O civismo como ferramenta para o caráter

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Crédito: Divulgação

O civismo é toda prática e dever fundamental para a vida coletiva, para a preservação da harmonia e bem-estar de todos. Estas atitudes são inseparáveis da ética e de ações norteadas por princípios. Para muitos brasileiros, valores inerentes ao civismo, como o respeito, ajudaram a moldar caráter e profissionalismo.

O professor e diretor da Escola Estadual de Ensino Fundamental (Eeef) Tancredo Neves, Ariberto Magedanz, explica: “Com certeza me ajudou muito. Eu tenho também uma caminhada pública, então sempre foi importante o respeito, o envolvimento”.

Para ele, muitas famílias hoje terceirizam esses princípios para as escolas. “Por isso precisamos de todas as formas fazer, pelo menos, o mínimo. As crianças devem saber respeitar e manter a boa convivência, de forma às coisas funcionarem”, atenta.

Saudosista, conta que, no passado, a manifestação cívica era realizada em grande parte pelos alunos e pelas escolas. Lembra dos momentos vividos enquanto jovem: “Quando eu estudava, era camisa branca, calça preta e fitinha amarela no ombro. Depois, era o uniforme da escola. Todos os alunos participavam”, cita.

Já atuando na Tancredo, conta que, no início, o Conselho de Pais e Mestres organizava eventos e o aniversário do educandário. “Era uma grande festa, mas veio de cima a ordem para parar. Hoje o CPM tem uma função bem limitada, inclusive a escola não pode mais organizar eventos para angariar fundos”, diz. Assim, aponta, os educandários deixaram de se envolver com essas questões, e a integração das escolas, característica da Semana da Pátria, foi se perdendo.

Cita que os últimos desfiles da cidade, há cerca de 10 anos, sempre eram realizados pelo Gomes, que possuía banda marcial. Mas a falta de banda marcial não impedia a participação de todos os alunos da Tancredo no evento. “Cada escola tinha sua mensagem, um tema, e explorava do seu jeito”, aponta. A nível de município, relata: há tempo não acontece mais.

Outra razão para o enfraquecimento dos desfiles, acredita, eram as campanhas políticas. Naquela época, os educandários tinham certa restrição em mostrar na rua aquilo pelo qual o país passava. “As crianças e os jovens são muito espontâneos, querem mostrar o que sentem. A comunidade nem sempre concordava”, rememora.

Hoje, em vez de desfiles no 7 de Setembro, há os da Semana Farroupilha, organizados pelos CTGs, e outros como a Parada Natalina, envolvendo as escolas do município.

Para o diretor, é uma lástima o fim dos desfiles com bandas marciais. “Infelizmente, se perdeu um pouco esse sentimento de civismo, de patriotismo, e a televisão tem culpa nisso, o celular tem culpa nisso. Hoje é tudo muito imediato. Os alunos pesquisam e na hora têm todos os dados; na época era diferente, tínhamos que buscar a informação, estudar. Exigia mais envolvimento”, pondera.

Hoje

Agora, durante a Semana da Pátria, a Tancredo promove um momento cívico a cada dia, quando as turmas apresentam algo sobre o assunto. “Para uma criança entender o que é a pátria é um pouco complicado. Eles não têm essa visão. Sempre dizemos que a nossa pátria é a escola. Tudo o que desejamos para a pátria, trazemos para o ambiente escolar: cumprir ordens, ser responsável, amigo, cordial. A ordem e progresso, conforme escrito na bandeira, mas de forma mais lúdica”, explica.

A mensagem é repassada ano após ano. “Dessa forma, cumprimos nossa missão na Semana da Pátria. É o mínimo que podemos fazer”, revela.

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