O mês de setembro se aproxima e com ele vem uma ação importante – a campanha de prevenção ao suicídio -. Instituições já levantam essa bandeira, o Setembro Amarelo já se tornou um movimento que entra no calendário anual da Organização Mundial da Saúde. Baseado nela, o fotógrafo Marcelo Sá criou a exposição intitulada “Anomia”, para incentivar o debate público sobre o tema. A mostra estará disponível para visitação no Prédio 9 da Univates, gratuitamente, de 7 a 27 de setembro, de segunda a sexta, das 8h as 22h30, e nos sábados, das 8h as 12h.
A anomia é a de perda de identidade, provocada pelas intensas transformações ocorridas no mundo social moderno a partir do surgimento do capitalismo e da tomada da razão como forma de explicar o mundo, defende o artista. A modernidade, com seus intensos processos de mudança, não fornece novos valores que preencham os anteriores demolidos, ocasionando uma espécie de vazio de significado no cotidiano de muitos indivíduos. O conceito foi estabelecido por Émile Durkheim nas suas obras “Da divisão do trabalho social” e “O suicídio”.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) relatam que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. Além disso, o País ocupa o primeiro lugar quando a questão é a prevalência de casos de ansiedade. No Brasil, o Rio Grande do Sul lidera o ranking de Estados: 14% das mortes registradas são por suicídio, segundo o Ministério da Saúde.
A série fotográfica traz elementos visuais que remetem ao estado de anomia. As cores quentes e sombras são características da obra. O foco visual são os órgãos de sentido (mãos, boca, nariz, olhos e orelhas) que, segundo o fotógrafo, são as portas de entrada para nossa alma e mente.
A série ganhou repercussão nacional após a publicação em um editorial em uma grande revista e o uso da obra em trabalhos de pesquisa e extensão acadêmicas. “O intuito não é apenas alcançar pessoas com predisposição ao suicídio e fazer com que elas se sintam motivadas a falar sobre o assunto, mas também expor a temática a discussões e abordagens mais significativas. E, além disso, inspirar você que está do lado de fora do assunto a ter um olhar mais apurado e entender que as estatísticas em nosso mundo moderno são alarmantes”, completa Sá.