Concessão de área do cais garantirá atrações à beira do Guaíba a partir de março

634
Governador disse que o olhar sobre o cais é de longo prazo, para que a área possa ser tudo o que tem potencial de ser / Crédito da foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

Depois de mais de uma década, o desejo de ver o Porto de Porto Alegre como um ponto turístico e gastronômico está perto de se tornar realidade. Com a assinatura do contrato de concessão entre o governo do Estado e a Embarcadero Empreendimentos nesta terça-feira (5/1), o trecho compreendido entre a Usina do Gasômetro e o Armazém A7 se tornará um complexo de restaurantes, bares, parque náutico e espaços de entretenimento a ser inaugurado em março.

“O cais é um daqueles pontos que uma vez resolvido, sem dúvida nenhuma, vai gerar um sentimento e uma percepção em efeito cascata positivo para Porto Alegre e, como capital, para todo o Rio Grande do Sul. E o olhar que temos sobre ele é de longo prazo, de um projeto em que se consiga fazer os investimentos necessários para que a área possa ser tudo o que ela tem potencial de ser. No curto prazo, desenvolvemos as condições para esse contrato celebrado hoje e que vai viabilizar o projeto Embarcadero. O que significa entregar um trecho importante do cais para uso da população, para desenvolvimento de negócios, que vão gerar empregos e estabelecer a primeira relação da população com aquela área, ajudando a alavancar o projeto de longo prazo”, destacou o governador Eduardo Leite.

A partir do chamado termo de concessão de uso oneroso de imóvel, a Embarcadero poderá administrar a área de propriedade do Estado à beira do Guaíba durante os próximos 66 meses ou até que o futuro projeto para toda a área do cais seja concluído. Em compensação, pagará no mínimo R$ 400 mil por ano ao governo. Esse valor pode aumentar, já que o contrato prevê o repasse de 40% da receita decorrente das locações de espaços a terceiros para realização de shows e eventos.

Ao final dos cinco anos e meio de contrato, o Estado herdará os investimentos feitos em redes elétrica, de água e esgoto, de gás, segurança, iluminação e outras melhorias que somam R$ 3,2 milhões.

A assinatura da concessão só foi possível agora porque, após romper com a concessionária por descumprimento de contrato, o governo encaminhou pedido à União para retirada da poligonal portuário. O pedido foi atendido e, desde novembro, o terreno do cais passou a ser administrado somente pelo Estado.

A assinatura da concessão foi realizada no Palácio Piratini / Crédito da foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

“É um dia emblemático para o Rio Grande do Sul. Dois anos atrás, estávamos diante de um cenário que precisava ser revisado e, hoje, percebemos que tomamos uma decisão acertada, permitindo uma nova modelagem. Muito mais que fazer esse alinhamento histórico, devemos comemorar que mesmo num cenário atípico de pandemia temos empreendedores corajosos e que mantiveram o apetite por aquilo que é lógico para todos nós: um pôr do sol que aterrissa no Guaíba em uma orla que a sociedade precisa desfrutar e que merece ser melhor explorada”, afirmou o superintendente dos Portos RS, Fernando Estima.

Na cerimônia híbrida, a partir do Palácio Piratini com transmissão pelas redes sociais, também foi assinado o contrato de financiamento da empresa com o Badesul. Do total de R$ 7 milhões de investimento no projeto, a agência de fomento vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo financiou R$ 4 milhões por meio do Fundo Geral do Turismo (Fungetur).

“O Badesul se sente muito honrado em apoiar esse projeto de grande importância para o nosso Estado e que vai revitalizar uma área importantíssima, mas que está há 40 anos sem uso, além de ajudar a trazer desenvolvimento para Porto Alegre e todo o Estado, bem como gerar emprego e renda”, afirmou a presidente do banco, Jeanette Lontra.

Eugênio Correa, sócio do empreendimento, agradeceu pelo apoio do Badesul, o que garantiu que o projeto Embarcadero se tornasse ainda maior do que o planejado inicialmente.

“Em nome dos demais empreendedores, agradeço por termos a oportunidade de estarmos fazendo parte dessa história. Neste governo, o cais vai acontecer. Uma expectativa de muito tempo da população de Porto Alegre e de todo o Rio Grande do Sul, mas também dos turistas que querem usufruir mais da cidade”, afirmou Corrêa.

O Embarcadero é um empreendimento, em princípio, temporário. Durante a vigência do contrato, o governo planeja formatar um projeto mais amplo, de revitalização e exploração de toda a área do cais, incluindo outras atrações e também a conservação dos armazéns tombados como patrimônio histórico.

Para estruturar essa modelagem, o Estado deverá contar com a parceria e a expertise do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em contrato a ser oficializado nos próximos dias. O banco já deu início ao processo de seleção da consultoria que indicará, a partir de critérios técnicos, qual o melhor uso para a área às margens do Guaíba.

Também participaram da cerimônia o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior; os secretários de Planejamento, Governança e Gestão, Claudio Gastal, de Logística e Transportes, Juvir Costella, e de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rodrigo Lorenzoni; o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa; o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Lemos Dornelles; o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo; o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ernani Polo; além de outras lideranças políticas e empresariais.

Conheça o Embarcadero

O projeto consiste na implantação de um novo complexo de lazer e gastronomia em Porto Alegre, que contará com a reurbanização e revitalização do Armazém 7 do antigo porto junto ao Guaíba e que estava fechado há mais de 40 anos.

Projeto prevê reurbanização e revitalização do Armazém 7 do antigo porto, junto ao Guaíba / Crédito da foto: Divulgação Embarcadero

As intervenções serão feitas nos prédios e nas áreas externas, com a instalação de contêineres onde ficarão bares e restaurantes. Também haverá espaços para prática de esportes, área de lazer adulto e infantil, espaço para eventos, espaço temático (com um futuro aquário digital), prainha e lojas.

O Embarcadero terá ainda banheiros, bicicletário e 600 vagas para veículos. A expectativa dos empresários idealizadores do projeto é que o local receba por dia entre 5 mil e 7 mil pessoas, chegando a 15 mil nos fins de semana.

Diversas empresas já firmaram contratos de locação com a Embarcadero para prestação de serviços, e o empreendimento deve gerar em torno de 300 empregos diretos e 200 indiretos.

A obra iniciou-se em abril de 2019, e cerca de 15 operações (lojas e restaurantes) devem ser abertas em março, podendo chegar a 24. A área é de 19 mil metros quadrados e, com o estacionamento, chega a 40 mil metros quadrados. O estacionamento, ao lado do empreendimento, está em fase de licitação.

- publicidade -