Temporal destelha CTG Porteira dos Pampas e ameaça projeto social que atende 80 crianças

Dançarinos perdem participação em rodeio e entidade depende de doações para reconstruir parte da estrutura e manter atividades

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Patroa Cásia analisa estrutura do telhado, que ruiu com tempestade na madrugada de segunda-feira (7/9) - Crédito: Anderson Lopes

O CTG Porteira dos Pampas, instituição de 38 anos localizada no Bairro Canabarro, amanheceu na segunda-feira (6/10) com um cenário de destruição. O forte temporal que atingiu a região no começo da noite de domingo arrancou uma parte significativa do telhado, destruindo completamente a cozinha, a copa e a churrasqueira.

A entidade, que mantém um importante trabalho filantrópico com 80 dançarinos, incluindo crianças a partir de 5 anos e idosos de até 75, agora enfrenta uma corrida contra o tempo para arrecadar recursos e reconstruir o espaço.

De acordo com a patroa do CTG, Cásia de Souza, o estrago foi descoberto na manhã de segunda-feira. “Foi uma surpresa para a gente. Logo que chegamos, já conseguimos identificar todo o estrago”, relata. Ela conta que, no sábado, uma ventania inicial já havia acendido um alerta, mas a proporção dos danos foi menor. “A parte da cozinha, copa, churrasqueira, perdemos praticamente tudo. Então, agora é um trabalho de formiguinha para reconstruir”, lamenta.

Impacto imediato

A situação já forçou o cancelamento da participação dos 80 dançarinos em um rodeio artístico em Encantado, marcado para o dia 18 de outubro. A verba que seria usada para a viagem agora será direcionada para a compra de materiais de construção. “A despesa que nós teríamos para levar as crianças hoje seria a entrada do material de construção que a gente pode comprar. Então esse evento já está descartado”, lamentou Cásia.

Outro evento futuro, um bingo beneficente marcado para 7 de novembro, também está sob avaliação, pois não se sabe se o espaço terá condições estruturais de recebê-lo. Sem recursos imediatos para iniciar a obra, o CTG Porteira dos Pampas aposta em campanhas de vaquinha on-line e eventos beneficentes.

Cásia ressalta que, embora a entidade tenha sido contemplada com uma emenda estadual, o recurso só estará disponível a partir de março de 2026, tornando o apoio da comunidade essencial para a sobrevivência do projeto no curto prazo. “As pessoas escutaram que recebemos uma emenda estadual. Sim, recebemos o documento, mas esse dinheiro só vai entrar em 2026 de fato. Nós precisamos para agora”, enfatiza.

Trabalho social e inclusivo

A relevância do Porteira dos Pampas vai além da preservação da cultura gaúcha. A entidade se destaca por um trabalho social enraizado. Desde abril de 2024, não cobra mensalidade de nenhum de seus 80 dançarinos, visando ser acessível a todas as classes sociais.

“Tem desde aquele que pode comprar lanche e tem os outros que não têm o que comer. Então a gente se preocupou com isso”, conta a patroa. Além das aulas de dança, o CTG oferece um lanche gratuito após os ensaios, viabilizado por doações de alimentos, especialmente de um grupo de zumba coordenado por Viviane Flores.

Outro pilar do trabalho é a inclusão. Hoje, cinco crianças autistas participam integralmente das atividades. “Aqui não tem discriminação e nem diferença. Eles estão aqui justamente para isso, para reforçar que são crianças normais como os outros”, afirmou a patroa.

Evento beneficente

Como parte das ações para levantar fundos, o CTG realizará um baile de casais beneficente, a ‘Noite das Massas’, no dia 6 de dezembro, no Grêmio Recreativo Canabarrense. O evento, que começa às 19h, terá a apresentação da banda Leandro Berlesi & Buena Parceria e terá diversas opções de massas. Toda a renda arrecadada será revertida para as obras de reconstrução. Os ingressos já estão à venda.

A comunidade que quiser contribuir pode doar através das vaquinhas on-line organizadas pelo CTG ou participar do evento beneficente no dia 6 de dezembro. A entidade, que possui 100 sócios ativos e realiza eventos mensais, apela à solidariedade para manter viva uma tradição de quase quatro décadas.

“Eu acredito no apoio da comunidade, acho que de mãos dadas a gente consegue reerguer. Essa entidade tem 38 anos de idade. São longas histórias, longas premiações. A gente não pode deixar isso acabar”, finalizou Cásia.

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