Curso nacional forma educadores para levar justiça climática à primeira infância

Em encontro final na Lagoa da Harmonia, coordenadoras destacam a importância do “desemparedamento” das crianças e da construção do pertencimento ao território

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Grupo de professoras estiveram durante toda a manhã no último dia do curso de formação em Educação Infantil Ambiental / Crédito: Anderson Lopes

Em um cenário de crescentes desafios climáticos, a educação surge como ferramenta fundamental para a construção de um futuro mais sustentável. E esse trabalho, segundo especialistas, deve começar desde os primeiros passos. É com essa missão que o curso de aperfeiçoamento “Educação Infantil Ambiental: Infâncias, Territórios e Horizontes em Trans/Formação” vem capacitando professores em todo o país.

Gratuito e oferecido pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com instituições como FURG, UFPel, UFSM e IFPE, a formação prepara educadores para promover justiça climática e práticas sustentáveis já na primeira infância.

No Rio Grande do Sul, um dos polos do curso é o município de Teutônia – 56 profissionais da rede municipal e nove de cidades vizinhas se reuniram para os encontros presenciais e tiveram o encerramento simbólico em um local especial, a Lagoa da Harmonia.

Sob a coordenação da tutora local Elaine Biondo e com apoio da Secretaria Municipal de Educação, a iniciativa busca fortalecer a formação docente para que o cuidado com o meio ambiente se torne parte do cotidiano das crianças.

A escolha de um ambiente externo para o último encontro não foi por acaso. De acordo com Narjara Mendes Garcia, coordenadora nacional do curso e professora da Universidade Federal do Rio Grande, a proposta é que os educadores vivenciem na prática o que devem incentivar em sala de aula.

“Para nós é muito importante esses espaços de saída de campo, porque incentivamos que as escolas façam isso com as crianças. Elas precisam ter oportunidade de contato com a natureza”, explica Narjara. “A ideia de fazer a formação aqui é para entender como se pode tornar isso uma prática pedagógica”, conclui.


Narjara Mendes Garcia abordou diferentes práticas pedagógicas a fim de inserir a natureza nas aulas da primeira infância / Crédito: Anderson Lopes

A coordenadora Elaine reforça que este é o aspecto mais inovador do curso. “Traz a educação ambiental, o desemparedamento das crianças para professores que cuidam dos nossos filhos todos os dias, dando ideias, trazendo inovações de como aproximar da natureza as nossas crianças e, por consequência, as famílias também”, afirma Elaine.

A também coordenadora Sara Mendes avalia toda a trajetória do curso, que começou em setembro, e expressa satisfação com o trabalho desenvolvido no polo de Teutônia. “Para mim, é uma alegria estar aqui outra vez. Saio encantada daqui do polo, do trabalho desenvolvido nesse olhar tão direcionado com a educação ambiental e tenho certeza que o trabalho que vem sendo feito vai gerar muitos frutos”, aponta ela.

Pertencimento e sensibilização

O curso vai além de ensinar sobre coleta seletiva ou reciclagem. Seu pilar central é a construção de um sentimento de pertencimento ao lugar e a sensibilização das crianças. “Quando trabalhamos com crianças bem pequenas, é mais o sentir, é a sensibilização”, detalha Narjara Garcia.

“A criança é natureza, então ela sente a partir do corpo. Às vezes, ela nem fala ainda, mas já sente o espaço, se conecta. As crianças estão desconectadas do espaço da natureza, muito mais em espaços de tela”, finaliza.

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