Maiquéli Josefiaki destaca legado de 32 anos da Maison

De trainee a diretora, empreendedora decidiu abandonar carreira de gerente para fazer a diferença no negócio da família

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Maiquéli Josefiaki / Crédito: Luciana Brune

A Maison Materiais de Construção em Teutônia completa 32 anos de história e se entrelaça com a trajetória pessoal e profissional da diretora e sócia Maiquéli Josefiaki. Ela compartilha os desafios da gestão de pessoas em um empreendimento familiar e a busca constante por inovação e crescimento, bem como a importância do voluntariado e do seu envolvimento comunitário através da CIC Teutônia. Também detalha sobre sua formação em Administração, a colaboração com os irmãos nas áreas de Engenharia e Arquitetura e a conciliação entre a carreira e a maternidade.

Família e sucessão

Naturais de Seberi, os pais de Maiquéli vieram para Teutônia em busca de trabalho. O pai, que iniciou como empregado, tinha o “DNA de empreender” e começou o negócio comprando um caminhão para fazer entregas de materiais. A mãe ajudava, recebendo as ligações e pedidos. Hoje, os três filhos do casal estão envolvidos no negócio: Maiquéli, Dieisom e Paulinho. Eles sempre gostaram muito de trabalhar, começando cedo. A divisão de áreas dentro da empresa aconteceu de forma orgânica, mas deu super certo. Dieisom formou-se em Arquitetura, Paulinho é engenheiro e Maiquéli é administradora.

Juntos, eles consideram que têm o “combo completo” de conhecimento dentro da empresa. A terceira geração já soma cinco crianças: Dieisom (três filhos), Maiquéli tem Lavínia (6) e Paulinho está prestes a ser pai. O desafio atual da família é fazer com que essa terceira geração queira dar continuidade e tocar o negócio. “Se a gente trabalha com amor, com vontade e carinho, eles também vão querer fazer parte disso”, acredita Maiquéli.

A carreira externa e a decisão de retorno à empresa da família

Desde cedo, Maiquéli tinha o desejo de crescer e evoluir. Aos 13 anos, assinou sua carteira e começou a trabalhar fora. Aos 18, ingressou na Certel e, com 21 ou 22 anos, já era trainee de gerente. Durante esse tempo, a empresa da família também crescia e a loja foi aberta. Sua mãe frequentemente a convidava para trabalhar na Maison. Maiquéli, no entanto, tinha o sonho de ser gerente e não queria abandoná-lo. Ela sentia que o convite deveria vir dos irmãos e do pai.

Após se tornar gerente de uma loja fora da cidade e começar a pensar em ter sua casa e ser mãe, ela avaliou que o trajeto diário seria difícil. Então, voltou a Teutônia para gerenciar outra loja por um ano, “quebrando o elo” com sua antiga carreira.

Nesse período, Maiquéli amadureceu a ideia: precisava ter algo dela, seja abrindo um negócio ou indo para a Maison. Decidiu que, se voltasse, seria para ficar e fazer a diferença. Ela estava acostumada a ser independente e precisava de liberdade para trazer suas ideias e se sentir valorizada na empresa da família.

O retorno ocorreu há 10 anos e foi encarado como o momento certo. Sua experiência em carreira externa foi muito importante e para os resultados da Maison.

Desafios da gestão e o equilíbrio entre família e negócios

Com quase 100 colaboradores entre a loja e a fábrica, a gestão de pessoas é um grande desafio. A empresa enfrenta dificuldades em encontrar profissionais capacitados que queiram trabalhar, segundo Maiquéli. Foi necessário evoluir e se adaptar, reduzindo a jornada de trabalho da fábrica de segunda a sábado para segunda a sexta para atender a cultura da equipe. A empresa valoriza muito a capacitação interna e o crescimento junto do colaborador, apoiando jovens e incentivando as conquistas pessoais. “Todo trabalho tem os seus desafios e a sua dedicação. Sempre tentamos fazer com que quem esteja com a gente queira ficar”, cita.

