Apesar dos alertas, enchente pegou a região de surpresa

Desafio futuro será trabalhar com mais assertividade na previsão, projeta secretário estadual

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Rio Taquari inundou várias cidades após o alto volume de chuvas // Crédito: Germano Gehlen/Divulgação

Os institutos de meteorologia indicavam um setembro chuvoso e alertavam para altos índices de precipitação pluviométrica para os primeiros dias deste mês. O volume de chuva se confirmou e a segunda-feira (4/9) já dava sinais de enchentes, a partir das leituras da precipitação nas cabeceiras e da elevação dos rios afluentes. Na bacia hidrográfica do Rio Taquari, os números iniciais assustavam em Ibiraiaras, Marau, Passo Fundo, Vacaria, entre outros.

O secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano, Carlos Rafael Mallmann, é ex-prefeito de Estrela e acompanha a situação a partir do Parque do Imigrante em Lajeado. Em entrevista ao Grupo Popular, ele reforçou a “cenário muito difícil, nunca vi coisa igual, do jeito que a água veio, do tamanho que veio. Embora todo o trabalho de monitoramento da Defesa Civil, dos alertas, pegou a região muito de surpresa”, avalia.

O surpreendente está na velocidade de subida do nível das águas. A partir de agora a prioridade é o resgate de pessoas ilhadas e há a contagem do número de mortes. Isto sem falar na contabilização de prejuízos. E há previsão de mais chuva para os próximos dias, o que já acende novo alerta.

O diretor do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), Rodrigo Ulrich, confirmou que na escola a marca da enchente ultrapassou a marca de 1941 e chegou em locais inimagináveis. “Temos uma marcação histórica e referência na região. Para nós, na escola, superou aquela marcação. E a água chegou a lugares que não tínhamos previsto. Isto tem sido um desafio para a cidade e para a região para a limpeza e o retorno das atividades”, salienta.

Ulrich também revelou o cenário de destruição em Roca Sales, onde o Ceat mantém unidade educacional. “Nossa escola lá sofreu algo que nunca na história se viu”, comentou.

A solidariedade da população regional é um ponto positivo neste momento, com roupas, alimentos e produtos de higiene sendo arrecadados nas cidades da região. Roca Sales, Muçum, Encantado, Colinas, Arroio do Meio, Estrela, Lajeado, Cruzeiro do Sul, Bom Retiro do Sul, Taquari, Trifunfo são cidades atingidas por margearem o Taquari. Muçum e Roca Sales concentram o maior número de mortes oficialmente divulgadas pelo Estado.

Mais assertividade para o futuro

“Um cenário muito triste. Agora é trabalhar para restabelecer a vida normal das pessoas o mais rápido possível. E a região, junto com Estado e a União, para construir soluções efetivas para trabalhar com mais assertividade e minimizar os impactos das enchentes na região”, destaca Rafael Mallmann.

As réguas de informação sobre o nível das águas em Muçum e Encantado pararam de fornecer informações na noite de segunda-feira e madrugada de terça-feira. Em Estrela, a última leitura do Sistema Geológico do Brasil foi das 6h45 da manhã de terça-feira (5/9). Depois disso, somente leituras manuais, a partir de réguas ou marcações no centro das cidades possibilitaram o acompanhamento do avanço das águas.

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