Sob o mote da Educação, 13º Seminário Sincovat reúne cerca de 700 pessoas em Lajeado

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Cerca de 700 pessoas participaram do Seminário

Quatro palestras, homenagens e apresentações culturais. As atrações do 13º Seminário Sincovat, realizado na sexta-feira (31/08) no Teatro da Univates, em Lajeado, engajaram uma plateia de cerca de 700 pessoas em torno do tema “A ação maior da educação é despertar valores internos”. O evento promovido pelo Sindicato dos Contadores e Técnicos em Contabilidade do Vale do Taquari (Sincovat) e Associação das Empresas de Serviços Contábeis do Vale do Taquari (Aescon) oportunizou a reflexão sobre humanismo, alimentação saudável, qualidade de vida e os desafios da educação de crianças e jovens para um futuro mais promissor.

A atividade foi prestigiada por lideranças regionais e do setor contábil, entre as quais o presidente da Aescon Claudir Kuhn; vice-presidente de Relações Institucionais do CRCRS Celso Luft; presidente do Sescon-RS Celio Levansdowski; e presidente da Federacon RS, Glicério Bergesch. Para a presidente do Sincovat, Cíntia Fortes, foi um dia dedicado ao conhecimento e à reflexão. “Que possamos ter um pensamento diferente e ser um provocador positivo do lado de fora, multiplicando as boas ideias e desejando realmente um mundo melhor”. O coordenador do Seminário, Rodrigo Kich, agradeceu ao público e a satisfação por mais essa edição do evento.

Em sintonia com o tema, a programação contou com participações especiais da Orquestra Jovem de Teutônia, grupo de ballet da Fundação Ângelo Bozetto e Orquestra Infantil Recanto Maestro. Em momento de homenagens, o profissional José Cláudio Buzatta recebeu a distinção “Contador Emérito Sincovat 2018”, como agradecimento do seu empenho à classe; e a Univates, que representada pelo vice-reitor Carlos Cyrne recebeu a láurea Contador Olívio Kolliver.

Explanações dos palestrantes

A correlação entre educação e alimentação como fator determinante para a qualidade de vida foi defendida pelo naturoterapeuta, biólogo e cientista alimentar Tiago Rocha na palestra que teve como mote os melhores e os piores alimentos do mundo. De forma direta e transitando entre o público, ele afirmou que a comida deve ser vista como um problema, pois age de forma sorrateira e pode desencadear uma série de doenças. “Não estou falando em alimentos que fazem mal, estou falando de alimentos que matam”, alertou. Com base em dados científicos, o profissional apontou o topo da pirâmide negativa: “Nenhuma droga no mundo é tão letal quanto o óleo de cozinha”. Na sequência vem batata frita, gordura hidrogenada, pipoca de micro-ondas, requeijão, margarina e sal de cozinha. Ele ainda destacou o impacto do açúcar refinado, o qual vicia mais que cocaína, heroína e crack. Por outro lado, há os alimentos bons, que devem ser consumidos com frequência, como banana, maçã, suco de uva, água de coco, pepino, ovo, sal do himalaia e babosa. Reiterando que a saúde é a maior riqueza do ser humano, ele finalizou: “As doenças eu deixo para os médicos e hospitais. E que eles façam um bom trabalho. Mas da saúde cuido eu”.

Ao listar os elementos para uma vida e mente mais saudável, o escritor e neurocientista Pedro Calabrez levou à plateia à reflexão. Afirmou que um dos mais importantes fatores do bem-estar humano é a qualidade das relações. “Nelas podemos construir o sentimento da confiança. É uma emoção que fortalece e permite que estejamos unidos”. Calabrez também sustentou que o corpo não está separado do cérebro e por isso as pessoas devem cuidar melhor de si praticando atividades físicas regulares, tendo alimentação saudável e qualidade do sono. Criticando manuais existenciais e livros que prometem o mapa da felicidade, observou o erro de confundir saúde com corpo sarado e a tendência de achar que uma vida mental saudável é sentir emoções positivas a maior parte do tempo. E advertiu: “Isso não é felicidade, é prazer e conforto. Uma vida feliz terá momentos de prazer e conforto, mas existem outros. É muito importante que você eduque seus filhos dizendo isso”. Por fim, ainda salientou questões como engajamento para equilibrar desafios e competências, a relevância de evitar a negatividade e não perder a consciência de valorizar as pessoas e saborear as conquistas.

“Educação sempre é a chave, em qualquer setor da vida”. Com essa afirmação, o sociólogo e mestre em Educação Renato Opertti deu início a sua abordagem intitulada “Valores, humanismo e oportunidades no centro da educação”. Segundo ele, o grande desafio dos professores atualmente está em formar crianças e adolescentes para um futuro que ainda não sabemos como será. Daí o questionamento: “Quais ferramentas vamos dar a essas crianças para enfrentar o mundo?”. Diante dessas transformações exponenciais, a que se ter consciência de que a disrupção é uma janela de oportunidades para repensar a educação e seus sistemas. Opertti descreveu o mundo como contraditório, onde frustração e esperança andam lado a lado e as pessoas vivem um ciclo permanente de estudo e trabalho. Assim, a chave dos bons sistemas educacionais está em perceber as crianças como seres especiais e descobrir o potencial de aprendizado de cada um, pensando o ensino de forma personalizada e preparando o indivíduo para ser criativo e receptivo às mudanças. Ao definir o educador como um articulador, ele sentenciou: “O aluno do futuro e do presente não é mais receptor de informações, é um produtor de conhecimentos”.

Com um resgate histórico e de vários países do mundo, a psicoterapeuta italiana e doutora em Filosofia, Margherita Carotenuto, fechou a programação de palestras do evento. Ela afirmou que o homem não é um produto casual da evolução, mas um projeto inconsciente capaz de incorporar valores por meio da educação. Para a palestrante, antes de decidir como educar um homem é preciso saber como ele realmente é.  Segundo Margherita, “a educação é indispensável porque homem se nasce, mas humano se torna através dela”. A realidade brasileira também foi abordada com elogios ao trabalho da base nacional comum curricular no Brasil, no sentido de buscar elementos como uma sociedade mais justa e voltada para a preservação da natureza. A profissional ainda citou questões negativas que influenciam, como assistencialismo, não dar o tempo ao indivíduo de desenvolver a sua capacidade de resolver os problemas, depressão e medo. Por fim, concluiu que existe “um projeto homem” e pediu que se estimule essa ideia. “Nas crianças isso apenas precisa ser facilitado, porque eles já nascem prontos para fazer o melhor, e nos adultos isso deve ser recuperado, compreendendo quem se é e o que pode fazer na sociedade em que vive”.

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