Encontro de Agroecologia do Vale do Taquari reúne dezenas de produtores orgânicos em Encantado 

Evento ocorreu nesta terça-feira (30/5).

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Créditos: Divulgação

Encantado recebeu, nesta terça-feira (30/5), o 7º Encontro de Agroecologia do Vale do Taquari. A atividade foi promovida pela Articulação em Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT), coletivo formado por uma série de entidades, incluindo a Emater/RS-Ascar. O encontro integrou a Semana Municipal da Agricultura Familiar de Encantado.

“A agroecologia não é um pacote pronto, ela é uma construção”, disse Daiana Castoldi, produtora de morangos orgânicos e uma das responsáveis por realizar um relato de experiência como agricultora agroecologista.

Virada de chave

Em sua manifestação, Daiana brincou sobre o fato de ela e o marido Edson serem “novatos” na produção de alimentos livres de agrotóxicos, já que faz pouco mais de dois anos que abandonaram uma carreira de estabilidade como concursados do Banco do Brasil para apostar no cultivo de frutas orgânicas.

“Quando a gente é criança, aprendemos que ser agricultor não é legal, que é penoso, difícil, complicado, e estamos aqui pra desmistificar isso”, pontuou a produtora. “Ser agricultor é ser pesquisador, é ser observador mundo, ser um eterno aprendiz”, filosofou. 

Para Daiana, a virada de chave veio em um momento em que foram visitar produtores convencionais de verduras em uma cidade da Serra, sendo impedidos de consumir os produtos na horta, pelo fato de o período de carência da aplicação de agroquímicos não ter sido vencido.

“A cena do meu filho não podendo sequer encostar nos alimentos foi muito triste”, recorda. Essa foi a deixa para que Daiana retornasse oficialmente para o campo, em uma propriedade rural da família, em Encantado, para investir em cultivos limpos. 

Relatos como os de Daiana costumam ser comuns em eventos de trocas de sementes crioulas, em encontros de Agroecologia e em outras atividades que visam promover alternativas de cultivos mais sustentáveis, com estimulo para a produção a partir de modelos de base agroecológica.

No encontro de terça-feira, outros produtores, como Santo Sfoglia, de Encantado, e Helena Weinzenmann, de Arroio do Meio, reforçaram o ideal de uma agricultura saudável, limpa e ambientalmente sustentável. “O nosso patrimônio, queira ou não, é a saúde, é importante preservá-la”, lembrou Sfoglia.

Ações

Como parte do evento, uma parcela das dezenas de entidades que integram a AAVT – atualmente são mais de vinte, além de secretarias municipais e sindicatos de trabalhadores – realizaram mostras e exposições com a finalidade de compartilhar saberes e estimular discussões sobre os temas.

No espaço da Emater/RS-Ascar, um painel com os letreiros “Você sabe o que está comendo?” conceituava alimentos ultraprocessados, processados e minimamente processados. De forma complementar, as extensionistas da instituição abordavam o uso de plantas bioativas, sua importância e seus princípios ativos. Todas essas ações dialogaram com o tema do encontro, que promovia “Alimentos sem agrotóxicos: Agroecologia é vida na saúde”.

Entre os palestrantes, o professor doutor Althen Teixeira da Universidade Federal de Pelotas abordou o tema “Agrotóxicos e seus efeitos sobre a vida”.

Na parte da tarde as discussões foram sobre contexto e tendências no uso de bioinsumos e sobre homeopatia, com relato de experiência do Organismo de Controle Social (OCS) Cultivar. “A intenção geral é propor debates e chamar a atenção para o tema”, explica o extensionista da Emater/RS-Ascar Marcos Schäfer. 

Além de agricultores, técnicos e representantes de entidades, o evento contou com a participação de lideranças, como o prefeito de Encantado, Jonas Calvi, o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Cristiano Laste, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Encantado, Gilberto Zanatta.

Créditos: Divulgação
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