A família de Maiquéli se esforça para se encontrar fora do trabalho, pois entende que a união é crucial para o bem do negócio. Para manter a leveza no relacionamento familiar, eles estabeleceram uma regra: não falar sobre trabalho em reuniões familiares, como o almoço de domingo. Maiquéli afirma que trabalhar com vontade, paixão e amor faz com que a divisão entre a vida pessoal e a profissional não seja tão “territorial”.

Maternidade

Como empreendedora, Maiquéli sente um grande desafio na maternidade, pois se cobra muito. Ela quer se dedicar à filha e, ao mesmo tempo, não quer abandonar a empresa. Se permite ser mais leve agora, mas demorou para encontrar o equilíbrio. Ela chega cedo na Maison, porque quer estar presente. O marido e a rede de apoio foram essenciais, especialmente após o nascimento de Lavínia, que coincidiu com a doença de sua mãe e a pandemia.

Voluntariado

Maiquéli está à frente do Núcleo de Mulheres Empreendedoras da CIC Teutônia como coordenadora e faz parte da diretoria da CIC há 8 anos. Para ela, o voluntariado é, de certa forma, um compromisso. Ela e sua família sentem que, como Teutônia os acolheu e deu tanto, precisam dar algo em troca. “É sempre uma troca com as pessoas, a cidade e a região, e isso está presente no DNA da família e da empresa”, diz.

Maiquéli iniciou sua caminhada de voluntariado no Interact, braço juvenil do Rotary. Inicialmente, sua motivação era o desejo de ajudar as pessoas e querer estar nesse meio. No entanto, a experiência também serviu como um desafio e uma escola. Através do Rotary e da CIC, ela aprendeu e evoluiu muito. Essa jornada também lhe permitiu fazer muitos contatos e criar relacionamentos com pessoas queridas. Um ponto crucial para ela é a superação da dificuldade de falar em público. A essência do voluntariado é doar um pouco do tempo para a comunidade e as pessoas e, em troca receber conhecimento, fazer contatos e relacionamentos e unir forças para as diferentes demandas dos empresários.

Crescimento, inovação e expansão da empresa

A diretora explica que a Maison tem vários braços de negócio. Hoje, eles seguem o princípio de que, na maioria das empresas, primeiro se cresce e depois se organiza a casa. Por isso, a empresa está em constante movimento e construção. Há 5 anos, a família decidiu empreender na produção de bloco de concreto, um produto que estava em alta demanda, especialmente devido à formação dos irmãos. A fábrica, que deveria levar dois meses para produzir, estava funcionando em 15 dias. Eles começaram com uma máquina e, hoje, produzem com cinco. Segundo Maiquéli, a fábrica facilita a expansão.

Hoje, eles atendem Teutônia e região, além de Porto Alegre, Litoral e Serra, com uma filial de produção em Osório, aberta em dezembro do ano passado. Eles planejam iniciar as atividades em Porto Alegre até o fim deste ano. Apesar da expansão, o foco principal da Maison hoje é a loja em Teutônia, onde atendem os clientes. Maiquéli revela um grande projeto de ampliação e remodelação que triplicará o tamanho da loja, com o objetivo de oferecer um espaço mais aconchegante e mais produtos, atendendo melhor o cliente. “Aí entra o conhecimento de decoração, de arquitetura, isso permite que as pessoas tenham um suporte para as suas escolhas. Poder participar do sonho, ajudar a escolher um piso ou um acabamento que depois de tudo pronto o cliente vai amar”, aponta ela. A expectativa é que a mudança para o novo espaço ocorra até o fim de 2025.

Inovação e desafios modernos

Maiquéli defende que a modernização dificulta o atendimento humanizado, especialmente como o uso do WhatsApp, pois muitos clientes buscam apenas preço. Nesse sentido, a Maison tenta repassar aos clientes a importância da assistência e qualidade no acompanhamento da obra, e não apenas o preço final. A empresa está se adaptando à inovação, inclusive recebendo estudantes de escolas técnicas para mostrar os negócios da cidade e captar futuros colaboradores.

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