O programa Empreendedoras em Ação desta semana teve a participação de duas empreendedoras, mãe e filha, para contar a história de quatro décadas da empresa Riole Noivas. A fundadora Lelia Sippel Schaefer comandou a empresa por 20 anos. A filha Berta Caroline Schaefer está à frente do negócio desde então.
Elas contam como tudo começou. O início humilde no porão da casa de Lelia, impulsionado pela paixão por costura e pela necessidade de sustento, até sua evolução para uma renomada loja de aluguel de trajes
A conversa traz a importância de trabalhar com amor e dedicação, o relato da transição geracional natural do negócio e os desafios e adaptações enfrentados ao longo das décadas, incluindo o impacto da tecnologia e a expansão dos serviços. Vamos entender como a empresa se tornou uma referência na realização de sonhos.
“Dedicação, disciplina, foco e muito amor fazem a diferença”
Como a Riole Noivas começou há 40 anos?
A fundadora conta que o início não foi planejado, foi acontecendo aos poucos. Ela já costurava desde os 16 anos e tinha experiência, inclusive tendo costurado um vestido de noiva em Porto Alegre em 1979. O impulso para a Riole Noivas surgiu quando uma noiva de Caxias a procurou perguntando se tinha vestidos de noiva, mesmo sem ter começado o negócio ainda. Surpresa, Lelia ligou para sua cunhada Ivete, com quem já conversava sobre ter um empreendimento. Juntas, decidiram fazer e confeccionaram três vestidos de noiva e três de aia para começar a loja.
Como foi o processo de transição da gestão da Lelia para a Berta?
A transição ocorreu de forma gradual. Berta cresceu dentro da loja desde os dois anos e meio. O processo acelerou quando a avó (mãe de Lelia) teve um problema de saúde, exigindo que Lelia se afastasse da loja por cerca de seis meses para cuidar dela. Durante esse período, Berta, que inicialmente estudava Relações Públicas, começou a ajudar mais e acabou pegando gosto e demonstrando jeito para atender os clientes. Lelia, por sua vez, sentia-se cansada e percebeu que Berta tinha condições de tocar o negócio. “Senti que este lugar não me pertence mais”, contou Lelia, que estava concluindo o Ensino Médio, realizando o sonho de estudar, que não fora possível na infância.
A decisão da transição oficial veio no final de 2004, quando Lelia disse: “Eu não quero mais, pode ficar”. A loja foi então oferecida às três irmãs, mas Berta demonstrou grande compromisso, dizendo: “Pois é, eu não tenho dinheiro, mas eu gostaria muito de ficar com a Riole e eu garanto que eu vou pagar centavo por centavo”. Lelia sentiu firmeza e decidiu sair, oferecendo apoio sempre que Berta precisasse.
Como o modelo de negócios se transformou ao longo dos anos?
O modelo de negócios da Riole passou por uma significativa transformação. Inicialmente, a fundadora era a responsável por toda a confecção dos vestidos. Ela fazia de tudo, incluindo roupas sociais, e gostava de criar modelos diferentes, cuidando de todas etapas, em especial o corte. Costurar era uma espécie de terapia e ocupava suas noites após as crianças dormirem. Lá no começo, a empreendedora percebeu a necessidade de diversificar, pois havia poucas lojas em Teutônia. Então, oferecia pilchas, loja de roupas e aluguéis.
A grande mudança ocorreu quando Berta assumiu a gestão. Embora fizesse reformas e ajustes, não tinha o mesmo nível de costura que sua mãe. Com o crescimento, a loja começou a focar mais na compra de vestidos prontos, buscando fornecedores em centros de compras em São Paulo.
Atualmente, a evolução tecnológica e a dinâmica do mercado continuam a moldar o negócio. Hoje, a Riole faz pedidos on-line e compras por vídeo, o que facilita a adaptação e a continuidade do negócio.
A demanda por aluguéis de noiva, 15 anos, formaturas e ternos também cresceu tanto que a empresa precisou encerrar a locação de pilchas e vestidos de prenda para focar nos segmentos principais. A constante necessidade de ter o “mais moderno” e as novas tendências de cores também impulsionam a compra e renovação constante do estoque.
Qual o principal aprendizado que desejam compartilhar com outros empreendedores?
Lelia e Berta concordam que o principal é trabalhar com amor, nunca visando apenas o lucro, pois o lucro virá através do carinho das pessoas. Berta enfatiza que seu trabalho visa realizar sonhos. No entanto, é crucial ter os pés no chão e disciplina, controlando tudo na ponta do lápis, pois hoje em dia não é possível tocar um negócio sem saber “o que entra, o que sai”. A paixão deve estar sempre presente, mas combinada com um forte controle e foco. Lelia finalizando dizendo que “dedicação, disciplina, foco e muito amor fazem a diferença”.
Comemoração dos 40 anos e conexão com os clientes
Para comemorar os 40 anos, a Riole focou nos clientes. A campanha “40 Mini Rioles” confeccionou 40 bonecas Mini Rioles com vestidos lindos e estas foram presente para as 40 primeiras locações fechadas a partir de 25 de julho, data oficial do aniversário. Cada Mini Riole vinha com um número que dava direito a desconto ou brinde.
Os 40 anos também despertaram para a necessidade de preservar e contar a história. Foi exposto o primeiro vestido de noiva costurado por Lélia em 1979 para a Susan Schneider, que doou o vestido. Também foi recuperada a primeira placa da loja. E a vitrine demonstrando peças que marcaram décadas.
Enquanto diferencial e conexão com os clientes, Berta destaca a necessidade de ouvir as noivas, entender o que elas desejam e imaginam e sempre respeitar o gosto de cada uma, pois “o vestido também te escolhe”.