Crescimento do número de professores com Covid-19 preocupa em Teutônia

2357
Crédito da foto: Max Fischer / Pexels

Muitas lideranças e, inclusive, profissionais de saúde já expressaram a convicção de que empresas e escolas não são os principais pontos de contaminação da Covid-19. Estes locais cumprem rígidas normas e protocolos, pois são orientados, monitorados e fiscalizados. No caso das escolas, por lidar com crianças, os cuidados são redobrados e olhar ainda mais preventivo.

Todavia, no momento mais crítico da pandemia, está autorizado o funcionamento da educação infantil e 1º e 2º anos do ensino fundamental. A necessidade dos pais terem onde deixar os filhos enquanto trabalham e a dificuldade de aulas online para este público são argumentos para embasar a decisão anunciada na semana passada pelo governador Eduardo Leite.

Na quinta-feira (25/2), quando anunciou a bandeira preta para todo o Estado e a suspensão da cogestão, Leite manteve a medida que permite o funcionamento das escolas nas turmas autorizadas. Como quase todos atos em torno da pandemia, este também é polêmico. De um lado, críticas pela exposição das crianças e, principalmente, dos professores. O principal questionamento apresentado por profissionais da Educação é: “Se durante quase todo ano passado foi possível ficar sem as aulas presenciais, por que agora, na situação mais tensa, esta é uma prioridade?” Também existe o clamor pela vacinação dos professores, já que ficam expostos a um ambiente com mais pessoas.

Do outro lado, a defesa de que as escolas estão preparadas e seguras, sendo mais recomendável acolher as crianças neste espaço do que como estava antes, em diversos locais informais, que acolhem mas aumentam a exposição e interação. Escolas particulares também enfrentam dificuldades em manter suas estruturas sem a entrada de recursos. Somado a isso, a preocupação com os prejuízos cognitivos e emocionais para as crianças pelo tempo de isolamento social.

A realidade é que professores estão com receio de encarar a sala de aula, mais ainda os que atuam com bebês, pelo contato físico inevitável, e gestores com dificuldades para organizar escalas de trabalho e garantir a segurança de todos, considerando afastamento de profissionais que integram o grupo de risco e também o grande número de afastamentos em função de suspeitas e confirmações da doença.

Mesmo preparadas para serem um espaço seguro, as escolas sentem os reflexos do que ocorre em toda sociedade. Com o vírus em circulação cada vez maior, os casos também chegam às instituições de ensino. A morte de uma professora de educação infantil registrada em Estrela no final de semana aumentou o medo entre os educadores.

A preocupação não é somente dos professores, mas também das famílias, receosas com a contaminação devido a aglomerações inevitáveis na escola infantil. Muitos pais já optaram por não enviar os filhos às escolas nos últimos dias.

Somado aos riscos já conhecidos, a pandemia mudou. Antes a preocupação era das crianças levarem o vírus até avós e pessoas com comorbidades. No momento em que temos jovens e adultos em idade produtiva, sem comorbidades, lutando pela sobrevivência em leitos de UTI, a tensão é ainda maior.

A coordenadora pedagógica da Educação Infantil em Teutônia, Andréia Luísa Luersen, acompanha de perto a situação nas 13 escolas de educação infantil (municipais e comunitárias) de Teutônia. A preocupação é imensa e a situação atual está muito mais crítica do que quando iniciou a pandemia.

“Percebemos, principalmente durante esta semana, que as famílias estão preocupadas e conscientes, pois quem tem onde deixar a criança está evitando trazê-la para a escola, diminuindo a circulação e aglomeração”, salienta.

“Outra compreensão muito importante é de que crianças com sintomas gripais fiquem em casa, sob orientação médica. Esta atitude faz com que cuidemos de nós e dos outros”, reforça a educadora.

Entre os desafios de quem está na coordenação e suporte às escolas estão os casos de afastamento por grupo de risco e, dia após dia, profissionais afastados com suspeita de Covid. Isso dificulta muito a organização por falta desses profissionais. Também a demora de testes rápidos prolonga ainda mais esta angústia.

Andréia pede o apoio e a compreensão das famílias. “A cada dia temos novas orientações. Num momento de incertezas, dependemos de decisões conjuntas e de outros setores para alinharmos algumas situações e isso, muitas vezes, causa insegurança em todos”, finaliza.

AULAS SUSPENSAS

O cenário da pandemia fez o Município de Teutônia suspender as aulas, inclusive Educação Infantil e anos de alfabetização (1º e 2º) da Educação Fundamental. A partir de segunda-feira, somente o ensino remoto (a distância) pode funcionar.

A medida é mais restritiva em relação ao decreto estadual. Todavia, é mais uma medida adotada para conter o avanço da contaminação, especialmente pelo número de professores afetados nos últimos dias.

CASOS SUSPEITOS E CONFIRMADOS

38 professores estão afastados nas escolas infantis

Em cálculo atualizado ontem (26/2), às 12 horas, estavam 38 professores afastados em 12 das 13 escolas de educação infantil. Destes, 10 profissionais já com exame positivo para coronavírus confirmado. Os demais 28, com sintomas ou suspeita e aguardando resultado de exame.

Apenas uma das 13 escolas infantis estava sem professor afastado. Seis das 13 escolas estão com professores afastados que já tiveram resultado de exame positivo para Covid-19.

A coordenadora Andréia Luersen explica que em caso de qualquer sintoma ou de contato com alguém infectado, os professores são aconselhados a imediatamente se afastarem da escola e realizarem o teste, assim que possível de acordo com o provável período de contágio.

Assim como em outros espaços da sociedade, as suspeitas e casos aumentaram nos últimos dias. Desde o retorno das atividades neste ano de 2021, a soma total de casos confirmados está em 19. Percebe-se assim que mais da metade deles estão ativos neste momento.

Os afastamentos preventivos e efetivos de professores desde janeiro somam 54. Tanto nos casos confirmados, que precisam cumprir o período de isolamento, como nos casos suspeitos que não se confirmam, mas precisam aguardar o resultado do exame realizado, o período aproximado é de 15 dias de afastamento por profissional.

- publicidade -