando espaço com alunos. Além disso, as salas de aula estão lotadas.

O pedido urgente, formalizado em ofício pelo prefeito Amarildo Luiz da Silva à Secretaria da Reconstrução, solicita recursos do Plano Rio Grande, via Funrigs, para construção de módulos administrativos, salas de aula, laboratórios, biblioteca, banheiros e cercamento. O documento tem tom de cobrança e lembra que, desde 2002, quando o município cedeu espaço ao Estado para implantação do Ensino Médio, pouca coisa foi feita.

O Estado fez muito pouco em relação à estrutura física. Agora chegou a hora. Se nada for feito, teremos que solicitar a devolução das salas cedidas lá atrás”, afirma o prefeito.

Fazenda Vilanova já vinha crescendo acima da média regional, mas os eventos climáticos de 2023 e 2024 aceleraram o processo. Cerca de 100 famílias migraram para o município, atraídas por habitação do programa Minha Casa Minha Vida e pela localização estratégica.
O impacto é direto: o Ensino Médio passou de uma média de 130 para cerca de 175 alunos, pressionando também o Ensino Fundamental, que agora enfrenta fila de espera por vagas, situação inédita até novembro de 2024.

Estrutura no limite

A diretora da Escola Estadual, Elvira Horst Alves, descreve um cenário de improvisos. A biblioteca funciona como sala de aula noturna para turmas de até 40 alunos. A sala de artes da Escola Municipal Edgar foi adaptada para abrigar o Ensino Médio. Professores e estudantes dividem banheiros com filas constantes. “A gente trabalha com o que tem, faz milagres. Mas não temos espaço adequado para a amostra científica, para laboratórios, nem para dar aula com qualidade em turmas lotadas”, relata Elvira.

Identidade escolar e autoestima

O secretário municipal de Educação e Cultura, Fabrício Meneguini, lembra que a escola ocupa terreno nobre no centro da cidade, com frente para duas avenidas, doado pelo município ao Estado – um espaço que permitiria uma estrutura completa e própria para o Ensino Médio. “Sempre buscamos dar identidade à escola. Ter estrutura exclusiva aumentaria a autoestima dos alunos e da comunidade”, defende Meneghini.

Expectativa e vigilância

Segundo a CRE, a ampliação será acompanhada da implantação de cursos técnicos, escolhidos a partir de consulta pública no site da prefeitura. A comunidade pode votar até o meio-dia de hoje. Enquanto isso, a administração municipal mantém o tom de urgência: se o Estado não agir rapidamente, o risco é de colapso no sistema local, já que tanto a rede estadual quanto a municipal estão à beira de saturação. Mais do que promessa, Fazenda Vilanova cobra ação, e deixa claro que a paciência de 23 anos já se esgotou.

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