Estudantes se preparam para um Enem atípico

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Este ano o ano será diferente e terá que seguir diversas regras para prevenção da Covid-19 / Crédito da foto: Agência Brasília

Milhões de estudantes em todo o Brasil se preparam para realizar a primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (17/1). Será a primeira prova da versão impressa do exame. No dia 24 de janeiro ocorre a segunda prova. E nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro ocorre a prova na versão digital. O Enem 2020 estava marcado para novembro do ano passado, mas devido à pandemia, foi remarcado para janeiro e fevereiro deste ano. Com o crescimento do número de casos de coronavírus mais uma vez, foram feitas mobilizações por um novo adiamento da prova. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a organização tem condições de realizar as provas. Ainda assim, a incerteza sobre a realização da prova seguiu durante a semana e paira até este domingo de realização.

Este será um Enem diferente de todos os outros. Afinal, a pandemia não acabou, e os casos voltaram a subir. Além disso, quase todos os alunos não tiveram aulas presenciais no ano passado, tendo que se adaptar de diversas formas ao ensino remoto, o que deve impactar o aprendizado.

Bruna Arrial Müller / Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Em meio a tantos percalços e incerteza, ainda assim, os estudantes se preparam para uma das provas mais importantes para quem está concluindo o Ensino Médio. Bruna Arrial Müller (18), formou-se na Escola Estadual de Ensino Médio Gomes Freire de Andrade, do Bairro Languiru, em Teutônia, em 2020. A jovem se diz bastante apreensiva com toda a situação, dada a forma com que foi o ano letivo e todas as medidas de prevenção que terão que ser tomadas. Sem as aulas presenciais, para se preparar melhor, optou também por fazer um curso pré-vestibular online. “Para ter acesso a mais conteúdos e mais atividades além das do ensino regular”, explica. Ela acredita que a prova será difícil, e exigirá toda a atenção. “Mas pretendo alcançar meu objetivo de conseguir uma vaga, independente da instituição”, conta. Bruna pretende usar a nota do Enem no Sistema de Seleção Unificado (Sisu), nas instituições de ensino da região, UFRGS, UFSM e UFPEL. “Para uma vaga no curso de Agronomia”, revela.

Camili Finger / Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Camili Finger (17), também é recém-formada do Ensino Médio pelo Gomes. A jovem diz que sempre há um nervosismo com a prova, situação que aumenta com a questão da pandemia, do adiamento e discussões de novas datas e dos cuidados necessários. “Mas lendo as instruções disponibilizadas pelo Inep e fazendo uma preparação psicológica pré prova acredito que estarei melhor preparada”, considera. O objetivo de Camili é fazer o melhor e sentir que todo esforço do ano valeu a pena. “Espero atingir uma boa nota e que o resultado não atrase para ser liberado, e o funcionamento dos sites do governo não dificultem o acesso”, deseja. Com a nota ela pretende ingressar em uma universidade pública, por meio do Sisu, mas ainda não decidiu qual instituição e curso fazer.

Thaiani Cardoso / Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Thaiani Cardoso (18), formada pela Escola Estadual de Ensino Médio Reynaldo Affonso Augustin, do Bairro Canabarro, considera que o Enem será muito diferente e haverá muita pressão sobre os candidatos, porque além da preocupação da prova, tem a com os protocolos de segurança. “Querendo ou não, causa um incomodo”, considera. Ela considera também que há muitas dúvidas sobre o funcionamento destas regras, que não foram esclarecidas nos editais. “Isso gera mais tensão”, complementa.

Ainda assim, ela espera ter um bom resultado. “Tentei me preparar da melhor forma possível com aquilo que consegui”, salienta. Ela acredita que o pensamento positivo agora ajuda. Além disso, tem em mente que se este ano não der certo, tem o ano que vem. “A gente é muito novo ainda, não precisa estar sempre dentro desse padrão capitalista de sair da escola e já ir para a faculdade”, avalia. Mas claro, ficaria feliz em passar e ir para a faculdade, pois é um sonho. “Estou acreditando nos meus resultados como estudante durante toda minha escolaridade. Sempre fui uma boa aluna, então espero que me saia bem”, reforça.

Thaiani pretendia usar a nota para ingressar em uma faculdade por meio do Sisu, Prouni ou Fies. Mas lembra que o Governo Federal abriu as inscrições do Poruni e Fies antes da prova do Enem, restando só o Sisu. “Isso me desmotivou muito porque tínhamos estas três opções, e neste ano não teve”, declara. Ela tem duas opções de curso, Relações Internacionais ou Relações Públicas, mas ainda não escolheu a instituição.

