RS terá de recompor 3,2 milhões de hectares de solos agrícolas consolidados

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Crédito: Reprodução Correio do Povo

Rio Grande do Sul vai precisar intervir em cerca de 3 milhões de hectares de solos de áreas agrícolas consolidadas, com ações para recuperar sua fertilidade e estrutura. A necessidade de ações para criar condições para as culturas de inverno como trigo, cujo planejamento e atividades iniciais de preparo do solo já sofreram perdas devido às chuvas, é urgente.

A estimativa de perdas de solos empobrecidos por cheias ou deslizamentos foi apresentada pelo Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), na quinta-feira (23/5).

Conforme o diretor de Defesa Vegetal da Seapi, Ricardo Felicetti, o cálculo de 3,2 milhões de hectares foi feito a partir de estudos da Embrapa e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os detalhes serão apresentados pela Emater/S-Ascar a partir do trabalho a campo que está sendo feito pelos extensionistas para dimensionar as perdas reais de solo e lavouras.

Florestas plantadas
Conforme o diretor, o Estado já orienta para os cuidados com o solo por meio do programa de agricultura de baixo carbono. “Vamos ter de rever metas e procedimentos a partir dessa catástrofe, porque esse é um programa que vai contribuir e muito para a recuperação e a estabilidade da produção agrícola”, destaca.

Na quinta-feira, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva das Florestas Plantadas debateu o cenário atual. Integrante da Câmara Setorial das Florestas Plantadas do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Diogo Leuck afirmou que o setor florestal brasileiro pode ajudar o Rio Grande do Sul fornecendo casas de madeira aos atingidos pelas enchentes.

“Temos que agir rápido. Sugiro a criação de um comitê gestor para alinhar as ofertas do país com as demandas do Estado e também que seja criado um fundo para arrecadação de recursos”, propôs Diego Leuck.

Leuck ainda pediu esforços para a aprovação do Projeto de Lei 1366, que pretende desburocratizar o setor e mostrar sua importância para a sociedade. “Hoje temos uma demanda de 80 a 100 mil moradias a serem construídas”, pontuou.

O engenheiro florestal da Seapi Jackson Brilhante contou que já existe no Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) um projeto de pesquisa e produção de mudas nativas da Mata Atlântica, que pode contribuir para a reconstrução do Estado. “O projeto é executado pelo DDPA, em Santa Maria, no valor de R$ 810 mil, que serão aplicados na qualificação da oferta de sementes e mudas florestais nativas do bioma Mata Atlântica”, explicou.

Brilhante disse que, além de plantar mudas nativas, é preciso inovar, dando o exemplo aplicado na recuperação da área da Vale atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em 2016. Segundo o engenheiro, na área afetada foi feito plantio de mudas nativas com a técnica de indução de florescimento precoce – aplicação de hormônios para induzir o florescimento de espécies florestais de forma precoce e acelerar o processo de recuperação ambiental.

Fonte: Correio do Povo

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