Elas aguentaram por muito tempo caladas. Das arquibancadas ouviram “e aí gatinha”, “oh gostosa”, “quer casar comigo?”, “oh lá em casa”. Agora elas decidiram falar. As mulheres repórteres do Grupo Popular da área de esporte decidiram falar sobre o “assédio” vindo de alguns torcedores no futebol amador.
O estopim foi um novo episódio registrado no domingo (13/11), durante a semifinal da Série A do Regional da Aslivata. A repórter ouviu manifestações desrespeitosas por parte de alguns torcedores e interpretou as palavras como “assédio sexual”. Infelizmente, ela não conseguiu identificar os autores, pois estavam em meio a um grupo maior de torcedores.
A partir do fato, outras colegas de reportagem também relataram ocasiões de constrangimento. Foram inúmeros momentos e elas ficavam caladas, pois ainda ouviam comentários “isso é assim mesmo” ou “melhor se acostumar”. Elas decidiram dar voz e volume a situações vividas por outras mulheres envolvidas no futebol amador: dirigentes, torcedoras, cozinheiras, mães, namoradas, irmãs e até integrantes de arbitragem.
A emissora informou a Aslivata dos acontecimentos e já manifestou-se no domingo após o jogo – no Paparicando a Gorduchinha 2º Tempo – e na segunda-feira no programa Bola na Trave. “Imaginamos que nenhum dos “torcedores” gostaria de ouvir estas e outras palavras dirigidas para uma mulher de sua família (namorada, esposa, mãe ou filha)”, reforça o diretor de Jornalismo, Lucas Leandro Brune.
As mulheres ocupam vários campos profissionais e merecem total respeito e incentivo. “Algo muito valorizado há anos no Grupo Popular, com inúmeras mulheres exercendo diferentes funções, inclusive no esporte”, reforça Brune.
Enviamos o manifesto com a sugestão para a Aslivata orientar as equipes e os torcedores a adotarem atitudes de respeito não só com os profissionais do Grupo Popular, mas a todas as mulheres no campo de jogo – inclusive da arbitragem. “Se queremos mais famílias nos campos, precisamos começar a respeitar as mulheres – genitoras de todos“, conclui o diretor.
A entidade organizadora prontamente emitiu uma Nota de Repúdio. “É lamentável que atos repugnantes como este ainda aconteçam. Expressamos nossa solidariedade e apoio à jornalista. Reafirmamos que o lugar de mulher é onde ela queira estar, se sinta bem e possa sempre exercer sua profissão com toda liberdade e seja respeitada. A Aslivata condena atitudes machistas e desrespeitosas ao trabalho jornalístico das mulheres ou de qualquer profissional envolvido nos jogos”, diz trecho da nota assinada pelo presidente Volnei Kochhann.