Na calada do domingo, o município de Westfália transformou-se em um verdadeiro conto de luz e esperança. A caminhada das lanternas, ponto alto da programação do Lichtefest – Festa das Luzes e Tradições Westfalianas, reuniu centenas de pessoas em um percurso de 2,5 km pela Avenida Henrique Uebel, criando um espetáculo emocionante de fé e comunidade.
Sob um céu estrelado, famílias inteiras, crianças empolgadas e idosos com memórias afetivas nas mãos carregaram suas lanternas, formando um rio dourado e pulsante que fluía em direção ao centro da cidade. O silêncio era quebrado apenas por cantigas suaves e pelo som de passos uníssonos, em uma demonstração de paz que antecedeu a celebração.
O destino foi a praça central, transformada em um cenário natalino de tirar o fôlego, com uma iluminação que destacava cada detalhe da decoração. Ali, um momento histórico e profundamente simbólico aconteceu: padre e pastor lado a lado, liderando uma oração ecumênica. A imagem resumiu o espírito da noite: a luz da fé, que não conhece divisões, iluminando a todos igualmente, em um gesto de união e respeito que tocou profundamente os presentes.
“Ver nossa comunidade reunida, independente de sua denominação, sob a mesma luz e com o mesmo propósito, é a concretização do verdadeiro espírito natalino”, refletiu um organizador do evento após o momento de oração.

A celebração continuou com a força da tradição cultural. No palco montado na praça, um grupo folclórico apresentou a dança do sapato de pau (Holzschuhtanz), uma herança direta dos imigrantes alemães que fundaram a região. O som característico das madeiras batendo no chão ecoou como um tambor do passado, conectando gerações e arrancando aplausos de admiração. A performance foi um vibrante lembrete de que a luz que se celebra também é a que ilumina a memória e as raízes.
Para completar a experiência comunitária, uma feira de artesanato foi montada nas imediações, exibindo o talento manual dos artesãos locais. De ornamentos natalinos feitos à mão a peças que remetem à cultura westfaliana, cada barraca contava uma história. Era a oportunidade de levar para casa um pedaço daquela noite especial, um símbolo concreto do trabalho, da dedicação e da criatividade que sustentam a comunidade.

O prefeito César Juliano, acompanhado da vice-prefeita Simone Landmeier, circulou entre os populares, recebendo cumprimentos e compartilhando da alegria coletiva. “Esta caminhada vai muito além de um evento. É o retrato da nossa identidade: fé, família, tradição e acolhimento. Ver a praça lotada, as famílias unidas e a emoção estampada no rosto de todos é a maior recompensa”, afirmou o prefeito.
A primeira edição do Lichtefest cumpriu, assim, sua promessa. Mais do que acender lanternas, acendeu a chama da esperança, do pertencimento e da fraternidade. Provou que, em tempos muitas vezes incertos, a luz mais forte é aquela que se acende coletivamente, passo a passo, na simplicidade de uma caminhada, na reverência de uma oração compartilhada e no ritmo alegre de um sapato de pau que não deixa a tradição adormecer. Westfália, ao final da noite, não estava apenas iluminada por lâmpadas e velas, mas pelo calor humano de um Natal que, de fato, começou com amor e fé.


