Do mito do talento à profissionalização: estudar é vital para empreender e inovar no mercado

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Crédito: Luciana Brune

Por meio da trajetória da especialista Denise Zen, fica evidente que ter um CNPJ não basta; a gestão financeira, a inovação em treinamento e a gestão de pessoas exigem aprendizado constante. Em um cenário econômico cada vez mais setorizado e exigente, a ideia romântica de que basta ter “jeito para o negócio” ou um sonho para ter sucesso está caindo por terra. Denise Zen, gestora da DZ Educação Corporativa, professora e mestra em Administração, destaca que o empreendedorismo moderno exige, acima de tudo, estudo e preparação.

Filha de pai comerciante e mãe professora, Denise une a vivência prática à teoria acadêmica. Segundo ela, embora o exemplo familiar seja influente, a crença de que é necessário ter dons natos para empreender é um mito: “Estudamos e treinamos isso e podemos modificar o perfil”, diz.

A diferença entre ter um negócio e empreender

Uma das principais distinções apontadas pela especialista é entre ser dono de um negócio e ser verdadeiramente um empreendedor. A facilidade de abrir um CNPJ, como uma MEI, cria a ilusão de empreendedorismo imediato, mas isso não garante a sustentabilidade da empresa. “Quem não é empreendedor vai ter que estudar para ser”, alerta Denise. Ela ressalta que, para os gaúchos e brasileiros em geral, que vivem momentos de reconstrução e crise, o desenvolvimento de novas competências tornou-se uma obrigação, seja por oportunidade ou necessidade. O mercado atual não permite mais amadorismo. “É necessário ser especialista desde o início”, afirma ela, que alerta contra a tentativa de “vender para todo mundo” sem ter braço ou especialização para entregar o prometido.

O gargalo da gestão financeira

A falta de estudo cobra um preço alto, muitas vezes levando ao fechamento precoce de empresas. Denise aponta que o principal fator de falência é a falta de gestão financeira, especificamente o erro clássico de misturar as finanças pessoais com as da empresa. “Os brasileiros acabam vivendo do negócio e aí mistura os caixas”, explica. A solução passa pela educação: antes de abrir uma empresa, é preciso se programar e buscar conhecimento. Denise cita que programas como o Jovem Aprendiz e instituições como Sebrae, Sesc e Senai oferecem oportunidades vitais para que jovens e adultos aprendam a separar a pessoa física da jurídica e a gerir recursos. “Não tem como gerir uma empresa com sucesso se você, enquanto pessoa, não sabe fazer a gestão das suas finanças”.

Inovar é preciso: a aprendizagem vivencial

Além da gestão tradicional, a inovação nas ações empreendedoras é fundamental para lidar com o capital humano, considerado o maior patrimônio de uma organização. A própria trajetória da empresa de Denise exemplifica essa busca por inovação: a DZ Educação Corporativa migrou de treinamentos tradicionais para a educação vivencial. A inovação reside em tirar as equipes da sala de aula e levá-las para a prática, muitas vezes ao ar livre. Denise compara a teoria à prática com uma receita de bolo: olhar no YouTube é fácil, mas na hora de fazer, pode desandar. Nos treinamentos vivenciais, que utilizam jogos e dinâmicas, as máscaras corporativas caem. “Eu saio, me desarmo”, descreve Denise sobre a mudança de comportamento dos colaboradores nesses ambientes. Essa abordagem permite identificar novos talentos, melhorar a comunicação assertiva e trabalhar a inteligência emocional, competências que nem sempre aparecem no dia a dia do escritório.

O desafio geracional e a atualização constante

Estudar para empreender também significa aprender a gerir pessoas em um mundo em transformação. As empresas hoje lidam com o desafio de integrar diversas gerações, desde o jovem aprendiz de 15 anos até o profissional de 80 anos. Para fazer essa engrenagem funcionar, o gestor precisa se atualizar. O modelo de liderança autoritária está obsoleto; o colaborador moderno busca bem-estar e uma cultura de pertencimento. Denise nota que treinamentos que funcionavam em 2023 já não servem para a realidade de 2024, exigindo uma abordagem mais acolhedora e personalizada.

A lição final: estudar sempre

Para quem deseja se manter relevante e inovar, a mensagem final de Denise Zen remete aos ensinamentos de seus avós: “estudar, estudar, estudar”. A inovação e o sucesso no empreendedorismo não são linhas de chegada, mas processos contínuos de aprendizado. Seja para entender as novas exigências de saúde mental no trabalho (como a NR1), seja para adaptar a comunicação entre gerações, a busca pelo conhecimento é a única constante segura.

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