O impacto da suspensão de aulas presenciais

Em março de 2020 as aulas presenciais foram suspensas em todas as escolas do estado. Um retorno começou a acontecer no fim do ano, mas, ainda assim, com turmas bem menores e por curto período de tempo. A maior parte do ano letivo ocorreu por plataformas digitas, ou por meio de atividades encaminhadas aos estudantes. Bruna acredita que isso tudo vai influenciar nos resultados do Enem. “Adaptar às mudanças que ocorreram não foi fácil. Criar o hábito de aprender sozinho e ter a disciplina necessária para isso foi algo que acredito que todos os alunos tiveram que construir aos poucos”, opina. Porém, ela pondera que “aqueles que realmente estavam focados em alcançar o sonho de uma vaga na faculdade estarão preparados o melhor possível”.

Camili avalia que o ano letivo à distância interferiu na aprendizagem do conteúdo escolar. Porém, acredita que o Enem exige um estudo mais amplo e profundo. “Independente do EAD ou não, os estudantes que estão focados na prova do Enem precisam ir além do ensino oferecido pela escola”, defende. Assim, ela acredita que quem estudou para o Enem com foco durante 2020 não será afetado pela falta de aulas presenciais.

Thaiani também acredita que as aulas quase que completamente virtuais do ano passado vão ter um impacto negativo, sobretudo para alunos de baixa renda que têm menos acesso a conteúdos. Porém, pondera que Teutônia é uma cidade privilegiada porque as redes públicas tiveram acesso aos conteúdos virtuais, o que não ocorreu em outras cidades. “É triste ver essa exclusão social, porque o Enem é uma corrida e chegam os melhores estudantes para entrar na faculdade. Mas é triste ver que alguns estão correndo com o melhor treinador, enquanto os outros não tem acesso a nada, sem amparo”, exemplifica. Ela avalia que a pandemia mostrou ainda mais a desigualdade acentuada que existe. Considera ainda que o governo federal em vez de auxiliar, tirou as oportunidades de quem já tinha pouco. “Em vez de dar acesso às aulas a todos, isso foi tirado. Tinha protocolos para abrir empresas, comércios, tudo, mas para abrir escolas não tinha”, afirma. Lembra ainda do acesso via Prouni e Fies que também foi dificultado. “Parece que tudo conspirou contra aqueles que mais precisavam de ajuda”, pontua.

Ainda assim, espera não ter o desempenho tão afetado. “Tivemos um amparo melhor do que outros, mas não foi a mesma coisa do que o presencial”, reafirma.

Como foi a preparação

Independente de como foi o ano letivo, quem quer se sair bem no Enem precisou arrumar um jeito de se preparar. Bruna em focou em realizar as atividades escolares, tirar dúvidas com os professores e acompanhar o curso online pré-vestibular para relembrar os conteúdos dos outros anos do Ensino Médio. “Fiz muitas questões de todos os conteúdos e treinei muito a redação”, conta.

Camili optou por estudar com conteúdos online gratuitos a maior parte do ano, e leu muito para ampliar conhecimento e vocabulário. Na reta final, escolheu um curso online pago de preparação para o Enem. “Também cuidei muito da minha saúde física e mental para ter boas condições de me manter focada ao longo do ano e no período de provas”, complementa.

Thaiani afirma que tentou se preparar da melhor forma possível, continuando com os estudos mesmo quando as aulas presenciais cessaram e não havia certeza sobre a data do Enem. Segundo a jovem, o início foi complicado porque não sabia o que estudar. Para ajudar, usou uma plataforma de curso pré-vestibular online com mensalidade mais acessível. “É quase como uma aula online, e ainda não substitui o presencial, de tirar dúvida na hora”, destaca.

Regras para o Enem

  • Para se identificar, é preciso apresentar documento oficial com foto, como carteira de identidade ou de motorista;
  • Levar caneta de tinta preta fabricada em material transparente para preencher o cartão de respostas;
  • Ficar de olho no horário. Os portões abrem às 11h30 e fecham às 13h.
  • Antes de entrar na sala, o participante precisa guardar, em envelope porta-objetos, a Declaração de Comparecimento impressa, o telefone celular e quaisquer outros equipamentos eletrônicos desligados. Portar eletrônicos durante a prova pode eliminar o candidato;
  • Não é permitido usar óculos escuros, boné, viseira, gorro e portar itens como caneta de material não transparente, livros, anotações, calculadoras e equipamentos eletrônicos;
  • Em razão da Covid-19, os estudantes devem usar máscara durante o período de aplicação da prova. Elas podem ser retiradas apenas no momento de identificação pelo fiscal de provas, para que os candidatos bebam água e façam lanche.

Fonte: Governo Federal

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