A Polícia Civil do Rio Grande do Sul desencadeou, na manhã desta sexta-feira (5/12), duas operações simultâneas — Dívida Ativa II e Crimes ABC — com foco em desmobilizar o eixo financeiro e operacional de uma célula da maior organização criminosa em atividade no Estado. As ações foram realizadas no âmbito da Renorcrim, rede nacional coordenada pelo Ministério da Justiça voltada ao enfrentamento a facções.
Cerca de 145 policiais civis participaram da ofensiva, que resultou no cumprimento de 29 mandados de prisão preventiva e 49 mandados de busca e apreensão em oito municípios da Região Metropolitana e do Vale do Sinos: Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom, Portão, São Sebastião do Caí, Taquara e Montenegro. Até o momento, 16 pessoas foram presas.
Além das prisões, foram cumpridas medidas patrimoniais que incluem o bloqueio de 39 contas bancárias usadas para movimentação ilícita de valores — totalizando mais de R$ 6,2 milhões — e apreensão de veículos de luxo ligados ao esquema. Algumas empresas também tiveram a atividade suspensa por suspeita de servirem como instrumento de lavagem de capitais.
Origem da investigação
A ofensiva decorre de uma investigação iniciada após a prisão, em janeiro de 2024, de um integrante apontado como liderança regional da facção. A partir desse caso, o Deic passou a atuar em duas frentes:
- Delegacia de Capturas (Decap): mapeamento da estrutura da organização, cadeia hierárquica e áreas de atuação;
- Delegacia de Lavagem de Dinheiro (DRLD-OC): rastreamento de movimentações financeiras incompatíveis, ocultação de patrimônio e uso de terceiros para mascarar bens ilícitos.
O cruzamento de informações permitiu identificar um sistema organizado de financiamento da atividade criminosa, alimentado por tráfico de drogas, extorsões e crimes violentos, com reinvestimento dos recursos em empresas, veículos e imóveis.
Impacto das operações
Segundo a Polícia Civil, as medidas representam um baque direto na capacidade de operação da célula, restringindo sua movimentação financeira e operacional. As prisões também miram lideranças e operadores financeiros responsáveis por gerenciar fluxo de dinheiro e logística criminosa.
O delegado Gabriel Casanova, titular da Decap, destacou que a prisão da liderança regional foi crucial para revelar outros integrantes e possibilitar a ofensiva desta quinta-feira. Já o delegado Max Otto Ritter, diretor da Draco, afirmou que o foco é “descapitalizar” a facção, impedindo que ativos ilícitos continuem sustentando suas operações.
O diretor do Deic, delegado João Paulo de Abreu, reforçou a importância da atuação conjunta com o Ministério Público e o Judiciário para o deferimento das medidas cautelares e patrimoniais.
As operações contam com apoio da Renorcrim, iniciativa da Secretaria Nacional de Segurança Pública que articula unidades especializadas de enfrentamento às organizações criminosas em todo o país.


