Paróquia de Daltro Filho resgata antigo modo de evangelizar

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Crédito da foto: Divulgação

Assim como todos os setores, as igrejas também foram impactadas pela pandemia, especialmente com a impossibilidade de realizar pregações presenciais em vários momentos ao longo dos últimos 12 meses.

Essencial para o alimento da fé, a reza pode ser realizada de forma individual, mas é perceptível que as comunidades sofrem diante da impossibilidade de se reunirem em grupos para rezar.

Os cuidados necessários para preservação da saúde, evitando aglomerações, dificultam a realização da maioria das atividades antes exercidas nas comunidades.

Mesmo com a liberação de algumas possibilidades, nas paróquias de pequenas cidades isso é ainda mais significativo, pois muitos dos fiéis são idosos e, portanto, estão no grupo de risco.

Diante desta realidade surgiram iniciativas para manter o povo unido e animado como comunidade de fé. Na busca da reinvenção, percebe-se que o uso das tecnologias para chegar às residências com as pregações têm tido êxito em várias localidades.

No Bairro Daltro Filho, em Imigrante, uma experiência diferente foi adotada logo no início da pandemia, em março de 2020. O frei Inácio Dellazari, pároco da Paróquia S. João Batista, explica que as atividades iniciaram logo quando foram suspensas as celebrações presenciais.

Frei realiza pregação através do som pela torre da igreja / Crédito da foto: Divulgação

Após um ano, a Oração da Ave-Maria na torre da Igreja São João Batista segue unindo a comunidade local e chamando atenção das pessoas que passam em frente ao Convento São Boa Ventura ao final da tarde, por volta das 17h20.

Um clima diferente se instala, com canções sacras que se escuta de longe, vindas da torre da Igreja Matriz. O frei explica que é o resgate de um antigo costume de “tempos idos” na evangelização: usar o som da torre da igreja para se comunicar com os fiéis.

O momento é diário e dura em torno de meia hora. A hora da Ave-Maria inicia com músicas que preparam o ambiente para oração. Depois de mais ou menos 15 minutos, o frei inicia com a “Oração do Angelus” seguida da “Proclamação do Evangelho do dia”.

Ao final, uma pequena reflexão, muitas vezes ligando com a mística e espiritualidade franciscana. Termina com a bênção de S. Francisco de Assis e desejando a Paz e o Bem.

Segundo Frei Inácio, ele já agregou experiência em rádio quando esteve na missão em Roraima. Agora, adaptou a experiência para esta comunicação mais direta. A avaliação após um ano de trabalho é muito positiva. “As famílias estranham e reclamam quando, por algum motivo, não acontece”, explica.

Em tempos de muitas ações criativas através das redes sociais, esta estratégia de usar as cornetas da torre da igreja permite que boa parte das pessoas idosas, que não têm tanta intimidade com os aparelhos eletrônicos, também possam acompanhar as celebrações.

O frei ressalta a importância da ação coletiva, da reflexão e da fé no momento atual e deixa a seguinte mensagem: “Neste momento muitos perguntam sobre o sentido da vida, o que é supérfluo e o que é importante. O que fica e o que é passageiro. O Papa Francisco usa a expressão Casa Comum para designar o nome de nosso planeta a partir de uma perspectiva ecológica. Vivemos na mesma casa, andamos no mesmo barco. Ou sejamos todos responsáveis, solidários no cuidado e proteção da vida ou afundamos juntos. A humanidade está fazendo uma experiência de superação do individualismo e de dar as mãos uns aos outros. É tempo de acordar para a vida.”

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