O fim de semana (30 e 31/8) em Lajeado entrou para a história do projeto feminino do Baile de Munique. A equipe conquistou os títulos das categorias Sub-11, Sub-13 e Sub-15 da Copa Piá, competição tradicional do Vale do Taquari que chega à sua 36ª edição e é considerada a maior do Brasil em número de atletas e times participantes.
A conquista tripla coroa um trabalho e consolida o clube de Teutônia como referência no desenvolvimento do futebol feminino na região. Para o treinador Wellington Silva, a emoção foi ainda maior na categoria Sub-15, que carregava uma espécie de tabu.
“Foram 3 anos na trave, desde 2022. A Sub-15 sempre chegava, mas faltava o título. Desta vez, a vitória veio nos pênaltis, em uma final eletrizante, e tirou um peso enorme das minhas costas. Parece que saíram 100 quilos de mim”, destaca o técnico, ao lembrar que a equipe já havia perdido decisões anteriores para a UBF, de Venâncio Aires.
A categoria Sub-11, capitaneada pela jovem Kendrah, mostrou poder ofensivo avassalador: em 6 jogos, foram 65 gols marcados e apenas um sofrido, inclusive com goleadas de 17 a 0, 14 a 0 e 10 a 0.
O equilíbrio foi maior na final diante do Estrela Futuro, mas o time confirmou a superioridade. “A final foi mais pegada que os primeiros jogos, porque o adversário veio preparado. Mesmo assim, conseguimos impor nosso ritmo e vencemos por 5 a 0”, comenta Kendrah.
Na Sub-13, a decisão contra o Águias da Bola, de Arroio do Meio, foi marcada pelo nervosismo das jogadoras. “Estávamos um pouco tensas, mas entramos em campo para fazer o que treinamos. As adversárias jogaram muito bem, mas conseguimos cumprir o que o professor pedia e garantimos a vitória”, disse Maria Fernanda, capitã da equipe.
Já pela categoria Sub-15, a emoção tomou conta. O jogo terminou em 0 a 0 no tempo normal contra a qualificada equipe da UBF, de Venâncio Aires. Nos pênaltis, brilhou a estrela da goleira Samara, que defendeu duas cobranças. A capitã do elenco, Bianca, descreve a final como uma verdadeira batalha. “Foi um jogo pegado, com chances para os dois lados. Nos pênaltis, conseguimos nos consagrar campeãs, mesmo sem termos treinado as cobranças”, revela.
Tradição
A Copa Piá reúne entre 2.500 e 3 mil atletas todos os anos, em categorias que vão do Sub-5 ao Sub-14 no masculino e até o Sub-15 no feminino. O torneio envolve dezenas de escolas e clubes do Rio Grande do Sul e mobiliza municípios de todo o Vale do Taquari.
Para Wellington, trata-se de uma competição especial. “Foi onde conquistamos o primeiro título feminino em 2019. É um campeonato que exige muito planejamento, porque são vários fins de semana de jogos e, muitas vezes, abrimos mão de outros torneios para focar na Copa Piá”, explica.
Neste ano, a participação feminina foi uma das maiores da história, com aumento no número de equipes em todas as categorias. “Isso mostra que as escolas de futebol masculino também estão investindo no feminino, o que fortalece toda a modalidade”, completou.
O treinador destaca ainda a participação dos pais, considerada fundamental para o sucesso do projeto. “O maior apoio que as meninas recebem é da família. Muitos pais enfrentam estrada, chuva e frio depois de um dia inteiro de trabalho para levá-las aos treinos. Essa conquista também é deles”, reconhece.
Na decisão em Lajeado, os familiares organizaram uma festa com bandeiras, pompons e mensagens de incentivo. Além disso, o Baile de Munique promove encontros de integração, como o evento do Dia dos Pais, realizado recentemente, com jogos, churrasco e atividades entre atletas e responsáveis.
As próprias jogadoras fizeram questão de mandar abraços durante a entrevista, agradecendo aos pais e irmãos pelo incentivo constante. “Esse carinho faz diferença dentro e fora de quadra”, comentam.
Futuro
O ano ainda reserva grandes desafios. Em setembro, o Baile de Munique disputa a Copa Santa Cruz de Base nas categorias Sub-12, Sub-14 e Sub-16. Mais adiante, em dezembro, a equipe Sub-11 representará Teutônia na Copa Mundo, em Foz do Iguaçu (Paraná), uma das maiores competições de futsal de base da América do Sul.
“Essa viagem será uma experiência única. Vamos passar uma semana em imersão no futsal, enfrentaremos equipes de diferentes estados e até de fora do Brasil. É um passo importante na formação das meninas”, ressalta Wellington.
Com 14 títulos conquistados apenas em 2025, o Baile de Munique já superou os 11 troféus levantados em todo o ano passado. Mais que vitórias, os resultados reforçam a missão do clube, que se baseia em formar cidadãs através do esporte e consolidar o espaço do futebol feminino no Vale do Taquari.
“Queremos dar ao feminino a mesma valorização que o masculino já tem. Esses títulos mostram que as meninas têm talento e precisam de apoio. O futebol feminino é forte, educativo e merece respeito”, completa.