Hospital Bruno Born realiza cirurgia inédita no Sul do país

Procedimento tecnológico exigiu treinamento médico e envolveu empresa dos Estados Unidos.

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Crédito: HBB / Divulgação

Uma equipe do Hospital Bruno Born (HBB), de Lajeado, realizou recentemente a primeira cirurgia de prótese reversa de ombro utilizando técnicas cirúrgicas de navegação computadorizada, realidade aumentada e print 3D (prototipagem) do Sul do Brasil. O procedimento foi executado pelo médico ortopedista Odon Filho, com auxílio do médico Cyrio Fortes.

A técnica é recém chegada no país, e usa um programa controlado por GPS para guiar a mão do cirurgião durante a implantação da prótese, o que oferece maior precisão em relação à cirurgia convencional.

Foram impressas em 3D as estruturas ósseas que receberam a prótese, o que permitiu que a mesma fosse colocada na posição mais adequada de acordo com a anatomia da paciente. Isso leva a um resultado pós-operatório melhor e aumenta o tempo de vida útil da prótese.

Conforme Filho, os benefícios da cirurgia navegada, quando comparados à técnica convencional, já foram comprovados cientificamente. “Reduz-se as complicações e evita novas cirurgias por problemas técnicos de colocação da prótese ou por afrouxamento precoce da mesma”, explica.

Metodologia

Para o especialista, apesar de a cirurgia efetivamente ter sido realizada no dia 5 de agosto, a preparação começou há cerca de um mês, quando o exame de tomografia computadorizada com reconstrução em 3D, realizado no Serviço de Radiologia do HBB, foi enviado pelo médico para a empresa Exactech, em Gainesville, Flórida, Estados Unidos. A mesma tem o sistema de navegação utilizado pela equipe, que é o primeiro e único desta modalidade existente no mundo.

“Lá o exame passou por um processo de aperfeiçoamento de imagens realizado por um programa específico. As imagens retornaram à nossa equipe, que fez o planejamento cirúrgico num novo software liberado pela Exactech. Depois, transferimos as imagens para um pen drive, que foi acoplado a um computador fabricado nos EUA e usado no dia da cirurgia. Assim, foi possível fazer a cirurgia com uma precisão rigorosa, como já havia sido planejada, com as mãos do cirurgião sendo guiadas em tempo real na tela do computador”, detalha o médico.

Foram também usadas duas novas tecnologias que agregaram mais precisão aos cortes ósseos: a realidade aumentada e a prototipagem com reprodução da anatomia óssea do ombro da paciente (escápula e úmero), nas formas virtual e real, através de confecção de guias de corte com impressão em 3D. Isso permitiu que o cirurgião chegasse no procedimento já tendo realizado o mesmo de forma virtual, acrescentando mais segurança à cirurgia e evitando complicações.

Este mesmo software possui um programa chamado “Predict Plus“, que é uma Inteligência Artificial que “prevê” com um grande grau de certeza como será o resultado da prótese em relação à melhora da função e alívio da dor.

“No caso da paciente em questão, uma mulher de 83 anos com diagnóstico de pseudoparalisia (ombro paralisado, sem qualquer mobilidade, e dor crônica severa) do ombro por lesão maciça dos tendões do Manguito Rotador e Artrose (desgaste) severa da articulação, o sistema previu que a paciente ficaria praticamente sem dor”, comemora Odon Filho.

“Quanto à mobilidade, o ganho será fantástico, pois ela não tinha movimento algum e passará a ter 128 graus na elevação anterior do ombro, 93 graus de abdução (elevação lateral), 45 graus de rotação externa e rotação interna ao nível da coluna lombar”, exemplifica.

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